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Mostrando postagens de janeiro, 2012

497 Expresso Lapa

O 497 faz o trajeto Penha – Cosme Velho. Corta a maior parte dos subúrbios da Zona da Leopoldina. Não carrega apenas os trabalhadores pendulares, em seu deslocamento diários de casa/trabalho/trabalho/casa. Nas noites de quinta a domingo, reserva lugar no que transporta para o amor. Não apenas os jovens que escolhem a Lapa como ponto de encontro para diversão e azaração. Há um público muito mais maduro que também se enfileira. E divide o território com os mais novos. Todos atravessam a catraca do coletivo. Confiantes, elegantes, vestidos com apuro. Mas com um papo diferente sobre o destino que decifrarão em breve, sobre a região alvo e palco de sua jornada. Pouco tem em comum suas memórias e as dos mais jovens, pontuando que o bairro em comum que têm como destino, mudou. Os jovens se intrometem na conversa. E, na apuração que fazem sobre a interseção de suas lembranças, percebe-se, talvez, que muito do que o público mais velho carrega é o que se insinua nos rostos dos mais novos. O públ

Internacionalização

A revista Sexy picotada sobre a mesa. Vários cartões postais da cidade do Rio de Janeiro acompanhando os recortes. A montagem se dá por mãos hábeis, americanas, que descrevem a cidade como um paraíso para o pecado. Para a internacionalização do pênis. Insistem que este é o único tipo de turismo que interessa nos países de terceiro mundo. Ou, como queiram, países em desenvolvimento. Acertam um par de seios cortados por um canivete multiuso; é o Sol encimando o Pão de Açúcar. Oswaldo de Andrade já havia se referido ao morro como um seio que o céu suga. Portanto, a erotização da paisagem não é novidade nenhuma. Se não fossem americanos comuns, trabalhadores braçais que tem sorte com sua moeda levando vantagem na balança comercial, talvez fossem tomados por artistas plásticos irreverentes. Tratam de colar parte do corpo de Ana Saad em um postal de Copacabana, como se as nuvens e todo o céu contidos naquela nesga de carne flutuante testemunhassem uma conquista. Rabiscam algumas palavras aca

Max Gehringer Genérico de Minha Consciência

O empregado comum percebe um soldo de 01 (um) ou 02 (dois) salários acompanhado de benefício que pode ser o vale – transporte ou o ticket – refeição. Ambos com o custo dividido, constado em folha de pagamento, com o patrão. São benefícios válidos para o trabalhador mais pobre e o auxilia a suprir neste intervalo em que se encontra empregado as necessidades mais urgentes e ligadas à preservação do próprio emprego: estar alimentado para não cair doente e chegar no horário correto. Isto significa: não dar prejuízos à empresa e aumentar o seu lucro. Na lógica capitalista isto é o correto: uns detém a força de trabalho e outros o meio de produção. Alguns setores remuneram melhor. Não que seja uma medida que os coloque acima das exigências do mercado, isto está fora de cogitação. É porque envolvem mais responsabilidades, mais riscos, interferindo diretamente sobre a vida da empresa, em sua percepção de valores. Não é generosidade, é necessidade. Porque o empregado bem remunerado diminui o ri

Em Nome do Pai?

Durante a reunião com a vereadora Rosa Fernandes, que discorria sobre o projeto Bairro Maravilha, estendido até Pavuna, sobre os impactos da ação da Prefeitura na região, de suas intervenções na fiscalização das obras realizadas nas adjacências, frisando que sua obrigação em mandato como vereadora era esta – estar nas ruas, fiscalizar e cobrar resultados de políticas localizadas. O assunto resvalou para a Lona Cultural Jovelina Pérola Negra. A reunião desencadeou uma série de perguntas, respondidas com máxima sinceridade pela vereadora. E, talvez a mais séria delas, partiu de uma moradora que queria saber quem era o pai da criança, quando inquiriu: “- Foi você, Rosa, quem trouxe à Lona?” A vereadora Rosa Fernandes munida com a franqueza que lhe é característica, não titubeou e deu resposta correta ao questionamento, esclarecendo que a Lona era requisição de um grupo na Pavuna – subentenda-se Grupo Cultural Na Pavuna : Marko Andrade, Namay Mendes e Mariel Reis - juntamente com a ex- Sec

Abrindo os trabalhos

Abaixo parte de minha correspondência com minha esposa em 2009. Nesse ano pensei em pedir demissão. Procurei amadurecer a idéia e levei três anos. Realizei vídeos sobre o que está descrito abaixo para documentar minha trajetória. Agora tudo está terminado e bola para frente. Novo trabalho, nova esperança. Um bom ano a todos. "Estou cansado de tudo isso, porque não crescerei para lado nenhum nessa joça. Faço o meu trabalho de escrituração fiscal, de organização do movimento contábil, de conferência e cálculo de impostos, consultor contábil - porque quando se tem dúvidas nos escritórios, sou consultado, office-boy, embalador de obras, carregador de obras - tanto para a própria firma como para outros que prestam serviço para nós e não trazem ajudantes e neste caso não recebendo tostão por isso, revisor de textos – desde as cartas aos contratos utilizados na rotina da firma e a resposta de e-mails, diagramador - quando tenho que acertar as imagens de projetos pessoais nos quais H está