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Mostrando postagens de março, 2010

Sobre o Conto Metamorfose

"Mariel, obrigado pelo conto. Um primor de originalidade e de humor! Kafka aplaudiria! Grande abr. do Moacyr Scliar"

Metamorfose

Quando Rick Martin despertou na sua cama [RESOLVEU VERIFICAR EM SEU ESPELHINHO CERTA RUGA QUE LHE INCOMODAVA, AVENTOU A POSSIBILIDADE DE UMA CIRURGIA PLÁSTICA PARA REJUVENESCIMENTO. MAS OLHOU PARA O LADO, VIU ALEJANDRO. MORENO, MUSCULOSO, DANÇARINO ANGARIADO EM SUA PASSAGEM PELAS ÁGUAS CARIBENHAS. DORMIA COMO UM BEBÊ. NADA PARECIA PERTURBÁ-LO. ALEJANDRO SOFRIA DE ESTRABISMO, ISTO AFETAVA A BELEZA DO DANÇARINO, CONSTRANGIA RICK, POR NÃO SABER NUNCA EM QUE SEUS OLHOS ESTARIAM FIXADOS. ENFIM COLOCOU SEUS CHINELÕES DE PELE DE ALGUM ANIMAL EM EXTINÇÃO. SENTIU-SE CONFORTÁVEL. LEMBROU TODO O EVENTO DA NOITE ANTERIOR, QUANDO JANTAVA EM UM NOVO RESTAURANTE DA CIDADE. OLHAVA IMPACIENTE O RELÓGIO, NÃO VENDO A HORA DE VOLTAR E BEIJAR SEUS PIMPOLHOS. MAS NÃO PASSARIA A NOITE A VER NAVIOS. RICK FOI AO QUARTO DOS FILHOS. A BABÁ JÁ ESTAVA CUIDANDO DELES. QUE BALSAMO PARA O CORAÇÃO ! VER SUA IMAGEM E SEMELHANÇA REPRODUZIDA À SUA FRENTE, BRINCANDO NO BANHO COM PATINHOS DE BORRACHA, ESPARGINDO ÁGUA POR T

Estação Pavuna – Estação Samba.

O gênio é um homem discreto, caminhando pelas ruas do bairro. Leva nas mãos o cavaco. Ele olha as paisagens investigadas em suas canções. Desenrola uma idéia sadia com a rapaziada. Dá atenção aos tipos que ninguém pararia para ouvir. Acena para mulheres que ninguém ousaria cumprimentar. Sempre com um sorriso afável, convidativo, acolhedor. Marcamos o encontro na Estação da Pavuna, na Praça Copérnico. “A meu jeito eu também construo meu sistema solar” sentencia Carlos Alberto dos Santos, sem saber direito que está filosofando. Atira ao redor uma melodia conhecida com seu instrumento, emendando com a voz: “Agora/Lutar por você com palavras/ Pode ser uma luta muito vã/ Entretanto são muitas as manhãs/ E eu pouco para te amar” Sabe que no amor as palavras têm pouca força para traduzi-lo em seu turbilhão e percebe que quem ama sempre se esgota na manhã seguinte para se reinventar no amor e na maneira que ele renasce para o outro. Carlinhos – como ele prefere ser chamado – é um faz – tudo, “

Arqueologia Urbana

http://novaarqueologiaurbana.blogspot.com/ O endereço acima é de um novo blogue de minha autoria para abrigar uma idéia antiga que é resgatar perfis de personagens curiosos dos bairros em que vivi e retratá-los com contornos literários, aproximando-nos de sua possível poesia. Talvez ele seja abrigado na página do Afrorreggae. Convido a todos que atravessam esta avenida virtual, dobrar a próxima esquina, seguir dez metros em frente e parar diante da tabuleta que indica: "Arqueologia Urbana". E se estiver com ânimo e disposição entrar.

*Apresentação Para o Livro Exercício de Garça

A multiplicidade de vozes da poesia contemporânea tem gerado os mais diferentes resultados. E os poetas, atingindo uma perfeição artesanal de causar inveja a qualquer parnasiano. E nesse caldo pós - moderno, temos uma variável que nem sempre é levada em consideração no julgamento da poesia hoje: é de que ela está desaparecida da maioria dos poemas lidos por mim ultimamente.O que não quer constituir um juízo de valor, mas, afeta diretamente aquilo que chamo de empatia com o que se está lendo. Todos conhecem de cor e salteado a cartilha, sabem fazer sonetos, glorificam João Cabral de Mello Neto, participam de fóruns, contudo a essência do que escrevem não participa do humano que constitui e colabora para nosso aperfeiçoamento. Não comove. Quando me chamaram para a apresentação do livro de Cláudio Alves, exultei por conhecê-lo pessoalmente, e depois pela qualidade do manuscrito lido por mim. E me prontifiquei em entregar o mais rápido possível minha impressão. E foi a melhor. Porque le

