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Mostrando postagens de 2008

Novidades - Revista Aliás

Prezados Leitores, Colaboro, a partir desta data, com a Revista Aliás. Hospedada em : http://www.aliasrevista.net/ . Podem visitar a vontade, prestigiando este novo espaço capitaneado por Elaine Pauvolid , artista multifacetada e alma sensível que percorre os espaços criativos dessa nossa metrópole. Tenho uma coluna que será atualizada com contos bimestralmente. Abraços

Sobre Este Futuro Tão Próximo...

Durante um período, decidi não atualizar este blogue. O motivo é simples: não tinha digerido os últimos acontecimentos, porque se sucederam muito rapidamente sem chance de reflexão imediata. Portanto, este silêncio me ajudou a revelar as ações que me têm ocorrido como gentis em sua natureza quase sempre adversa às minhas observações tanto neste blogue quanto fora dele. Cedi à gentileza neste tempo. É difícil, reconheço, talvez o espírito de Natal tenha influenciado diretamente nesta minha atitude. Quero dizer, perdoei. Tanto as minhas faltas quantos as dos outros. Exercício com um grau de dificuldade enorme, porque se trata de um desdobrar-se no outro: coisa que eu faço pouco, praticando exílios vencidos pela apatia, pelo desinteresse ou simplesmente pelo descaso. Mandei às favas. O lançamento do meu livro foi ótimo, repleto de amigos e com uma venda expressiva em se tratando de um estreante, porque sempre me considero um escritor deste porte: novato a cada livro. Batido, mas verdadeir

De Marcelo Moutinho no Blogue Pentimento

John Fante trabalha no Esquimó Escrito em 02 de dezembro de 2008 Li ontem, de uma sentada, John Fante trabalha no Esquimó (Calibán), o novo livro do Mariel Reis. A obra é, sem dúvida, um passo à frente no trabalho que o autor vem realizando nos últimos anos. Em primeiro lugar, porque ele resolveu os dois problemas que, a meu ver, estorvavam Linha de recuo, a seleta de contos com a qual estreou em vôo solo. A saber: a irregularidade qualitativa entre as narrativas e a falta de organicidade. Havia uma evidente força naqueles contos, que entretanto não se integravam nem sob o aspecto formal, nem sob o viés temático. Parecia-me, como lhe disse na ocasião, uma simples recolha de textos engavetados. Bons textos, decerto. Mas reunidos sem a coesão de uma ‘obra’. O que não acontece em John Fante trabalha no Esquimó, e embora a qualidade do novo livro não depreenda apenas disso. Acredito que a grande virtude de Mariel foi ter encontrado um ponto ótimo não só entre forma e conteúdo, mas também

Olhe Só que Beleza Se Ouvir...

From: Marcelo Moutinho Date: 01/12/2008 12:13 Subject: seu livro To: Mariel Francisco dos Reis Fala, Mariel Estive lá na Primavera no sábado, mas vc ainda não havia chegado. Comprei seu livro, que li, inteiro, ontem à noite. Excelente. Muito superior ao outro, em todos os aspectos. Pretendo comentá-lo lá no blog hoje ou amanhã. Parabéns! Abs Marcelo

Estão Todos Convidados

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John Fante trabalha no Esquimó Mariel Reis ISBN: 978-85-87025-36-4 Gênero: Ficção - Contos Preço: R$ 15,00 80 páginas "Mariel Reis, como é de se esperar de um grande leitor e escritor de talento, escreve encharcado de literatura e, como ele mesmo diz, à moda dos escritores que povoam a sua imaginação, sejam eles vivos ou mortos. Ele de fato assimilou a lição de Drummond: somos contemporâneos dos escritores que amamos, isto é, somos contemporâneos de Shakespeare e de Virgílio, “somos amigos pessoais deles”. Assim, Mariel e seus personagens acompanham com familiaridade os passos de João do Rio, Marques Rebelo ou Moacir C. Lopes por um Rio de Janeiro mítico. Este Rio Mariel percorre como poucos, porque conhece os segredos das ruas e avenidas literárias, ou seja, o segredo da literatura." André Seffrin O livro constará na programação de lançamentos que ocorrerão na Primavera dos Livros/RJ, que terá lugar no Palácio do Catete a partir de final Novembro.

