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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

O Carnaval do Partido dos Trabalhadores

O desagravo à Petrobras promovido por Lula, no Rio de Janeiro, degenerou em violência. Militantes petistas agrediram os manifestantes que pediam a saída de Dilma do poder. As imagens circularam pelos principais jornais do país. Na tentativa de inversão de perspectiva, as MAV's [militância em ambientes virtuais] se esforçam pela falsificação da realidade. Lula não se pronunciou a respeito dos conflitos. Acusou os opositores e os insatisfeitos com o governo petista de golpistas. Acrescentou, ainda, que se era uma guerra colocaria seu exército nas ruas, referindo-se a João Stédile , dirigente do Movimento dos Sem Terra. Em artigo anterior, no livro Cidade Tomada, eu citava a subvenção federal aos movimentos sociais que serviam de poder paralelo ao governo, quando necessário às suas manobras – uma milícia clandestina cuja folha de pagamento estaria no colo do poder. O ex-presidente Lula, em sua fala, confirma a necessidade do desmanche dos movimentos sociais oportunistas, acenand

Exceções Propositais : uma crítica sem amarras

O comportamento da crítica, sem anulá-la em seu majoritário serviço pecuniário, deveria repousar sobre a identificação de vetores de cultura. Embora atrelada a compromissos corrompedores de sua natureza - supostamente livre - , a crítica literária, despida de um certo dirigismo,em vezes de independência, olharia mais à margem do que a margem eleita como oficial, com menos contaminação ideológica - impossível livrar-se dela quando os órgãos formadores dos profissionais atuantes não permite, em seus departamentos, impostura. E se ela se dá, os mecanismos de correção ou chantagem resolvem o problema de enquadramento do indivíduo problemático. O meu modesto exercício crítico, repousado em inovações, nem sempre enxergadas, abriu demais o horizonte apreciativo, porque no blogue Paralelos, hospedado pelo sítio O Globo, escrevi,antes mesmo de implementação no suplemento impresso da prática, sobre livros virtuais como o de Ana Paula Maia, Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos; além dele,

R.F.Luchetti

Em Os amantes da Sra. Powers ,de R.F.Luchetti, o preâmbulo, para um leitor desavisado, parecerá pretensioso diante da literatura proposta - a de alcance popular. O esmero imagético, para a descrição de um acidente automobilístico , promete à narrativa desenlaces pouco comuns ao filão a que está ligada: " O barulho foi mais terrível do que o estrago. O metal gritou em agonia, assim que o pára -lama da frente do primeiro carro foi arrancado e um pára-lama de trás do segundo ficou pela metade. O conversível deu uns pinotes para o centro da rua, hesitou por um momento, e então fugiu como um coelho assustado" . Ambas as imagens impregnaram meu cérebro de expectativa, embora o enredo fácil da história : Helen Powers, um linda ricaça com distúrbios graves de personalidade, comete assassinatos bárbaros. Seus amantes escravizados por sua beleza e astúcia são obrigados a auxiliá - la ,porque tornados cúmplices, temem a privação de liberdade. À essa altura, um detetive bonito e durão,

Um traço, dois passos

O poder pedagógico da alta literatura é nulo. A pretensão de penetrá-lo para lhe reconhecer os mistérios quase sempre resulta em decepção, embora constitua um exercício curioso. Como fazer versos,de Maiakovsky ou Filosofia da Composição, de Edgar Allan Poe não deixam de ser documentos interessantes para análise da personalidade de seus autores,mas,creio,nem eles mesmos, seguindo à risca o prescrito,seriam capazes de produzir um poema ou um conto segundo as próprias teorias. Não se espante portanto se lhe afirmo que a má literatura têm socorrido mais os escritores do que a boa literatura. Nela os elementos da composição podem ser enxergados,porque incapazes de se articularem conjuntamente, permitem ver as rachaduras nas paredes e,com isso,detectar o processo de erosão. Destarte, a boa literatura é um bloco maciço sobre o qual deslizamos as mãos em busca de emendas para a compreensão de sua formação, inutilmente. As emendas não existem. Autran Dourado,em seu manual sobr