Beto Hippie III - Apontamentos

Em conversa telefônica (26/03) com Amaury ele me confirma a existência do caderno com as letras de Beto Hippie, porém esclarece que o devolveu ao cantor. Desconhece que exista uma cópia. Revelo que Renato Andrade crê possuir em seus arquivos documentação semelhante, constando às dezoito canções, isto o alegra e quer marcar uma conversa para estendermos nossas considerações a respeito do projeto biográfico. Também por contato telefônico, Renato Andrade me afirma que o número de canções é maior do que se imagina, mas sem registros, a comprovação é quase impossível. O caderno deixado no bar do Alberico, com Amaury, parecia possuir um número maior de anotações, com canções inéditas, mas sem a determinação de seu paradeiro, é outra incógnita. Percebe-se pelo que relatam que haveriam pelo menos dois cadernos. O primeiro, com uma gama mais ampla de canções, considerações e anotações, como um diário; o segundo, este que chegou até nós, possui apenas as dezoito canções.

Beto Quest

Prezado amigo e agora respondente: O conto sobre Beto Hippie transcendeu o literário e trouxe polêmica para o mundo real. Tentando elaborar um perfil que se aproxime do biográfico, me lanço nesta aventura interativa: montar através das impressões de quem viveu a presença e a obra do mestre a personalidade artística e biosocial desta quase lenda urbana pavunense. Conto com sua colaboração nesta jornada, a de você que conheceu este cara e também a de você que conhece e curte o legado que ele nos deixou – tanto o suposto quanto o assinado. Vamos às regras: responda com bastante verdade, a mais pura verdade. Salve! Depois abra o seu e-mail, anexe o seu questionário preenchido e envie para marielreis@ig.com.br . Trabalharei sobre os dados coletados analisando – os inicialmente no blog, para fomentar a discussão. Nada impede que no futuro esta pesquisa vire um ensaio literário. Caso você não queira ser identificado explicite esta informação no corpo do e-mail e no questionário. Muito obriga

Um Anônimo Curioso...

‘Uma maneira curiosa de exercitar a vaidade…’ Entrevista por Jaime Gonçalves, link do blogue abaixo Numa semana em que a movimentação inusitada do ermitão Rubem Fonseca mexeu com a cabeça de escritores, leitores e jornalistas culturais, com a saída do autor da toca para comparecer a um impensável evento público, uma dúvida tilintou dentro da caixola: quem é Paula Parisot? Sim, foi a moça de 31 anos quem fez o maior contista brasileiro vivo deslocar-se do Rio para São Paulo, na manhã da última terça-feira, para prestigiar uma ‘performance’ sua. Ela se encontrava confinada dentro de uma caixa de acrílico de 4m x 3m em uma livraria paulista. A partir dali, algumas ‘teses’ sobre a aproximação dos dois pipocaram na grande imprensa – inclusive a de que ela seria o ‘pivô’ de sua misteriosa saída da editora Cia. das Letras após 20 anos de parceria. Por conta disso, o Café Escuro (que já havia falado do autor no post 9 milímetros) procurou algumas figuras ligadas ao meio literário e editorial

Arqueologia Urbana

Procurei o grupo Afrorregae para propor uma coluna para a revista de cultura que publicam também homônima com o projeto Arqueologia Urbana. Assisto no canal Multishow o programa Conexões Urbanas, capitaneado por José Júnior, a idéia me visitou em uma dessas ocasiões, quando me deu o estalo de construir perfis de personagens excluídos, mas não os comuns sobre o quais se realizam documentários como bandidos, facções, gangues ou patotas de pichadores. Mas dar atenção aos artistas presentes no cotidiano de cada bairro. Por exemplo, em Pavuna, inúmeros perambulavam pelos bares da região: Beto Hippie, Alfredo Perneta, João Ribeiro de Almeida. Todos com excelente histórico artístico, porém relegados às paisagens regionais por motivos variados. A coluna Arqueologia Urbana tentará fazer contato com estes artistas em exílio em sua própria terra, que desenvolveram projetos que superaram o provincianismo, dialogando com a tradição artística brasileira e com a vanguarda de o

Beto Hippie II

Pesquisa Biográfica Beto Hippie. Consulta a fontes próximas do cantor pavunense garantem que sua obra vitimada pela expropriação é significativa, mas sem acesso ao discurso, passará às mãos de inescrupulosos. Partes das canções aparecem na internet, assinadas por companheiros do compositor. Muitos alegam que é difícil distinguir a verdade sobre a autoria das canções, porque afirmam que Beto Hippie participava de vidas comunais, coletivos de arte, como: Panela de Pressão e o Musiclub. A memória nestes casos é tendenciosa. Ninguém irá assumir uma escorregadela ética, isto em se tratando de apropriação intelectual. Como não há registro de gravação, não há como distinguir quando foi a primeira audição das músicas de Beto Hippie. Sua memória sofrerá um processo de desqualificação pelo modo de vida que levava, conservando hábitos nômades, sem a preocupação de preservar a questão autoral, com a ingênua crença de que todos os seus amigos ainda estavam na mesma viagem. O tempo provou que não.