TerraMagazine

A notícia de hoje é o convite do jornalista cultural Vinicius Jatobá para a visita em um novo espaço em que está escrevendo: Caros, Começa hoje minha coluna semanal no TerraMagazine. Escreverei sobre livros e cinema. Ocasionalmente, publicarei crônicas, alguma reportagem e artigos sobre HQs. Estão convidados. Toda quinta-feira, um texto novo. A resenha de hoje é sobre um adorável livro de ensaios: "A maleta do meu pai", do turco Orhan Pamuk. Nas próximas semanas: "The Umbrella Academy", "Desonra", "RocknRolla", "Caos Calmo" e muito mais. E se gostarem, divulguem para colegas e amigos e voltem sempre. Abs, Vinicius Jatobá. http://terramagazine.terra.com.br/index.html Espero que prestigiem o espaço, porque não resta dúvidas sobre a competência, seriedade e talento do amigo Jatobá.

Portugal à Vista

A Editora Sinapses, de Portugal e especializada em e-books, divulgou em sua página a aprovação do meu pequeno livro Contos Rejeitados. A fase seguinte anunciada pelos editores é o processo de edição para o qual serei contatado. Quero deixar meus agradecimentos a todos que me prestigiaram votando em meu pequeno projeto literário. Abaixo e no link podem ser lidas as boas novas: http://www.sinapses.net/blogue/as-proximaspublicacoes " As nossas próximas publicações Contos Rejeitados, do escritor brasileiro Mariel Reis, e Mar Sentimental, de Gualter Franco, foram escolhidos para serem as próximas publicações da Sinapses. Os autores serão contactados parra arrancar com o processo de edição. Fizemos recentemente uma selecção dos originais que tinham reunido boas críticas dos nossos utilizadores. Estes originais foram já retirados da área de avaliação. Com excepção de Contos Rejeitados, todas as obras eram de poesia. Contudo, acabámos por considerar que a maioria não tinha a qualid

Bate-Bola

1. Gabeira perdeu a eleição. O Rio descansa em Paes até o dia do Juízo Final. 2. Artur Azevedo é um grande contista, isto é claro, à sua maneira. A ironia é imperdoável neste comentário que deveria resumir-se em: Artur Azevedo é um grande contista e soube pela boca de um amigo que também exímio cronista. Li a coletânea Contos Ligeiros, percebendo o domínio da forma que muitas vezes se funde a brevidade própria da crônica. É preciso comemorá-lo ao lado do Bruxo do Cosme Velho, porque em uma pesquisa atenta, descobri que o seu leitor mais rigoroso não era senão o próprio Machado de Assis que com a caneta vermelha cobria as páginas de texto do colega de repartição, tencionando educá-lo para a correção do gênero caso o talento lhe faltasse. Por sorte, o talento se apresentava junto do cultor o comediógrafo e rimão de Aluisio de Azevedo. O que contribuiu para alegria tanto de um,Machado,quanto do outro, Artur. 3. Estou relendo as narrativas menores de Jorge Amado. Menores no sentido de sua

Rápidas - Mas Não Tanto

1. Copa Brasileira de Literatura. Neste evento promovido por Lucas Murtinho para divulgação de literatura brasileira contemporânea e acender ânimos sobre sua qualidade, a discussão a respeito da vitória do livro de Cuenca – O Dia Mastroianni – ter vencido romances bem urdidos como de Ana Paula Maia e Raimundo Carrero moveu tanto apreciadores quanto detratores do escritor. E, claro, minha posição estava favorável a que qualquer um dos adversários desclassificasse o livro. O que não aconteceu. Os motivos, fornecidos pelos resenhistas, não convencem se examinados a fundo. Mas quem apita os jogos são eles. Então só resta enfiar a viola no saco. Tanto o livro de Carrero quanto de Ana Paula Maia tem méritos maiores em se tratando de ficção. Os cegos vêem nisso protesto besta, partidário, teoria de conspiração. Fazer o quê. 2. Estou lendo o livro de contos intitulado “A Chave do Amor e Outras Piauienses”, de autoria de Assis Brasil. O livro afastaria um leitor preconceituoso, devido ao título

Comentário de Nei Duclós Sobre Conto no Prosa On Line

Nome: Nei Carvalho Duclós - 1/10/2008 - 21:20Conto com tudo: domínio de linguagem sem ser linguagem dominada; personagem aluado de tão denso; grandes achados, como dividir paisagens ou somá-las; e o mais importante, música no texto. Escreve-se de ouvido. Sem o dó-re-mi não há o abc. Grande.

