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Mostrando postagens de agosto, 2015

História do Oriente - Nota 08 - Autor: Mariel Reis

Palavras-chave: Sunitas – Islamofobia – Multiculturalismo - Orientalismo     As reportagens selecionadas, ambas saídas do portal de notícias Ig, tratam do mundo muçulmano. Após o episódio do atentado de 11 de Setembro, em 2001, nos Estados Unidos - com a derrubada das Torres Gêmeas - , a islamofobia tornou-se um indicativo da rejeição das populações semitas agrupadas em volta do profeta Maomé e do Corão. A reivindicação do atentado pelo grupo terrorista Al – Qaeda, personificado em Osama Bin Laden, desencadeou, não apenas dentro do território americano, mas em todo o mundo, um enrijecimento de postura acerca das minorias abrigadas em cada país e uma nova política de intervencionismo militar – com raízes ideológicas condensadas no slogan “Luta contra o Terrorismo”, mas de pronunciada base econômica – em regiões do Oriente Médio. As intervenções militares resultaram na derrubada de regimes ditatoriais na Líbia e no Iraque para a implantação da democracia americana –, a pret

O Corpo

Como tratar a obsessão por um corpo? Escavá-lo através das fotografias? Ou através do apelo da pele retê-lo? O tato, semelhante a um rato, abri-lo, ao corpo, como toca? Ou esticá-lo no leito, ouvi-lo com doçura, auscultar-lhe a música advinda dos órgãos? Tilintá-lo como um sino em anúncio de banquete? Ou prendê-lo entre os dedos, em seus recônditos, sobreviver-lhe como um povo subterrâneo, desenvolvendo um rito primitivo para adorá-lo? Escrevê-lo sobre o relevo das palavras é o mesmo que captá-lo? Ou o corpo esboroado sempre se refaz a volta do que é amado? Ou será toda obsessão um cinza fria? Nenhum escultor a utilizaria? Ou a obsessão de possui-lo, essa tirania, me permitiria a fusão alquímica entre o que sou e o que ele seria numa outra matéria – vida? Escavá-lo, ao corpo, em riste, animal de único chifre, solto pela planície dos pêlos pubianos – razão em desquite ou engano? Tudo (o que) em mim apenas existe...

Fotógrafos e modelos

Num longo trabalho no mercado de arte sempre me perseguiu o fascínio pela fotografia. Sebastian Faena, Eugene Richards, Mary Hellen Mark, Juliana Matos, Alexandre U rch e Fabs Grassi formam um time cujo trabalho possui forte componente estético e desperta, no espectador, arrebatamento e estranheza. Algumas vezes, em delírio, se a contratação de um dos fotógrafos não esbarrasse em minha condição pecuniária, imagino minha mulher como modelo de Sebastian Faena ou de Fabs Grassi . Ou mesmo, estendendo às minhas amigas, como a lente de um dos dois se comportaria ao fotografar Camila Constantino . Dois modelos – se me acudisse a Fortuna – que resultariam em um ensaio repleto de beleza e de raridade. Mary Hellen Mark , provavelmente, percorreria meu bairro de infância e o registraria com toda melancolia . Eugene Richards , por exemplo, rodaria comigo pelos terreiros de candomblé, cracolândias e presídios . Alexandre Urch sairia comigo pelos subúrbios de Maria da Graça, Marechal Hermes, en

Lima Duarte e sua relação com a Literatura

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Brasileiros – Você é bastante crítico de alguns filmes que fez, principalmente os adaptados de livros ou textos literários. Por que essa exigência? L ima D uarte - Eu sou um apaixonado pela literatura, pelos escritores, pela palavra. Penso que essa paixão muitas vezes interferiu na minha análise sobre os filmes que fiz. Mas quando o filme não foi bom, no meu entendimento, mesmo não sendo adaptado da literatura, também critiquei, pois acho que fazer um trabalho de ator não é meramente decorar um texto e fazer seu papel. Eu gostei muito de ter feito  Guerra Conjugal , adaptado do escritor Dalton Trevisan. Ele é um profundo conhecedor da alma humana, assim como todo grande escritor, que filtra o que escuta e transforma em grande literatura. Dalton Trevisan é um especialista na dor de viver, da miséria do cotidiano, das almas desencontradas, da sexualidade. Foi assim também com o filme  O Jogo da Vida , com base no livro  Malagueta, Perus e Bacanaço , do escritor João Antônio,

