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Mostrando postagens de maio, 2009

A Arte de Afinar o Silêncio

Reescrevo meus contos para formarem meu novo livro. Como sempre envio para um escritor que considero um bamba para opinar, desta vez tive a sorte de ter ao meu lado Eustáquio Gomes que me premiou com seus comentários. Segue na íntegra o e-mail do escritor: Caro Mariel Você me desculpe só agora ter lido o seu livro. Em compensação, espero que minhas palavras soem para você como música: sim, você é um escritor. E Arte de Afinar o Silêncio é um belo conjunto de narrativas. Li-o em duas horas, mas a riqueza de seu texto pede releitura. Seu primeiro traço: a originalidade. O segundo é o domínio da linguagem. E o terceiro, a inventividade. Haverá outros que você sabe quais são. Gostei muito de “O labirinto”. Às vezes me dava a impressão de uma novela,às vezes de um conjunto de microcontos. O final surpreendente diz que é um conto-novela, embora possa funcionar também do outro modo. Mas é nessaindefinição que reside sua singularidade. O trabalho; estou atrasado. Percorro a distância da casa a

Metafísica

Para Aurea Um amanhecer secreto Habita teus olhos, Oscila dentro deles Uma paisagem Tão sobrenatural Que me rouba o canto. Nessa memória: toda a metafísica.

Evento - Sesc - SJM

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Está aí o folder idealizado por Marko Andrade, cantor, compositor e violonista. Nas horas vagas se diverte ajudando aos amigos e sendo designer de publicidade. Muito obrigado. Aliás, aguardo vocês todos por lá.

Mojo Books

No ano de 2007, com a criação da Mojo Books, a convite de Delfin, criei em cima do álbum Racional de Tim Maia o primeiro mojo genuinamente nacional. Hoje o projeto é um sucesso, com autores importantes escrevendo sobre seus discos prediletos. Em uma visita a página descobri que o "meu" Racional está esgotado. Isso me alegrou bastante. Quem quiser pode conferir no link abaixo: http://mojobooks.virgula.uol.com.br/mojo_inteira.php?idm=12 P.s: Só minha biografia está meio bagunçada.

Você Deve Comparecer

Francisco Slade, ROMANCISTA, grafei assim para que não esqueçam as maiúsculas lançará (Fantasma) no dia 04 de Junho, às 19: 00 h, no espaço Multifoco, no Rio de Janeiro. O recado está dado. Para bom entendor, um pingo é letra. Eu estarei lá.

Avante, Meninas Super - Poderosas!

A minha “obra” acaba de ingressar oficialmente nos círculos acadêmicos. A turma de arte – terapia da UCAM – Universidade Cândido Mendes, capitaneada por Sânzia, resolveu realizar comigo uma longa e deliciosa entrevista no bairro do Grajaú. A entrevista contou com Fátima, Denise, Lucinha e Luzia. Esta última nossa anfitriã. A recepção terna me emocionou muito, a conversa pontuada por observações inteligentes e colocações sobre meu trabalho de ficção foram pertinentes. Embora me desagrade falar sobre o que escrevo, eu não me neguei ao pedido, portanto saímos todos felizes de lá. O trabalho fazia parte de uma tarefa da disciplina de Psicopatologia. Os contos escolhidos pelas meninas carregam algo do solicitado pela professora que desejava a palavra viva do artista sobre sua criação. Espero que elas tenham sorte e que sirvam de alguma coisa as bobagens que falei naquela noite. Boa sorte, meninas!

De Onde Nascem as Histórias

As minhas publicações alcançaram relativo sucesso, porque ganharam espaço nos jornais, comentadas por colegas pela originalidade e criatividade com que foram desenvolvidas. Não existe criação espontânea. O ponto de partida é às vezes insuspeito, não se apresentando de modo imediato ao escritor. Outras vezes, isso ocorre tão simultaneamente que se não tivermos uma caneta e um pedaço de papel, perderemos para sempre aquela ideia que resultará em uma história. No meu caso, porque isso é particular, a criação se apresenta para cada um de um jeito, a gênese das minhas histórias se pauta no meu cotidiano e muitas das vezes em minha própria vida, em hábitos condenáveis – isso não quer dizer que sou um pervertido ou a reencarnação de Sade – como o descrito no conto John Fante Trabalha no Esquimó, que dá título ao meu recente livro. Neste conto, exploro uma mania minha que me custou caro. Sou um aficionado por escritores, quando comecei a trabalhar no Centro do Rio de Janeiro, isso extra