Um Conto Inédito de Mariel Reis

É desta forma a chamada no Prosa On Line para divulgar o conto Sobre a Amizade e Outras Serventias que estréia naquele espaço. Lá está devidamente avisado que meu próximo livro será lançado na Primavera dos Livros desta ano no Rio de Janeiro. A Editora Calibán é a que me premiou com a publicação. O livro terá orelha de Gustavo Bernardo, Apresentação de Marcelino Freire e Contracapa de André Seffrin. Quem quiser conferir é só acessar o link abaixo: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/default.asp

Dias de Faulkner e a Crise do Discurso

O aspecto rasteiro deste livro é o seguinte: a visita de um escritor, detentor de um Prêmio Nobel de Literatura a um país de terceiro mundo durante a década de 60 na cidade de São Paulo. Contudo, sinto informá-los de que o livro não trata de maneira alguma disto, portanto para espanto de todos os leitores, penalizados por terem adivinhado a pequena essência do livro – resolvo mostrá-lo como um problema narrativo devido a fatores de enumerarei cuidadosamente. O livro Dias de Faulkner é uma armadilha e o leitor desavisado é apanhado por ela sem mesmo se dar conta. A leitura é surpreendentemente fluida. O texto bem cuidado, enxuto, sem a vacilação que se pressente na estréia de jovens autores - isto está banido de suas páginas, porque é com segurança com que o narrador conduz sua – aí começa o problema – história ou estória como Guimarães Rosa preferia chamar suas peças de ficção? O vocábulo não importa muito, porque nele é que mora a crise do livro, intensificada pela profissão do autor

Meu Encontro com Ivan Lessa

No calçadão de Ipanema vejo Ivan Lessa – está na companhia de dois outros senhores de idade que só depois reconheço – Ziraldo e Jaguar. É a primeira vez que os avisto juntos, conversando, exercendo a bundologia – arte caríssima ao grupo que dedica a ela boa parte do tempo em que atravessa a faixa da calçada, inspecionando as virtudes das beldades, comentando entre si as riquezas naturais de nossa cidade tão cara ao olhar turístico desse quase inglês: Ivan Lessa. Ivan Lessa vive na terra da Rainha, como gosta de dizer. É quase brasileiro quando está entre nós, frisando com isso que ainda mantém certa distância da assoladora síndrome de vira – lata que acomete a todos os seres viventes do terceiro mundo. Não sente a mínima necessidade de escrever, ressalta que é quase um acidente e aqueles que não descobrem em seus livros verdades tão profundas quanto as escritas por Proust podem esquecê-lo, porque não o merecem. A minha aproximação não foi das melhores. Evocando minhas memórias sobre o

Sobre John Fante Trabalha no Esquimó

A família Lustosa da Costa é famosa por sua estirpe de intelectuais que se misturam a cultura brasileira. Um dos exemplos mais comuns é Isabel Lustosa, talentosa historiadora. Na literatura temos o exemplo de Máximo Lustosa da Costa que me enviou essa resenha sobre meu livro john Fante Trabalha no Esquimó - confirmando o ditado filho de peixe.... A Agudeza Incômoda de Um Escritor “Vou de branco pela rua dos homens” e encontro o texto do amigo Mariel, antes de mais nada, um conquistador. Escritor de agudeza incômoda, Mariel, em “JOHN FANTE TRABALHA NO ESQUIMÓ”, traz, como é sua característica, a urbanidade e o esplendor da crueza dos fatos. Aliás, é uma literatura crua o que se apresenta. Mariel é um narrador e ponto. Já, o leitor pode torcer o nariz, é livre. Entretanto, Mariel é mais do que um naturalista, pois seu olhar não põe relevância nem nas mazelas, nem nas amenidades do cotidiano. Os detalhes escondidos no texto são colocados de tal forma que um olhar distraído pode não en