História dos Movimentos Sociais - Nota 8 - Autor: Mariel Reis

  A inserção de novos atores dentro processo social e a inversão da ótica histórica construída dentro do viés positivista em que a existência do herói/vencedor ditam a versão do fato histórico caem por terra em Questão social e historiografia no Brasil do pós-1980: notas para um debate , de Ângela de Castro Gomes que defende uma revisão historiográfica de certa matriz de pensamento sobre as relações de dominância na sociedade brasileira, propondo uma interpretação que dinamiza a relação política entre dominantes e dominados.  Em outras palavras, Ângela de Castro Gomes defende que “entre seres humanos não há controles absolutos e “coisificação” de pessoas, e que, nas relações de dominação, os dominantes não “anulam” os dominados, ainda que haja extremo desequilíbrio de forças entre os dois lados” , pontua. Em outros termos, descarta-se a idéia de escravidão como sinônimo de uma disciplina social capaz de manter enormes contingentes humanos por sucessivas gerações como estrangei

AD1 - História Contemporânea I - Nota 9 - Autor: Mariel Reis

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            O conceito de nação, longe de um consenso historiográfico, produziu inúmeras definições e especificidades questionáveis sob a análise de uma perspectiva histórico-crítica, constatando-se, dentro do debate, vernizes ideológicos contrários, não apenas em sua natureza – uma de cunho liberal e conservador, com Anthony D. Smith, cuja premissa “A nação moderna é uma “nação de massas“, isto é, algo que tende a incluir em sua definição a população em seu conjunto, o “povo” , entendido como totalidade dos que participam da vida da nação”, com uma delimitação restritiva dos participantes no soerguimento de tal conceito; outra, de caráter marxista e progressista, em Eric Hobsbawn, refletindo a inflexão oposta, o nacionalismo é uma anomalia incômoda ao marxismo ,  “internacionalista”, conforme foi praticado nos países da ex-URSS e seus satélites, conquanto discordante em contraposição a proposta formulativa de 1848 que preconizava:” O proletariado de cada país deve, naturalmente,

Democracia, um negócio fora de moda

Em nota divulgada no portal Ig, através do link:< http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/08/beth-carvalho-repudia-uso-de-sua-musica-em-ato-de-domingo-minha-voz-e-meu-samba-nao-os-representam/ >, a intérprete de sambas Beth Carvalho repudia a utilização da música “Vou festejar”, de autoria de Jorge Aragão, Neoci Dias e Dida, na passeata realizada dia 16 de agosto pelo grupo#Vem Pra Rua. Além do repúdio expressado pela cantora, critica também a descontextualização do uso da composição lançada em 1978 como apoio ao movimento das Diretas Já e da abertura política do país. Beth Carvalho, para não restar dúvidas, lista suas preferências políticas em um trecho abaixo reproduzido: “ Para que fique bem claro, eu, Beth Carvalho sempre me posicionei ao lado de líderes como Che Guevara, Fidel Castro, Hugo Chavez, Leonel Brizola, João Pedro Stédile. Inclusive, a música “Vou Festejar”, gravada primeiramente em 1978, sempre representou movimentos de esquerda e de abertura política como

Pílulas

Minhas pílulas, isto é, as postagens reduzidas, são confortáveis à ingestão do leitor. Antes, mesmo com boas intenções, meus novelos, devido as circunstâncias, pareciam não ter um fim. Emendavam ideias umas nas outras como em uma pregação para a conversão do outro. E nem sempre as causas valiam o esforço. Mudei muitas vezes de ideia. À compreensão de outras, reabilitei outras inúmeras às vezes contrárias as teses iniciais. A imobilidade física, durante minha doença, não permitiu ao meu cérebro qualquer possibilidade estacionária. O brizolismo, em minha infância e parte da juventude, antes odiado por assemelhar-se a um caudilhismo político, com teor populista, de parentela getulista, é, hoje, relativizado com o aumento de minha cultura política. A leitura de livros como Jânio Quadros, um depoimento, de Castelinho; Meus treze dias com Che Guevara, de Flávio Tavares e um recente artigo do professor Fausto Arruda sobre o período janguista rearrumaram, em meu imaginário, Leonel Brizola. Nã

O Meu Lugar

O Meu Lugar, livro de crônicas organizado por Marcelo Moutinho e Luiz Antônio Simas, conta com a minha gaiata contribuição Rolezinho com Nabuco. O meu lugar mesmo é a Pavuna, mas a lotação cheia não me permitiu escrever sobre o bairro de minha infância e adolescência. Restou-me o Centro de todas as desatenções conforme alcunha de Antônio Torres, o escritor baiano. Morei quase dez anos pelas redondezas entre o Largo das Neves e o Bairro de Fátima. Em minha ficção, não é novidade, muitos amigos são transformados em personagens. José Enokibara está em John Fante Trabalha no Esquimó, no conto homônimo; Francisco Olivar está como o inquiridor de Joaquim Nabuco em minha nova diatribe. Ambos são livreiros. E também sujeitos imortalizados pela memória e pelo afeto da cidade. Recebi a prova do meu conto para o okay final. O índice revelou um time de veteranos como José Trajano, Aldir Blanc e Nei Lopes. E a surpresa da abertura do livro com minha modesta croniqueta. Além de Pavuna, São João de

