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Mostrando postagens de junho, 2014

SORTE evita fiasco da Seleção Brasileira

A campanha brasileira pelo título mundial é repleta de reviravoltas. As mudanças não podem ser atribuídas a equipe ou ao técnico, mas a sorte. Nem os jogadores, nem a comissão técnica podem mais nos surpreender nos jogos restantes. A seleção brasileira mostra-se despreparada até mesmo em fundamentos como o penâlti. Não deve restar mais dúvidas de que o Brasil não produz mais os melhores jogadores do mundo. Isto explica a humildade de Neymar no Barcelona quando reconhece que Messi é superior. Ele não está sendo modesto ou gentil com o companheiro de time, está dizendo a verdade. As atuações do jogador contra seleções fracas parece aos comentaristas razoável – para os comedidos; e para os ufanistas, aqueles que não aceitam a realidade e não se conformam por não terem em campo jogadores como Pelé, Gérson e Tostão, tacham o garoto de gênio. O que é um exagero, se não for uma mentira. A imprensa esportiva é irresponsável quando afirma sobre um atleta aquilo que ele não é. Entretanto

Epígrafe do livro BORDEL DE BOLSO

Há alguma fórmula para escrever? B.M.  – Sim, temos um padrão: dizemos o nome, por que ele é importante, por que estamos escrevendo sobre ele, onde morreu e quando. O resto é biográfico. Mas podemos ser muito criativos em cima disso.

Seis por Meia Dúzia?

A saída de Mano Menezes e a entrada de Luiz Felipe Scolari. Pode piorar? A saída de Mano Menezes e a entrada de Luiz Felipe Scolari como técnico da seleção brasileira é o famoso trocar seis por meia dúzia. Talvez até algo pior. Porque, se há uma vantagem, se isso pode ser apontado dessa maneira, é que Mano Menezes procurava reencontrar o jeito brasileiro de jogar, um futebol de expressão alegre e menos sisuda. Luiz Felipe Scolari é a velha escola do futebol brucutu: zagueiros, volantes e cabeças de área. Muda-se o enfoque e a filosofia daquilo que se buscava da seleção brasileira que era a renovação. O ex-jogador Romário, articulador e ativista da saída de Mano Menezes, mesmo tendo sido um brilhante atacante, está equivocado quando louva a entrada do ex-técnico do Palmeiras para o comando do escrete canarinho. É certo que Luiz Felipe Scolari é um treinador de tiro curto, talvez adequado ao perfil de uma Copa do Mundo, mas não é um treinador com visão tática. É um

NAMORADA

Deveria ser assim mesmo: Primeiro se quer ser Shakespeare Escrever para a Eternidade E para a glória dos homens; Percebe-se o tamanho da tolice. Depois, atingidos pela modéstia, Apenas para alguns amigos. E com sorte, se a vida permitir, Para os olhos da namorada: O único céu que se quer morrer olhando... Para Aurea Beart, a minha namorada, neste dia.

Mora na Filosofia*

Atrás da Central do Brasil há um pequeno comércio informal cada vez mais reprimido pelos agentes da prefeitura. É lá o meu o ponto de encontro com um representante da Associação de Moradores do Morro da Providência. Do Restaurante Popular seguimos a pé rumo à subida do Morro. Mais alguns passos, o Morro da Providência se revela, primeira favela do Brasil, formada pelos soldados vitoriosos de Canudos, que ali acamparam para exigir ao Ministério do Exército um pagamento que nunca chegou. Além dessa referência histórica, o Morro se liga a figura do escritor Machado de Assis, nascido e criado em suas ladeiras. Meu cicerone prefere o anonimato e em homenagem a ambos, ao escritor e ao meu breve mentor, o denominarei daqui para frente pelo codinome Machado. Eu tinha que escrever sobre a Providência. E contactei a Associação. Machado é jovem, aparenta entre vinte e trinta anos, mora na Providência desde que nasceu. É casado e tem dois filhos. Atravessou todos os tumultos causad

(Quase) Teatro

Ressurreição I ( No meio da sala está uma cama, sobre ela está um homem bem vestido, barbeado, com ar respeitável, de sapatos lustrosos, com as mãos cruzadas sobre o peito. As pás do ventilador rodam lentamente, à esquerda uma cômoda com uma jarra de água e uma cesta com alguns pãezinhos, uma garrafa térmica de café, com um monte copinhos descartáveis empilhados e um pequeno pote de açúcar; um pequeno frigobar, com dois ou três cascos de cerveja sobre ele; na parede um relógio de ponto estilizado, desenhado a carvão) MARTA – É uma desgraça! O meu irmão! MARIA – O nosso irmão! Como? Como? DESCONHECIDO – Eu lamento muito, meus pêsames. MARIA – Como você pode lamentar? Como? Todos os dias, sempre no mesmo horário, ele se levantava. Barbeava-se. Asseava-se, para em seguida vestir-se com o seu melhor terno, bebericava o café, comia pão dormido e se enfiava na condução cheia para ir à firma. Era um dos primeiros, um dos primeiros a chegar, organizava

GRATIDÃO

  Este blog têm inúmeros leitores envergonhados. As estatísticas provam-no bem que se esquivam de se declararem muitos dos que aqui passam; talvez minha índole não seja tão bem-vinda quanto as minhas palavras para gozar da fortuna de tê-los – os leitores – revelados em minha caixa de comentários. A minha palavra deve valer mais do que eu e não estará errado ou se minha pretensão não me enganar; se enganado, ambos valem muito pouca coisa. Daí os leitores que as estatísticas indicam são menos leitores do penso, revelariam-se zombadores que troçariam de um bufão incapaz de lhes revidar por não ver de onde vem o murrro. É uma surra em quarto fechado e de fechado breu. Aos leitores envergonhados, somam quase pela contagem do blog quarenta mil, manifestem-se com um aceno, fará muito bem a este autor que só vê representado por números frios a passagem de cada um de vocês por aqui. Ou, sim, mantenham-se incógnitos, se lhes parece melhor, sem partido, invisíveis ao julgamento daqueles que m

EXERCÍCIO

SATANIK João Simões, sentado na poltrona da sala de espera, lia o jornal. Impaciente, consultava o relógio de pulso. O bigodinho fino retorcia-se-lhe na caratonha. Os lábios finos torcidos em palavra impronunciável, não suportava todo o tédio da Eternidade. Avisaram-no de que não seria o único candidato à entrevista; logo chegariam outros dois. A Eternidade tinha o aspecto de consultório clínico: a recepcionista limitava-se a abrir a porta, identificá-lo em ficha e encaminhá-la à saleta em que uma junta médica parecia ocupada na análise de candidato anterior. A recepcionista não era lá bonita, compensava a falta de beleza com uma caligrafia invejável. Esmerava-se no preenchimento do cadastro, cuja aparência de certidão antiga conferia ao documento uma impressão mais artística e menos burocrática. Fora a caligrafia, abrigava-se em um silêncio de remoção difícil, alterado apenas pela campainha, que a obrigava levantar-se, abrir a porta e recomeçar o pequeno interrogatório aos