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Mostrando postagens de março, 2009

Sonho - 30 de Março

Devia ser este o sonho. Eu pouco me lembro. Mas devia ser do modo inusitado. Minha filha crescida subindo aflita ao meu apartamento. Como sei que era minha filha? Ora, a pinta em sua bochecha. Aflita, me pedia para sentar. Dirigiu-se até a cozinha. Ouvi o barulho de uma colher mexendo em um copo. Voltava a minha filha. Copo de água na mão. Pediu-me que ficasse calmo. As mãos trêmulas. Os olhos parecendo sair das órbitas. Retribui o pedido. Levantei-me para ela se sentasse. Eu estava velho. Não o bastante para ter dificuldade em me mexer. Meu corpo parecia ágil. Era de fato ágil. Meus cabelos embranqueciam-se. Minha pela tinha uma cor passada. Eu estava velho. O computador ligado. Escrevia sei lá o quê. O cursor interrompido piscando. Como a notícia que minha filha me trazia. Devia ser um sonho. A última vez que conversei com minha mulher sobre minha filha, ela me disse: “Casou-se com um estrangeiro. Mora fora.”. Perguntei: “Onde?”. Na França. Lembro que liguei para um amigo que freque

Sobre a Natureza do Amor

Para Áurea e Iracema Não, meu caro Pessoa, O amor não cabe em dicionários; E mesmo que intentes capturá-lo Não poderás. Por que? Então perguntas. O amor para cada homem É algo diferente, responderei. Neste caso, me dirás, Existem amores De dois tipos: Um doente E outro, sadio. Nisto não haveremos De discordar. O amor, meu caro Reis, Não possui etérea forma; Como o líquido, Ao recipiente, Se conforma. Não encontrando No mundo imagem ideal, Imiscui-se na natureza Das coisas. Não se pode apontar: - Neste caminho, o Bem; E noutro, o Mal.

REVISTA ZUNÁI

Claudinei Vieira, escritor paulista, quando convidado a ser editor especial da seção de prosa da Revista Zunái, não hesitou em me colocar entre suas opções para publicação. O que é sempre uma honra e uma responsabilidade muito grande. Já está no ar a edição com um conto do meu novo livro John Fante Trabalha no Esquimó. A revista conta com outras colaborações de peso: Gabriela Kimura e Paulo F.É somente uma pena que na chamada para o meu conto meu nome apareça trocado para Mário Reis. Isto não é nada, porque quando se clica nele, a verdade aparece: "A visita", Mariel Reis. Estou grato ao Claudinei Vieira, meu amigo e a equipe da revista que apostou em sua sensibilidade. http://www.revistazunai.com/ link da revista Zunái - ANO IV - EDIÇÃO XVII - MARÇO DE 2009 http://www.revistazunai.com/contos/mario_reis_a_visita.htm link do conto

Elaine Pauvolid - Editora da Revista Aliás - resenha John Fante Trabalha no Esquimó

Carta-resenha sobre o livro John Fante trabalha no Esquimó, de Mariel Reis, editora Calibán Mariel, acabei de ler o seu livro John Fante trabalha no Esquimó. Desde que conheci seu modo de escrever numa oficina de contos de que participamos na Tijuca, sempre soube que era um escritor. Que possuía, além de uma erudição quel he facilitava as coisas, um estilo todo próprio de escrever. E mais: que sua escritura não havia surgido de uma situação que a favorecesse, muito aocontrário. Até onde eu sei, seu processo de aproximação da escrita foi algo que nasceu da sua paixão pelos textos que lhe chegaram e do desejo de entender e participar deste universo. Por isso meu entusiasmo quando vi seu livro lançado! Por isso saí atrás de você para convidá-lo urgentemente a participar da revista que estou montando agora mais seriamente. Isso sem que o sabe bem... E nós só vamos saber porque o empresário se manteve de costas o tempo todo até o final da narrativa. Você consegue se situar num lugar diferen

Resenha John Fante Trabalha no Esquimó para Revista Caliban

Obrigado, Luíz Horácio por sua resenha. JOHN FANTE TRABALHA NO ESQUIMÓ OU A DOR QUE NÃO IMPEDE O SONHO *Luíz Horácio John Fante trabalha no esquimó é um livro violento, quase feroz, afronta a indiferença, tão comum em nossos dias novelescos e “biguibrodianos”, seus contos retratam experiências nunca dissociadas do homem. Sejam elas cruéis, sejam elas oníricas. A dor não impede o sonho. É isso o livro de Mariel, sonho. O sonho que não queremos que chegue ao seu final e o pesadelo rotineiro de quem, por exemplo, vive na rua e cuja vida está por uma garrafa de álcool e um pau de fósforo. Estimado leitor, o cenário das histórias não é nada colorido, a trilha sonora não inspira amor, paixão, tampouco compaixão; mas o autor não se ocupa apenas em passear por esses escombros humanos, Mariel os apresenta como denúncia, não se trata apenas do esfacelamento da dignidade cari

Mistérios do livro Linha de Recuo

Até agora nenhum leitor me escreveu sobre determinados contos do meu primeiro livro "Linha de Recuo". Resolvi esclarecer com quais autores e textos alguns dos contos - prefiro narrativas - mantinham diálogo. O primeiro que será postado aqui será Rinha. Neste conto a minha pretensão se estabeleceu em conversar com um texto de Contos de Aprendiz, de Carlos Drummond de Andrade, intitulado Meu Companheiro. Rinha um conto de Mariel Reis A aguardente no balcão. Jonas conversa. A cabeça oscila de um lado a outro como se fosse tombar. As palavras saem engroladas. A fala áspera, entrecortada de palavrões, vai enchendo o ambiente. O dono do bar despeja outra vez a branquinha no copo. As entranhas remexem-se a cada gole. Não se confia em mulher, eu já disse. Homem que confia em mulher é trouxa. E outra talagada. Conta aí, Jonas. Já digo. A puta me fez uma tremenda falseta. Vocês nunca vão entender. Nunca. Sebastiana, mulher de Jonas, entra na venda. Um quilo de arroz. Pode pôr na conta

John Fante Trabalha no Esquimó no Prosa & Verso

Na edição de sábado do Prosa & Verso saiu uma resenha sobre o livro. Stefania Chiarelli desenha o movimento dos textos competentemente e assinala sua linhagem - nisto, como autor, discordo - e descedência. Adivinhem...Rubem Fonseca. Mas, fora esse contratempo foi ótimo que o livro foi notado. Agradeço ao Miguel Conde que há dois anos atrás já conversava comigo sobre a possibilidade de publicação dessa apreciação em um encontro fortuito em uma das escadarias de Santa Teresa onde topamos um com o outro. Ele,Miguel, indo para o trabalho e eu idem. Ambos em sua correria habitual. Resta a resenha do Jornal do Brasil que sairá logo. O resenhista não me é misterioso, mas não mencionarei seu nome para os neurastênicos de plantão não acharem que senso investigativo tem relações secretas com favores escusos. O livro vai bem, pelo menos até agora. Ah, o Rascunho....Mas isso é outra conversa.