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Mostrando postagens de novembro, 2015

Ó Minas Gerais...

MARIANA Na última chamada Antes do dilúvio, Misturada à lama, – Sob o entulho – Está a santa. Olhos enegrecidos.

Com a palavra: Ronaldo Costa Fernandes

"Caro Mariel, Li e gostei muitíssimo dos seus poemas. Poesia existencial, densa, elaborada e simples ao mesmo tempo, delicada, de construção engenhosa. Terá dificuldade de conviver num tempo cheio de poesia fácil, feita de fragmentos de nada. Desejo a você toda a sorte do mundo no mundo da poesia. Receba o abraço do agora seu admirador Ronaldo"

Resistência

Ergo uma trincheira Atrás de livros E muitos papéis. O dia me quer banal, Cheio de afazeres. Quer matéria Para consumo: Óleo dos meus ossos.

Fugitivo

Olham-me desgarrado, Ainda na calçada, Ainda sóbrio, De terno e tributável. Entre si, confabulam Sobre meu lugar, Chegam a um acordo E através de gestos Estendem-me o convite. Reconheceram-me. Aperto o passo e fujo. Releitura do poema Fratria, de Jorge Wanderley In: Agente Infiltrado e outros poemas, págs. 12-13 Editora Bertrand Brasil, 1999.

Com a palavra: Luiz Guilherme Barbosa

Tenho achado  [os poemas]  muito bonitos , as metáforas sempre fortes e rápidas. Nesse, o corpo como uma âncora sem pouso. Gostei do som em "ausências"/"âncora".

Novo poema de Mariel Reis

Em algum lugar, Entre as ausências, Feito âncora: O navio do corpo Tremula no vazio.

A trilha

O predomínio de um mundo natural é uma tônica em minha poesia. Na plaquete de poemas - Cosmorama - Leonardo Fróes, prefaciador, acentua a observação simbiótica entre o humano e o vegetal na descrição do corpo feminino - o que é quase uma constante em meu trajeto poético. Releio alguns poemas de Trilha, antologia de poemas de Leonardo Fróes, lançada pela Azougue Editorial. Os poemas com algum parentesco com a minha prática poética retomam o meu contato com a natureza que é anterior a qualquer leitura de Henry Thoreau ou dos poetas japoneses. As testemunhas, nesse caso, são importantes porque partilham conosco um lugar desaparecido da experiência objetiva, mas que está preservado - intacto -  na subjetiva - isto é nas inúmeras impressões apreendidas pelos sentidos. Marise Reis , minha irmã, se lembrará de Leocádio , avô de Eli Junior , que cultivava a terra em canteiros espalhados pelas laterais e na frontal do terreno em que estavam nossas casas. Ele, Leocádio , levantava-

Com a palavra: Ronald Claver

Olá, Mariel, conte um pouquinho de você. li seus poemas, são singulares, diferentes, impactantes.parabéns.   ronaldclaver

Três novos poemas de Mariel Reis

I As duas pernas, Em descompasso, Riscam como agulhas O vinil do asfalto: Alteram o ritmo Na vitrola do peito. II Parte da estatura É um poema, De pronúncia Extravagante demais, Mesmo às formas fixas. III Minha confissão. Preciso entregá-la. Parece frágil, Assim, encapsulada Em receita tão simples. Como não adorá-la?

Com a palavra: Álvaro Alves de Faria

CARO MARIEL   não entendo muito disto, mas acho que você enviou dois anexos. o segundo - se existe - não consegui abrir.   li o primeiro, que diz "outros 14 poemas".   li os poemas. são realmente poemas de qualidade poética. trata-se, sim, de poemas bem elaborados, com poesia. um livro pronto para ser publicado. alguns versos lembrou-me a poesia portuguesa. não vou escolher o que seria o melhor poema. todos me agradaram, um conjunto de boa poesia, uma poesia sobretudo honesta. não sei de onde você é, mas é um poeta que compreende e sente esse ofício de escrever. como você diz num e segue à risca: escrever à flor da palavra. tem de ser assim.   grande abraço álvaro alves de faria

Sobre o desastre de Mariana

O governo federal, além das multas imputadas à empresa mineradora, deveria - para obtenção de garantia dos compromissos não apenas com o meio ambiente, mas com a população atingida -, s equestrar os bens dos sócios e impedi-los de realização de viagem ao exterior , somando-se as ações expostas à apuração da responsabilidade do Estado no evento. A interdição do funcionamento da empresa mineradora é necessária enquanto o inquérito não é concluído e não é apresentado um plano alternativo de descarte de resíduos produzidos por sua atividade. A indenização às famílias, o providenciamento de novas moradas e a reinserção socioeconômica dos atingidos com o resgate urbanístico das áreas afetadas devem estar na pauta de urgência tanto do governo estadual quanto do governo federal em sua cobrança dos infratores .   A imprensa,   sem a eleição de protegidos,   sem intervenção ideológica, possui a obrigação de cobertura do episódio até o desenlace.  