Beto Hippie

Nascimento, não se sabe ao certo. Se sabe, não diz. Prefere o silêncio e os goles na cachaça ordinária no bar do Alberico, na Pavuna. A roupa é uma calça jeans com remendos, a camisa um blusão xadrez ao estilo caubói americano, com uma bota cano curto, de camurça, bege. Um texano, se não estivéssemos acostumado com sua figura, perdida na penumbra do estabelecimento, misturado aos demais fregueses. A conversa franca aponta para alguém que aprontou muito, mas encontrou porto seguro na música. Beto Hippie. Apenas um nome. Não, não tem endereço. Mora na casa dos amigos. Cada mês pousa em algum lugar, lá, além de bom papo, garantem que as noites são regadas à música e lembranças de quando se acreditava possível transformar o mundo através do flower power. As controvérsias surgem quando as canções são tocadas. Porque em uma rápida busca pela internet, algumas delas aparecem assinadas, não por Beto, mas por outros. Procuro não alertá-lo, porque poderia se emudecer, trancando consigo sua his

DGT e Curitiba

Ele estava parado na esquina. O pequeno pacote nas mãos, o boné enterrado na cabeça, óculos escuros para se proteger do sol. Caminhava todas as manhãs, sempre no mesmo horário, variando o trajeto de sua residência até aos locais em que se demorava pouco mais que dez minutos, excetuando-se no almoço, quando atingia cerca de trinta a quarenta minutos, talvez atento a digestão, que se não é instantânea, contrariava sua natureza avessa ao confinamento ou a presença de multidões. No restaurante, além dele, naquele dia, e de mim, não deveria ter dez pessoas. Naquele dia, porque não estamos ainda no restaurante, tampouco cheguei até o lugar combinado, estava atrasado, minha reunião durou mais que o previsto. E ele não tem celular. Recusa-se, segundo me disse sua esposa. Não suporta o futuro. Quando ronda Curitiba persegue o passado, guiado por um roteiro invisível que não lhe permite nem olhar para os lados. Enxerga o lado oblíquo das ruas e das pessoas, me asseverou o meu

Flor e Costela

Cresce a flor Nas costelas, Com pétalas Mínimas, nuas. Movimenta-se. Roda imaginária, Na janela sideral Da carne alada. O caule de gozo Sobre a palavra, Libera a seiva. O corpo se dobra Sobre o crepúsculo: Flor, aroma, musgo

Surrealismo Tardio e a Obra de Braga Tepi

Com o entusiasmo arrefecido, observamos que há uma nota de um surrealismo tardio nas esculturas de Braga Tepi. A obra “O Visionário” é um exemplo de diálogo com esta corrente, sua imagética não me parece original, gasta com as repetições freqüentes executadas por Salvador Dali. Não apresenta o resultado que deveria no espectador, não transmite angústia ou a asfixia por não ter livres os membros para reagir contra a realidade invasora. O rosto vazado para que enxergue a si próprio quando contemplada, com seu oco abissal não detona em nós a inquietação que outrora sobressaltava os freqüentadores dos salões surrealistas. Talvez porque na época deles existissem sonhos e posições políticas pelas quais cada homem teria de se decidir. Agora vivemos essa dissimulação consumista embalada por ideologias passageiras veiculadas pela mídia, tornando-nos seguidores de causas temporárias, escravos de plataformas políticas provisórias de ação social ou econômica. A peça “Andar

Vestal

Prezado Sr. Hélio, A análise que me pede da Vestal, de Braga Tepi, resultará em sua correspondência com o Egito e seus deuses. Poderíamos relacioná-la esteticamente como as experiências de Paul Gauguin na pintura ou assumindo o porte hierático, compará-la as construções de arquétipos divinais. Rá, Tefnut e Toth tinham sobre suas cabeças o disco – solar ou lunar – que coincidentemente está presente sobre a Vestal. O fato de sua constituição ser de ferro, como enunciei na resenha, atribui a ela uma expansão de seu campo de significado. Se extrapolarmos para o lado simbolista, precisamente a queda do homem e as idades percorridas - do ouro, da prata, do bronze e finalmente do ferro. Salvo engano. Meus parabéns pela aquisição do artista e sua exposição. Att., Mariel Reis

Braga Tepi

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O imaginário de ficção científica norteia o avanço da humanidade. Julio Verne, escritor inglês, antecipou invenções através de descrições incríveis das máquinas existentes em sua obra. Em Vinte Mil Léguas Submarinas, de 1870, por exemplo, Nautilus é um submarino que supera tudo o que se imagina em engenharia naval: o corpo perfeitamente aerodinâmico, com 70 metros de comprimento, oito metros de diâmetro e deslocava oito toneladas. A notícia do primeiro submarino é datada de 1776, construído por David Bushnell, chamado American Turtle. Suas dimensões eram pequenas, movido pela força braçal da tripulação, participou da Guerra de Independência dos Estados Unidos. Também não podemos ignorar que durante o Renascimento Leonardo da Vinci projetou vários modelos de submarinos que nunca chegaram a ser construídos e o holandês Cornelis van Drebel cruzou o rio Tamisa, em Londres, em um veículo capaz de operar debaixo d’água. Se Júlio Verne não criou o submarino, se Leonardo da Vinci o projetou em