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Mostrando postagens de julho, 2010

Rosten ou Nestor ou Índice Duplo

Certa vez, afirmei aqui no blogue, que tinha três leitores assíduos. A minha conta estava enganada. Porque constato que outro se soma a lista e não esconde o vício em literatura decadente como a que pratico constantemente neste meu diário de navegação virtual. Rotsen Alves sobe à embarcação. É escritor competente, mas preguiçoso. Roteirista talentoso e crítico inveterado das minhas ousadias teatrais. Auto-denomina-se Bárbara Heliodora de calças compridas. E não poupou meu Auto do Bom Ladrão de pancadas, contudo acariciou a peça curta Estamos Os Dois A Sós, parabenizando a execução daquilo que me custou muito escrever. Trabalho amenizado pela presença de minha mulher, Aurea, que me orientou nas veredas sertões do texto dramático. Meu amigo, seja bem-vindo a este grupo seleto, mas com longo calvário a cumprir.

Odair José, John Lennon e Salinger Ou Extranhas Ligações

Para Rotsen, que me forneceu o título esotérico Quando tive contato pela primeira vez com o nome de John Lennon não foi através do elepê dos Beatles ou nas páginas dos jornais ou nas estampas de camiseta, porque não saberia distingui-lo da Janis Joplin ou de outro cabeludo da minha rua. O modo improvável como ouvi sobre o autor de Imagine teve uma via curiosa, porque a língua de bife não fazia escola no bairro da minha infância. A não ser em uma ou outra família que tinha a esperança de tornar o filho piloto de avião ou a filha em aeromoça. Foi a minha vizinha com sua vitrola, onde os discos de Odair José tocavam sem parar, que me revelaram a canção Eu queria ser John Lennon. Aquilo me intrigou. Como um cantor brega, autor de Pare de Tomar a Pílula, mais popular em minha cabeça do que qualquer outra música do repertório dos Beatles, queria ser esse moço? Pedi a meu pai que comprasse em uma banca de revista uma pequena biografia sobre o individuo. Descobri sua música e trajetória e perc

Lona Cultural Jovelina Pérola Negra tem Licitação Marcada, Mas Até Agora Nada Tem Sido Feito

O prefeito Eduardo Paes prometeu “nova- iorquizar” o bairro da Pavuna, Zona Norte, com a chegada da Lona Cultural 2.0, eco-projeto desenvolvido pelo arquiteto e subsecretário de Cultura Washington Fajardo, que a diferenciará do modelo das outras lonas presentes no Estado, modernizando-a, fugindo da típica estrutura física circense. A Lona Cultural da Pavuna, a ser instalada na Praça Ênio, batizada de Jovelina Pérola Negra, contará com o projeto inovador de um telhado verde e um observatório com telescópios como o Planetário da Gávea. Contará com três mil metros quadrados de área construída e terá um cinema a céu aberto para a população. Jandira Feghali,secretária de cultura da prefeitura na ocasião, ressaltou que a construção de um prédio desses geraria a auto-estima na comunidade, mudaria a estética e traria um novo conceito de cultura acessível para a região. Tudo isso pode ser encontrado na edição do Jornal do Brasil, no dia oito de março de dois mil e nove. O anúncio da licitação é

Dois Posfácios, Dois Temperamentos

A Sordidez das Pequenas Coisas ou A Iluminação Pelas Pequenas Conjecturas (Para Alessandro Garcia) É sabido, pelo menos por mim, que durante a leitura de um livro digno de ficção, a sensação de cansaço empreendida na travessia permanece nos músculos, excita a imaginação e congestiona o cérebro, porque tivemos contato com algo superior e, sobretudo, descrito de modo convincente por alguém que deseja um pacto completo com a ilusão que cria. Isto sem dúvida deve ser o que ambiciona todo ficcionista, estreante ou não. Mas poucos conseguem manter o leitor preso à sua teia, mesmo quando o volume fechado sobre a mesa assombra a consciência com a qual manteve, naquele espaço de tempo, cumplicidade e terror, para revelar os caminhos da iluminação sutil do que está ao redor. Alessandro Garcia, ilusionista gaudério, forçou-me a adotar a postura do deus Janus. Voltando meu olhar tanto para o meu interior quanto para o volume sobre a mesa. Não lhe falta à habilidade do narrador, tampouco a inventiv

Oswaldo Montenegro, um enigma(?)