06 novos poemas de Mariel Reis

1. A descida suave Àquel’árvore; Em que unidos Jurávamos ser partes De um mundo extinto. 2. Adernadas nuvens Vaporosos navios, Tombam nas casas. Fogem marujos Aos trambolhões pelo telhado. 3. Neblina concentrada Ao redor da árvore. As chamas brancas Em falsa ardência, Sobre a matéria - Deixada intacta -, Após o incêndio. 4. As folhas amarelas Espalhadas pelo chão, Parecem naipes De uma partida Para sempre perdida: Indicam os formatos De corações rasgados. 5. Acenam fantasmas - Sem lençóis brancos -, Das janelas das casas. Discretos na rotina Monótona da morte, Ressentidos do corpo: Mantêm o repertório De todos os hábitos, Sísifos resignados. 6. O arranjo de flores, Desatado sobre a mesa. Soam palavras Desencontradas, Escritas no bilhete.

Com a palavra: Mauro Gama

"Atenção: o poeta Mariel, a meu ver, está de feéricos parabéns. Li os poemas todos. São excelentes. Ele me parece aparentado com o Weintraub e escreve "para valer". Abr. M." "Recebeu o que eu disse sobre o Mariel? Faço um texto a respeito dele com todo prazer. Vai colocá-lo na  Mallarmargens ? Faça uma nota biográfica. O cara é de primeira ordem. " O poeta Mauro Gama , através de Alexandre Guarnieri , falando a respeito de minha poesia. Cerca de 01 (um) ano atrás.

Nove Poemas

Poemas 1. Atravesso o corpo Minha piscina De interdições, Avisto paisagens, Intermitentes vozes. 2. Os rostos coloridos, Protegidos na noite. Borrada maquiagem Papel de arroz, Para correção. 3. As pedras portuguesas Rostos tão brancos, Quase açúcar, Polvilham as calçadas: Folhas desencontradas. 4. Capturo a beleza Mesmo esquiva, Das tuas linhas Sob o vestido branco: Doçura do nenúfar. 5. Entrei em tua casa. Ao dizer casa, Falo: teu corpo. Repleto de cômodos: Abrigo ao viajor. 6. O casulo das vestes Incendiado Sobre mil formas... O amante é Proteu: Campo impermanente. 7. Abaixo do umbigo O laço encarnado, Lento desfaz-se. Pele sob os pés, Corpos desalinhados. 8. Visitei o túmulo, Em silêncio. Algumas flores – Secas -, ali jaziam, Esperando remoçar. 9. Uma centena de ossos, É um quebra-cabeças. Ali está o morto Dentro da gaveta, Aguardando ser montado.

Seis novos poemas

I Oral Meu corpo dividido Em partículas, Pelo teu sopro. II Sêmen Entre os dedos Leve névoa, Colhida do acaso. III Antepassados Marcham no sangue Em minúsculas frotas, Naves de mortos. IV Antepassados II Afogados meus mortos Sobem à tona, Forcejam corpos. V Diabetes Servos da morte nas raias sanguíneas, Gigóias letais. VI Exame de Sangue Misturadas à linfa As águas-vivas Nadam no tubo.

Vinte e um haicais

I Bolsa de sangue A vela encarnada, Um barco: leito. II Inapto à multidão Sigo as linhas, Sem ponto final. III A mão nervosa Esvoaça nas pernas, Pomba aflita. IV Flores no jarro Formato de coração, Aorta canta. V O espectro da fruta Dentro do cesto, Fome antiga. VI Reflexos iguais Ergo a minha boca, Uma sendo Outra. VII Seta no corpo Atingido no centro, Chaga do gozo. VIII Leve camada Suor sobre a boca, Lençol d’água. IX Pontilhada de suor Sobre o dorso, Colar de contas. X Linhas delgadas Sobem do busto, Ramas enrodilhadas. XI Contas sobre a mesa. Vida mínima: Salmos e labor. XII Beiral de pardais - Vivaz algaravia -, Solta-se ao sol. XIII Nome no muro Risco incandescente, Obsceno vergão. XIV Arabescos no ombro Fogem ao dorso, Primal felina. XV Sobre a geladeira Imóvel pinguim, Frutas da feira. XVI Em hibernação Sob as raízes Dos d