Notícias do Mundo

Os fatos se desenrolam com lentidão. O livro está sendo diagramado, não consigo escrever uma linha de ficção, abandono com facilidade as poucas idéias que ainda avançam sobre o mar de ansiedade monótona que me naufraga durante os dias que antecederão ao lançamento programado para a Primavera dos Livros. Tudo isso sem muito alarde. Acontecendo de um modo calmo – até demais. Não há desmaios, tiroteios e disputas. Troco correspondência com editores portugueses – o livro para e-book teve sua aprovação. Três leitores – escritores peso – pesados deixaram comentários. Espero que isso facilite a vida dos contos que ansiosamente aguardam para saltar para a página principal do sítio português. Para a editora tradicional preparo o material com cuidado. As cartas de apresentação estão sendo escritas por pessoas de confiança e talentosas. Rigorosas, antes de tudo. Monto com cuidado os contos, reescrevendo alguns trechos. Costuro idéias – porque é isto mesmo, porque não estou criando absolutamente n

Dicas de Leitura - Oswaldo França Júnior* (1936 - 1989)

Um importante autor brasileiro, Oswaldo França Júnior - mineiro - conquistou prêmios como Walmap em 1967 com o romance Jorge, um brasileiro. Alberto Mussa já havia ressaltado nas páginas do Jornal do Brasil a incrível capacidade narrativa do autor em sua coluna de garimpo em sebos de livros que mereciam ser resgatados. Aqui reforço, endosse e acrescento aqueles que valem a pena ser reeditados e lidos por todo grande público. O viúvo, romance, 1965; Jorge, um brasileiro, romance, 1967; Um dia no Rio, romance, 1969; O homem de macacão, romance, 1972; À procura de motivos, romance, 1982; As laranjas iguais, contos, 1985; Recordações de amor em Cuba, romance, 1986; *A morte trágica em um acidente de carro em 10 de junho de 1989, quando voltava de uma palestra em João Monlevade (MG), pôs fim à carreira do romancista mineiro.

Comentário por E-mail de Teolinda Gersão Sobre Conto Publicado em Antologia em Portugal

Se por um lado, recebi um elogio da escritora de Árvore de Palavras - a recusa em ler os contos de novo livro em elaboração se tornou compreensível. Desta vez , nessa prova, ganhei meio ponto. Meio ponto com louvor, é claro. "Caro Mariel:gostei muito do seu texto na antologia.Mas não me leve a mal por não ler os seus contos.Os pedidos que recebo semelhantes ao seu são tantos que,se fosse satisfazê-los,não faria mais nada,porque não teria tempo.Espero que compreenda.Desejo-lhe de qualquer modo muitas felicidades e boa sorte"Teolinda Gersão

O Santo

A fileira de fiéis encordoados em torno da igreja. O santo esplendoroso acima de suas cabeças tocado, ungido, aplaudido e levado à frente até ao altar. Mulheres desmaiam. Homens comprimem os lábios em suas orações. As súplicas dos mais desesperados podem ser ouvidas longe. Mais atrás uma legião de aleijados – todos maltrapilhos – sob o olhar piedoso da multidão à beira da calçada que atira pequenos vidros com um liquido abençoado que alguns dos deficientes espalham pelo corpo como um bronzeador. Os carros não se calam, encobrindo as orações, avançando aos trancos pelos buracos cavados com dificuldade, infiltram-se com movimentos hesitantes, preocupados em atropelar algum infeliz. Os fiéis não cedem um milímetro em seus passos vagarosos, cada um deles carrega a folhinha com a estampa do santo, fitas amarradas ao corpo, cartas e pedaços em cera dos membros restaurados pelo milagre, pela devoção à divindade. Outros, melancólicos, seguem a fila na esperança de alcançarem as graças dos inúm

Trecho de Conversa com Editores Portugueses

Caros Amigos, Negocio com uma editora portuguesa a edição - eletrônica e impressa - do meu novo livro em elaboração. Abaixo segue um pequeno trecho de minha conversação com os meus novos amigos de além - mar. "Meu consolo é ler Aquilino Ribeiro, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Marques Rebelo, Lobo Antunes e outros autores que me fazem companhia no trajeto do ônibus para o trabalho e do trabalho para casa. É um espaço exíguo para caber um sonho, mas certas árvores crescem bem desse modo: em lugares estreitos, mesmo com a pouca luz, ainda que sua forma acanhe-se, alguém lhe descobrirá a beleza - alguma - mesmo que mínima. "