Doação

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As minhas Cartas Fracassadas exemplificam a minha luta por uma residência. Ambas, das inúmeras enviadas a celebridades, estão disponibilizadas para leitura em meu arquivo, aqui no blog, basta procurá-las. Sou funcionário público, mas a minha renda, mesmo com as economias, não é suficiente para atingir o almejado para financiamento de um imóvel pela Caixa Econômica Federal cuja exigência é de 20% (vinte por cento) do valor como entrada. O valor necessário é de R$ 80.000,00 Decidi não recorrer a hipotéticos benfeitores midiáticos, porque o efeito é nulo. Assumi que a única coisa, além do meu trabalho, que me resta para conseguir a quantia é pedi-la como doação aos meus leitores espalhados pelo mundo, se as estatísticas não me enganam. Ou se, depois das leituras das cartas, um mecenas se interessar em me ajudar, pode entrar em contato comigo. Não sou um picareta. Nesse momento, nos Estados Unidos, 63 (sessenta e três) pessoas visualizaram o blog. A minha proposta aos

Observações sobre o cenário da política brasileira

A reeleição [de Dilma] já representava, com as denúncias de corrupção, descrédito para o país em relação aos investimentos estrangeiros e nacionais. Lembremos a desconfiança dos industriais paulistas. O impeachment é a única saída para a crise. Não é inédita a sua utilização. Entretanto, Eduardo Cunha, um provável candidato à presidência pelo PMDB em 2018, mede as suas consequências.  Se Michel Temer subir ao poder, com a saída de Dilma, as críticas lhe serão transferidas e,pior, ele não terá tempo para a reversão dos erros cometidos por sua antecessora. E, com o intento da disputa presidencial, não se arriscará a um desgaste da imagem partidária – por si mesma, em sua associação com o partido petista, bastante arranhada.  Expostos os fatores, creio que o PMDB não apoiará a reivindicação de saída da atual presidente. Dilma, com todos os seus erros, precisa estar lá para municiar a oposição e fornecer dados inequívocos para a deposição do PT de uma vez por todas.

Ives Gandra Martins e o impeachment

A celeuma provocada pelo artigo de Ives Gandra Martins, veiculado pelo jornal Folha de São Paulo, seção Opinião, reacende o debate sobre o impeachment da presidenta Dilma, dividindo opiniões, despertando paixões, suscitando contradições a respeito. Do ponto de vista democrático, muitos creem ser necessário o respeito ao processo eleitoral, acusando de golpista qualquer tentativa de intervenção na política praticada durante o mandato da candidata petista reeleita; mesmo com desmandos como medidas provisórias abusivas e tolhedoras de direitos trabalhistas ou com o intencionado cerceamento das liberdades individuais, com a revisão, não apenas dos  grandes conglomerados de imprensa, mas, também, do direito do cidadão comum, da expressão de sua indignação, submetida que estará a prévia censura gestada nos bastidores do poder do governo. O artigo que procurava razões jurídicas para o intervencionismo a favor da interdição presidencial suscitou fervoroso debate em sítios especializados

Ingênua Militância

A militância esquerdista, sempre surpreendente em sua argumentação, para inocentar a presidenta Dilma, através das MAV's [militância em ambientes virtuais] , resolveu tratá-la como chantageada. Todos as medidas impopulares, alegam os ativistas, não são de responsabilidade petista, mas imposições para governabilidade. Uma falácia sem tamanho. Medidas provisórias, mesmo as cerceadoras dos direitos trabalhistas, só podem ser expedidas pelo presidente da República. A desconstrução do mito de um partido ético tem sido uma experiência dura não só para antigos militantes, mas, a constatação de desmoronamento moral e contaminação liberal das ideologias trabalhistas, constatada nas medidas econômicas e a presença em pontos chaves dos setores do país de homens ligados ao mercado são elementos que representam o golpe final. E a acentuação da miopia descrita. O segundo mandato de Dilma, completamente desnecessário ao país, embora legitimado por uma parte da população, põe em relevo a indistin

Orelha para Claudinei Vieira

Um tango fantasma Todas as Minhas Ventanias, de Claudinei Vieira, representou um enigma durante a minha leitura. Como apresentá-lo, não ao público acostumado a engôdos, mas a mim mesmo, em sua natureza poética, se o processado em suas páginas não se assemelhava, em sua forma, à experiência poética ordinária obtida em minha educação através da leitura de inúmeros poetas brasileiros? A questão se aprofundava quando, em minha lembrança, surgia a produção contística do autor dos poemas, fixada em um volume intitulado Desconcertos, publicado pela editora Demônio Negro. O impasse, revelado pela ambiguidade, da classificação de poesia, reunida pelo autor, acentuava meu descrédito em relação à minha capacidade correlacional para enquadrá-la sob aspecto correto e honesto, em meu ponto de vista, da poesia. A leitura de inúmeros artefatos verbais, se não me remetiam ao cânone, reforçavam a aparência melopaica, emprestando ao poeta a atitude de um trovador urbano, garantindo-lhe um ar