O stalinismo não pede desculpas

O núcleo petista e Dilma são stalinistas. A admissão de erros na condução política do país é uma atitude, para eles, impensável. Kruschev, ex-líder da extinta União Soviética, para apagar sua inexpressividade política, resolveu chocar o mundo revelando as ações de Stálin, antes um companheiro impoluto. A maioria dos comentaristas políticos iludidos creem em uma autocrítica do Partido dos Trabalhadores – se ela for realizada terá os moldes da praticada por Fidel Castro exposta no livro Autocrítica, isto é, sem nenhuma descida ao inferno ou alusão aos problemas estruturais de pouco mais de uma década de poder. O stalinismo não pede desculpas. Mesmo contra todas as evidências, permanece impávido; embora com muitas rachaduras no colosso com pés de barro que se desfazem rapidamente. O sucessor da atual presidente, além da promoção de um novo alinhamento econômico junto ao progresso do país, enfrentará o passado sombrio de uma administração engessada pela burocracia e o inchaço estatal. A

05 poemas de Mariel Reis

I Nada mais natural, explico: Nós dois na mesma cama. O que não é permitido É dividi-la com um amigo. II Dizem que as coisas no mundo São muito bem repartidas, Apregoava Sêneca: “ Entre elas, o bom-senso”. Não era o que me parecia Quando em cima da pica, Trocava o meu nome Pelo do cavalo do Imperador: Ó Incitatus, me cubra! Não reprovei tal ardor, Cumpri as suas ordens. E acrescentei um novo título Entre as minhas insígnias. III Na noite passada Você não reclamava De nenhuma Das minhas grosserias. Se eu ria ou falava alto Prontamente você aplaudia, E atendia, num salto, As minhas ordens. Agora, longe a fortuna, Não sou mais o cavalo Que lhe cobria fogoso. Não tenho majestade. Resta a coroa de louros; E ouvir da boca dos outros: - Lá vai o corno! IV Não posso fugir a verdade: É simples o meu instrumento. Algumas mulheres ao tocá-lo Preferem compará-lo ao pífaro; As mentirosas, com super

Poema de Mariel Reis

Cópula Sob as mil pétalas Um olho me espia, Nele está inscrito O universo inteiro. Repousa Graciosa Miro o seu relevo, Erigido nas dunas Esquivas do leito. Dê-me o segredo E um doce retiro, Sob seu capricho. Queda-me aflito Igual ao escravo, Entre seus joelhos.

04 pemas de Mariel Reis

I Retirei-me para o grotão da floresta. Lá eu era amparado pela grama, E a única música vinha dos pássaros. Ali, abandonado pelos homens, Consultava os meus pensamentos, E cantava salmos ao meu Deus interior. Ali, cercado pelo esquecimento, Meu corpo repousava dos assaltos, E bania de si todas as suas impurezas. Ali, sem nenhuma outra criatura, Meditava sobre a beleza e sua efemeridade, Porém, à Sua lembrança, doía meu coração. Eu me dobrava nos exercícios de solidão Ocupava minha boca com os hinos, Tudo se mostrava infrutífero. A aragem da floresta era o seu hálito, Sua voz maviosa, a canção dos pássaros, E a grama reluzente e macia, o seu colo. O meu retiro foi inútil, constatei, Ao investir em minha fuga, Aumentei o Seu jugo: Encontrei-A refletida no mundo. II Era Verão. Livrei-me das roupas. De um ponto Tu irradiavas calor intenso, Julgava-me em completa possessão Ao ocupar-me de tal pensamento: Percorrias meu

O Islam é a paz

"Aquele que fizer um bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á; e aquele que fizer um mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á." (99ª Surata, versículos 7 e 8) Minha bisavó materna pertencia a etnia fula, portanto sunita. O sunismo é a corrente majoritária do islamismo praticada pela maioria dos fiéis dos países maometanos. A denominação “sunita” deriva do termo “Suna”, livro que narra a vida do profeta Maomé. O famigerado Estado Islâmico, com suas execuções cinematográficas oriundas do imaginário americano – a imersão de dissidentes em uma gaiola numa piscina ou a explosão de discordantes em um carro por disparo de bazuca – talvez resultante do ingresso, em suas fileiras, de jovens ocidentalizados saídos de países altamente industrializados. A maioria deles aliciados pelo Estado Islâmico; embora existam relatos de adesão espontânea. Dentro dos relatos de associação espontânea ao EI, o surpreendente é a fuga de jovens ocidentais (http://www.pragmatismopol