Para a Sra. Mara Coradello - Com Luz e Flores

A escritora Mara Coradello esteve aqui em meu blogue. Quem é ela? Uma das mulheres mais promissoras, um talento incomum em um exílio amoroso e terno com certo rapaz – leitor, contudo ciumento. Então, quando sou obrigado a lembrar dela, tenho que editar as memórias com o devido medo de levar uns cascudos. Porque soube o rapaz é perito em artes marciais e vive em ponte aérea, em seu destino pendular entre duas geografias: o país em que vive e o coração da bela escritora. Ela tem razão quando se ressente por não estar na postagem. Porque durante muito tempo – a agora – permaneceu muito próxima a nós. Solar, como o seu talento. Mas, advertido das razões acima, e, sem querer me engraçar com ninguém, preferi essa cirurgia que abrevia – de modo injusto – certas memórias tão encantadoras a respeito do seleto grupo candidato a eternidade – se não a ordinária, pelo menos aquela a que diz respeito a meu céu particular. A ordem do dia é a seguinte, Mara Coradello faz parte sim da minha vida. Tant

Para Antônio, com carinho

Neste espaço escrevi sobre meus três leitores. E, o assunto, desta nova postagem, se relaciona com esta outra de modo bastante estreito. É o lançamento de Dias de Faulkner, de Antônio Dutra, na Maison de France, às 18: 30 deste dia. A literatura brasileira contemporânea está sendo mapeada por inúmeros críticos e não posso deixar de apontar o engano com que estão se referindo sobre os futuros escritores – daqueles que constarão não somente nos manuais escolares, mas que persistirão no coração dos leitores. O livro de Antônio Dutra permanecerá. É discreto como seu autor, sóbrio e elegante naquilo que descreve. Possui a profundidade de análise necessária ao gênero a que pertence – a novela; respeita a elasticidade tão subestimada desse modo narrativo, parecendo mesmo constar nas páginas mais do que ali está escrito. Nesse sentido, Antônio Dutra, em seu romance, porque é assim que chamam seu livro, isto devido ao desconhecimento da imensa maioria do gênero ou o temor por confundi-lo com a

Sobre a Minha Literatura

Esta é a minha pergunta, sobre a minha literatura, quando acabo de escrever um conto. "No dilúvio que levará tudo que é de inútil e imprestável, me servirá de bóia ou testemunha contra o julgamento feroz do anjos?"

A Vida Louca de Ricky Martin

O cantor Ricky Martin para satisfazer o impulso da paternidade, e, por não encontrar entre as mulheres aquela dotada da perfeição necessária para a gravidez de seu filho, achou por bem, fazer uso dos serviços de uma barriga de aluguel. Recorrendo a este tipo de serviço, através da inseminação artificial, pode programar a família com o número exato de filhos que gostaria de ter – em seu caso, sua paixão recaiu sobre um casal de gêmeos. A cena deve ter sido engraçada – isso para não classificá-la como bizarra – o médico ouvindo sério, as exigências do cliente, mostrando seu catálogo com experiências similares de famosos que pediram para ter satisfeitos seus desejos de paternidade, incluindo o pacote com preços promocionais e descrevendo seriamente os predicativos da hospedeira dos bebês. Neste mostruário a hospedeira seria apresentada como um nome fictício, suas qualidades biológicas destacadas, os riscos para inteligência e integridade física dos filhos, calculado segundo probabilidade

Dorival tá no céu

A gente vai sentir a sua falta Dorival...meu minuto de silêncio e minha oração pelo compositor. Buda nagô letra e música: Gilberto Gil1991 in Parabolicamará Dorival é ímpar Dorival é par Dorival é terra Dorival é mar Dorival tá no pé Dorival tá na mão Dorival tá no céu Dorival tá no chão Dorival é belo Dorival é bom Dorival é tudo Que estiver no tom Dorival vai cantar Dorival em CD Dorival vai sambar Dorival na TV Dorival é um Buda nagôFilho da casa real da inspiração Como príncipe, principiou A nova idade de ouro da canção Mas um dia Xangô Deu-lhe a iluminação Lá na beira do mar (foi?) Na praia de Armação (foi não) Lá no Jardim de Alá (foi?) Lá no alto sertão (foi não) Lá na mesa de um bar (foi?) Dentro do coração Dorival é Eva Dorival Adão Dorival é lima Dorival limão Dorival é a mãe Dorival é o pai Dorival é o peão Balança, mas não cai Dorival é um monge chinês Nascido na Roma negra, Salvador Se é que ele fez fortuna, ele a fez Apostando tudo na carta do amor Ases, damas e reis Ele

