Marcelo Rezende e redução da maioridade penal*

Marcelo Rezende, jornalista da rede Record, em entrevista à Folha Universal, defende a diminuição da maioridade penal. Além disto, em sua entrevista afirma que o ex-presidente Lula teria pedido para o programa sair do ar pelas críticas que recebeu do apresentador. Diz, também, que o jornalismo do programa apresentado por ele incomoda por mostrar a ineficiência da administração pública. A declaração do jornalista em relação ao ex-presidente Lula não é novidade. A defesa do jornalismo criminal é natural, porque é o ganha-pão do apresentador. Destoa, no entanto, a defesa da redução da maioridade penal. O programa de Marcelo Rezende, sensacionalista ou não, possui importância para um estudo sociológico. Desde a emissora que o veicula e os crimes de que trata revelam a parte da população a que se destina. E mais, pergunto, qual o tipo de influência quer causar, além de estremecer os pilares públicos em relação ao quesito segurança? A resposta não é difícil. E ainda, o mesmo jornal, talvez por coincidência, jacta-se por socorrer um jovem baleado que adentrou em uma das inúmeras unidades “de portas abertas” no país. A defesa da diminuição da maioridade penal talvez seja o último elo de uma longa cadeia com que deveria estar preocupado o jornalista. O discurso dos defensores da redução da maioridade penal fazem supor que a criança já nasça com uma arma na mão e recém-nascido sequestre a maternidade. Além de preconceituoso, não resolve o problema brasileiro. Todos os homens nascem iguais, essa é uma prerrogativa verdadeira. E é uma pena que não permaneça assim ao longo da vida do indivíduo. E as potenciais vítimas da política da redução da maioridade penal são os próprios espectadores do programa do apresentador da Record, Marcelo Rezende. Se já não o são as inúmeras mães dos meliantes  ou os próprios criminosos - troféus para a polícia -, que transformados em ícones da maldade, beneficiam-se mais da exposição recebida no programa do que da reprovação angariada por ele. A exibição do criminoso reforça seu caráter de periculosidade não apenas junto a população;acaba por transformá-lo em um modelo acabado diante de seus companheiros de crime, aumentando seu poder coercitivo. A militância da inteligência do país deveria repousar sobre a bandeira da educação, sobre a estruturação da nova família e o acesso aos bens impessoais. Necessitamos de redistribuição de renda e de capital cultural. O jornalista Marcelo Rezende possui motivos para sua atitude. Não é gratuita. Tenho motivos também para posicionar-me ao lado dele por ter sido vitimado em minha família por ações infames. No entanto, os homens que mataram meus irmãos e meu sobrinho já tinham sofrido a pena capital – a pobreza extrema, a exclusão social, deficiência familiar. É uma guerra entre zumbis. Quem terá a coragem para reumanizá-los? Um forte abraço, Marcelo Rezende.

* Eu leio todos os jornais a que tenho acesso.

Comentários

Unknown disse…
Que ele tenha a grandeza em responder.

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