Sobre Cosmorama

Elaine Pauvolid para mim Caro Mariel, Como te falei andei viajando. Estive fora, e por isso demorei a ler seus poemas todos. Mas agora que os li, posso dizer que além de contista excelente, escritor promissor (por conta da pouca idade e do início no ofício, tal como eu) possui também jeito para poesia, para fazer poemas. Interessante o movimento que executa. Primeiro um livro de contos, agora um de poemas. Muitas vezes os poetas seguem para a prosa... E é raro ver um contista com vontade de poeta. E seus poemas parecem um grito, um vontade de deixar marca na pedra, deixar seu rastro bem definido. Não lhe bastou ser contista, ter feito o "trabalho de casa". Com o surgimento de Cosmorama fica parecendo que faltava algo a dizer. Como se o recado fosse: "eu ainda não disse tudo!" E a platéia, que já se retirava do teatro, volta para continuar assistindo o espetáculo. Acho que o lirismo não está na moda e muitas vezes é confundido com o confessional derramado, com insta

Minha Mãe

Ela amadurecia o dia Levado com atenção no ventre, Ver crescer rente ao corpo a música Silente da vida que carrega: via De um amanhecer silencioso onde Ela costura as sombras diminutas, Da triste paisagem da carne. Reparte Alegria como pão em ceia mágica Ela é minha jóia, ave arauta Do meu corpo e minha poesia, O meu lugarejo de descanso Imensa mangueira lauta. Eu sei que só ela podia Dar cabo de minhas angústias, Quando era menino e fugia, Não, eu não desejava a vida, Porque era bem pouca. Desisti De pronunciar outras palavras Porque não me vinham daquela boca. Ela amadurecia o dia E me vestia como certa roupa Domingueira. Costura meu corpo Com a sua poesia: eu a sonho Durante a canção que componho.

Quando eu morrer

Quando eu morrer, Uma canção qualquer Desprender-se-á daquela folha Que roça o vidro da janela. Pássaro intranqüilo De canto indiviso Trancará minha imagem, Em vulto longínquo Sem ensaio algum Deste ponto da paisagem. Quando eu morrer, Determinará números E sinais certa natureza Que finitos em beleza Seqüestrarão toda a metafísica: Erguidos os ossos do dia, Quem o manterá aceso? A natureza mineral do medo?

Meu Pai

a Wilson Scanzi Simon Desembaraço meu corpo Das tuas linhas; mínima figura Surgida do teu ombro. Meus braços Acenam com assombro Quando ultrapassas a cozinha. Teu cheiro de coisa marinha Entranhado na minha blusa, Animal de urgências simples Acende com os olhos o cotidiano. No chão, nossas sombras De diferentes estaturas, misturam O presente e o passado. O teu corpo Minha bússola acorda o sol cansado. Estendidos sobre a linha da areia Revolvendo com os dedos o crepúsculo, Sob a lassidão do teu músculo repousa Minha breve fantasia: Corre louca a sua voz no tempo Algaravia de pássaros em romaria Sobre o telhado de nossa casa Que o tempo consumia Desembaraço meu corpo Das tuas linhas, sem notar Que em meu avanço tua presença Se esvaía: quando no teu ombro Ultrapassávamos o pórtico da cozinha E me confessavas as lembranças De intimas paisagens marinhas.

Retrato carioca sem maquiagem

O escritor e crítico literário gaúcho Alessandro Garcia escreve também sobre o livro John Fante Trabalha no Esquimó. Obrigado. Enviado por Alessandro Garcia - 2.5.2009 17h37m Retrato carioca sem maquiagem Em John Fante Trabalha no Esquimó, Mariel Reis une ode à literatura ao relato urbano desglamorizado.O incauto que se deixar levar tão somente pelo que sugere o texto de contracapa de “John Fante Trabalha no Esquimó” (Calibán), poderá achar que este livro do escritor carioca Mariel Reis – seu segundo vôo solo após “Linha de Recuo e outras histórias”, pela Editora Paradoxo, mas também o mais recente depois de uma série de antologias das quais o autor já participou – é uma daquelas obras literárias que encanta apenas aos literatos: é ressaltada a lição que Mariel assimilou da obra de Drummond, é destacado o fato de sermos contemporâneos dos escritores que amamos e é sugerido que seus personagens acompanham os passos de João do Rio, Marques Rebelo ou Moacir C. Lopes. Natural, já que