A Minha Nova Roupa - Marca Calibán

Minha mulher me liga: "Não vai postar nada sobre a assinatura de contrato com a editora?", respondo: "Ainda não estou refeito dessa atitude". Desde a entrega do contrato, me sinto meio castrado. Um pensamento invade a minha cabeça: "Entrei no jogo. Serei eu mais um vendido???". Isso me preocupa e aborrece. A editora é ótima, cuidadosa e me dispensou uma atenção incomum. Claro, tem os detalhes. No primeiro contrato, o que não assinei, me pagaria com 100 exemplares do livro. O que eu vou fazer com cem exemplares? Meu apê é mínimo, tem um "cachorro-cupim" e uma promissora artista plástica de 5 anos de idade - que acha que qualquer aglomerado de celulose seco é uma excelente plataforma para sua criatividade. "Não tenho um lugar seguro para eles" - grunhi. Não tenho um pingo de talento para comercializá-los. Nem pensar. Decidi chiar. Poderia vendê-los de porta em porta como os antigos vendedores de enciclopédia, mas esbarro outra vez com a i

O Passageiro - Exercício

O táxi parou diante do edifício. Um senhor baixo e gordo desembarcou. Vestia-se com apuro, sem nenhum exagero e trazia somente uma pequena mala como bagagem. Pagou a corrida sem contrariedade, mesmo pressentindo que estava sendo roubado. Não importava. Era um jogo, pensava. A cabeça tomada por outra ordem de pensamento, sua preocupação não se relacionava a um taxista ladrão. Tinha coisas mais sérias para se ocupar. Andava lentamente em direção à recepção do hotel, com o bilhete da reserva nas mãos. A aparência do atendente não lhe inspirou simpatia, talvez por se tratar de um homem com uma cor de pele acentuadamente negra, isso o obrigava à recordações incômodas, talvez a causa de sua antipatia nascesse desse acaso. Procurou esquecer-se do fato. O carregador se aproximou. Não havia nenhuma necessidade, falou em um espanhol incompreensível. O hotel não tinha elevador. Subiu uma escada antiga, toda em madeira, com degraus gastos. Duvidosa se agüentaria em pé por mais tempo. Lentamente ex

Poema nº 2

Para Áurea Sobre Você A flor é uma órbita, Atravessada por seus olhos.

Poema nº 01

Para Áurea A mulher vestiu a noite Com a sua cor de mistério, A pele brilhava muito Com o brilho de minério. As luzes bailavam juntas Sobre o rosto muito sério. Derramei sobre sua língua, O mel dos meus boleros. A mulher com andar de rumba Não me deu nenhuma atenção, Desviou todo meu sangue Para um outro coração. Agora o meu corpo é vazio.

Meu Encontro com Tony Tornado

Na multidão de um shopping da Zona Norte do Rio de Janeiro se destacava a figura de um homem negro, caminhando com lentidão, observando as vitrines, acompanhado por seus familiares. Sua atitude contrastava com a pressa inadiável dos passantes, sempre presas de algum compromisso urgente ou de um encontro que poderá definir dali para frente sua vida amorosa ou financeira. Quase ninguém percebe a sua presença. Os palpites não cessam: pode ser um jogador de basquete ou vôlei, ou um segurança à paisana em seu turno de trabalho, ou apenas um visitante de terras estrangeiras que mal fale a nossa língua, e, ainda, na pior das hipóteses, envergando aquela carranca impenetrável, um figurão do jogo do bicho, porque é só olhar para o pescoço e os dedos da mão para vê-los cobertos por anéis e cordões reluzentes, ponteando o andar com um gingado, embalado por uma música que só ele poderia ouvir e sentir o ritmo sobre cada músculo que reagia suavemente ao comando dessa canção. As hipóteses todas erra

Alice Brill e A Solidão Humana

Alice Brill é uma pintora solitária. A afirmação pode parecer gratuita dita por alguém que não conhece a pintora alemã naturalizada brasileira, mas o que me assegura a verdade sobre esse meu ponto de vista é o contato com dois de seus quadros que refletem de modo definitivo o isolamento da artista e a sensação de estar trancada, incomunicável do lado de fora das coisas, sem estabelecer com elas um vínculo duradouro que possa esclarecê-la sobre o mistério da existência e das peregrinações empreendidas por sua sensibilidade em busca de um ponto de apoio para sua investigação. A primeira pintura é “Fachadas” em cores escuras, com formas longilíneas, imitando a parte de fora das edificações de uma cidade. A pintura geometrizada e desencontrada das formas conflitam sobre a superfície do quadro, sem nenhum diálogo entre as partes da composição que a rigor não teria o equilíbrio esperado de uma pintura formal sobre uma paisagem urbana; isso para evitar termos determinantes como a intromissão

John Fante Trabalha no Esquimó : Um Agradável Sopro Difuso

Sábado, 26 de Julho de 2008 Rogério Pereira, diretor e editor do jornal curitibano de literatura Rascunho, certa vez disse que a pior coisa do mundo é ter amigos escritores, ou conhecidos escritores. Claro, para um crítico literário. O motivo que Rogério Pereira alega é que se um crítico literário tem amigos ou conhecidos escritores, ele tende a mentir sobre o livro que está analisando, ou fala a verdade e perde a amizade. É uma encruzilhada, de fato. Mas não quando o amigo ou conhecido é um grande escritor. Meu caso, que sou conhecido, e imagino que agora já possa me considerar amigo, do escritor carioca Mariel Reis. Meu contato com Mariel começou através deste singelo blog, quando ele me enviou um e-mail elogiando um artigo que eu havia escrito sobre Raul Brandão. A partir de então começamos a trocar algumas idéias, alguns contos e Mariel me disse que tinha um livro inédito de contos, o qual me enviou para ler e dar meu parecer. Como na época eu estava pesquisando para minha monogra

Coculilo e a Repetição

A repetição paisagística na obra de Francisco Coculilo é parte de uma experiência sensorial com os elementos da composição. Quando a percebemos quase exaustivamente em seus quadros não atentamos que o pintor busca uma intersecção entre os elementos da pintura como para descobrir o real diante de uma cena adâmica: a Baía de Guanabara. Isso se assemelha a lição de Monet quando se debruçava sobre a natureza, estudando-a sob as variações luminosas, descobrindo as camadas de realidade que pode conter um mesmo espaço – ali onde a pintura se instalará – revelando a característica escultórica, me explico, as dimensões em que pode ser investigada, fornecendo ao artista não a mesma paisagem, mas um outro senso de perspectiva do natural. Porque quando a natureza é transferida para um suporte, sendo representada, está sofrendo uma transformação em seu conceito de natural, neste não há somente aquilo que o pintor vê – como um olho – coexistem nessa percepção uma interferência que transferirá ao ob

A Minha Dúvida como Escritor

A releitura de meus contos me constrange. Porque é outro o escritor que ali está, não sou mais eu, mas algum reflexo de mim mesmo congelado sob aquela ótica, naquelas linhas, coberto por inteiro por todas as frases escritas, protegido do frio dessa existência que acena somente para nossa extinção. É um escritor que reluta, não quer desaparecer e sente uma insegurança sobre os juízos que faz sobre as coisas, porque a realidade é movediça – como o nosso interior – onde muitas coisas estão mergulhadas, em uma grande sopa cósmica da qual resultará, isto com sorte, acertos sobre o mundo – aquele que se subscreve através de suas linhas – este interior abissal de onde o escritor se mira perplexo e não se vê. É outro o escritor – mal conversamos quando passamos um pelo outro pelos corredores dessa escrita; eu sigo, sombrio, desconfiado, lendo o que este escreveu sem muita convicção de que aquilo um dia forme um todo coerente, um muro com tijolos sólidos para a proteção do individuo feito de ve

Um Livro Imperdível

Este livro merece a nossa atenção. No centenário da morte de Machado de Assis... AUTORES ATUAIS REESCREVEM MACHADO DE ASSIS No centenário da morte de Machado de Assis, com organização do premiado contista, doutor em Letras pela Unicamp e professor universitário Rinaldo de Fernandes, a Geração Editorial lança a antologia Capitu mandou flores: contos para Machado de Assis nos cem anos de sua morte, que, além de incluir os dez melhores contos de Machado, traz um conjunto de narrativas recriando esses dez melhores contos e passagens/situações do romance Dom Casmurro. São autores renomados, emergentes e jovens promessas da literatura brasileira atual que reescrevem Machado de Assis na antologia: Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Hélio Pólvora, Cecília Prada, Nelson de Oliveira, André Sant’Anna, Fernando Bonassi, Glauco Mattoso, Ivana Arruda Leite, Andréa del Fuego, Marcelo Coelho, Deonísio da Silva, Daniel Piza, Godofredo de Oliveira Neto, Bernardo Ajzenberg, João Anzanello Carrascoz

As Minhas Encarnações Queridas

A minha vida anterior – a minha encarnação passada – é uma incógnita. Uma amiga leitora me pediu para arriscar alguns palpites, porque seria curioso ver como me comportaria diante de um desafio dessa natureza, imaginar o que eu teria sido. Aleguei minha falta de imaginação, porque não conseguia me conceber de outro modo, diferente do que sou agora, o que já é uma incrível viagem se analisarmos toda a coisa por esse prisma. Por que tenho esse nariz? Os olhos quem os colocou dessa forma? Por que não tenho membros maiores – isso inclui trocadilhos infamantes, está certo, leitor querido. Então, comecei a curtir a idéia e seduzido pela proposta, resolvi me concentrar para chegar a regiões profundas do meu inconsciente – onde dizem estar todas as informações guardadas a esse respeito – para acessá-la, descobrindo a resposta para o pedido da leitora. Há teorias encarnatórias em que o individuo pode passar por várias fases: desde a mineral à humana. Aproveitei o gancho que elas possibilitam pa

O Erotômano Imperfeito

Texto escrito para concorrer ao prêmio Eu, Leitor(a) da revista Marie Claire As revistinhas de sacanagem não estavam mais na estante do armário. Isso era um bom sinal, se era. Decidi naquela manhã pelo meu bom mocismo. Eu não castigaria mais as imagens de homens e mulheres trepando para valer. Eu não assistiria mais aos vídeos eróticos enfileirados que formava toda minha coleção de obras erotômanas. Minha mãe não largava do meu pé, dizendo para eu arrumar uma garota, acabar com as reuniões que se estendiam até altas horas da noite, com a presença daquelas mulheres de papel, dois amigos que traziam também as suas e uma menininha safada do quarteirão fronteiro da casa – que às vezes facilitava para que minha mão tocasse seus peitinhos, coxas e bunda. Não era lá grande coisa, mas para um moleque não poderia passar em branco, me sentia Napoleão passando embaixo do Arco do triunfo após suas vitórias. Isso tudo um dia foi perdendo o sentido, talvez com o passar do tempo, a adolescência sendo

Leon Tolstoi no Céu?

A psicografia de determinados autores é algo arriscado. Primeiro, não há certeza real se é mesmo o autor que se apresenta para escrever centenas de páginas, porque se alguém tem esta certeza é o médium e não pode transmiti-la a outrem sem o argumento de que se deve acreditar, porque, para se defender, utiliza o número de informações recebidas, lembranças que somente o escritor morto teria e construções que na maioria das vezes excedem a educação do médium, sendo alguns mesmo semi-analfabetos. O que garantiria a isenção do fenômeno. Isto não é um juízo sobre o valor dessas transmissões, se são de caráter verdadeiro ou falso pouco importa. O que preocupa é a lástima de ler um autor russo, por exemplo, como Leão Tolstoi que nada tem a ver com aquele que em vida, ou se preferirem, quando encarnado, nos deu obras do porte de Ressurreição, Anna Karenina e outros contos maravilhosos. O meu comentário repousa sobre uma constatação, depois de lido um relato psicografado através de uma médium so

Augusto dos Anjos Parte I

O poeta paraibano Augusto dos Anjos é notadamente marcado pela sua concepção pessimista em relação à existência. O estandarte de sua poesia desfila pelas agruras do homem, pela sua desintegração com a morte, compartilhando com Baudelaire uma estética da repugnância, do apodrecimento, da carniça, se faz entre os nossos poetas o arauto das novidades que o vate francês introduziu nas letras de sua pátria. O estudo comparado dos dois poetas seria salutar para exemplificar suas similaridades, os pontos de contato de suas criações poéticas como também afirmar a originalidade de ambos no tratamento do material poético de que dispunham. Entretanto, não é sobre essa faceta do poeta paraibano que iremos repousar nossa dissertação, que se focará em uma concepção particular de religiosidade no eu lírico desse criador. No entanto, é preciso antes, acercar-se dos clichês, justificáveis, contudo injustos, a que poesia de Augusto dos Anjos esta submetida. O primeiro deles é a alcunha de poeta da Dor –