Oswaldo Montenegro é um enigma na música popular brasileira. As novas cantoras não regravam ou pedem músicas ao menestrel; as consagradas não mencionam seu nome, não tem no repertório sequer um sucesso do artista, em suas entrevistas não reclama da fama de chato, inclusive já fez canção com a gozação, encara numa boa as censuras recebidas, a de brega parece nem mesmo amolá-lo. Tem sorte no amor, isto parece recompensá-lo. No currículo do conquistador, consta o nome de Paloma Duarte, jovem atriz. Outro dia, escutando novamente as canções de Oswaldo Montenegro me deparei com a Lista, que depois de Epitáfio, defendida pelos Titãs, disputam o título da canção mais brega que já ouvi. Não posso acusá-lo de mau gosto, mas a música, extremamente sentimental não possui a contenção necessária que a levaria a elegância de canções como Naquela Mesa, cantada de maneira exímia por Nelson Gonçalves. Outra canção, que me soa um disparate como letra, é Lua e Flor, só comparável com Açaí, de autoria de

Seleção Brasileira

A escolha para técnico da seleção brasileira, após a demissão de Dunga, depois do fracasso na campanha da Copa na África do Sul, tem rendido inúmeras discussões de especialistas. A CBF, na figura de Ricardo Teixeira, presidente desse órgão, havia escolhido Muricy Ramalho, técnico do Fluminense, com um currículo de vitórias e merecedor da indicação. O clube carioca preferiu não liberá-lo, porque as más línguas acreditam em um desentendimento incontornável entre Ricardo Teixeira ou Ricardo I, apelido angariado pelos seus mandos e desmandos a frente de Comissão Brasileira de Futebol e Roberto Horcades, presidente do Fluminense e ex - cardiologista do poderoso chefão da CBF. A discórdia repousaria sobre o Clube dos 13...Se é verdade, nunca se saberá. Com Muricy Ramalho fora, decidiu-se por Mano Menezes, técnico do Corinthians. Este aceitou a colocação sem pestanejar, mas não possui o currículo de Muricy Ramalho. Mas não se constrangeu em ser a segunda opção de Ricardo Teixeira. A seleção b

Cléo Pires Na PLayboy

A revista Playboy pretende ter em suas páginas a atriz Cléo Pires, de 27 anos, filha da atriz Glória Pires e do cantor Fábio Júnior. Se não é uma unanimidade entre os leitores a sua presença, porque não representa o gosto do público, o diretor da revista no Brasil, Edson Aran, sente-se satisfeito e recompensado por ela ter aceitado o convite. O cachê parece ter sido o responsável pela decisão da atriz. Em depoimento disse ter sido sempre assediada pela revista masculina, mas nunca conseguiram um acordo. Com o nome do fotógrafo decidido, Jacques Dequeker, gaúcho, percebe-se que a escolha por um profissional competente, atuante no mercado de moda, pode resultar em fotos artísticas e com um acabamento elegante. Mas depreende-se que o fotógrafo se utilizará de todos os meios para esconder o principal defeito, para os leitores desta publicação masculina, Cléo Pires não é uma gostosa, no estrito sentido da palavra. A primeira fotografia divulgada pelo site IG mostra bom-gosto na realização d

Soneto Luxurioso ou Quase

Para Aretino Oh, MUSA pode haver algum mal Se este teu amante quiser o gozo, E neste supremo apelo amoroso Quiser cobri-la com o imenso pau? Se porventura representar ofensa, Não me acuse de falso pudor, acaso Meu furor não modificar o que pensas Quando me decidires pelo belo rabo... Oh, arremetê-lo com toda luxúria Escrever meu nome pela Eternidade, Se ao poema acusar certa incúria Não terá sido nenhuma maldade. Oh, MUSA aceita meu apelo amoroso, Dentro do cu me concedes o gozo?

Antes Tarde Do Que Nunca

Comunico a minha satisfação em estar em duas revistas virtuais de primeira linha. A primeira, é Celuzlose, capitaneada por Victor Del Franco, onde marco presença com o conto Absolvição. A revista está no quinto número e nele você me encontra em companhia ilustres. Segue o link do blog onde podem acessar a revista: http://celuzlose.blogspot.com/ - nesta quinta edição acompanho os seguintes escritores: Entrevista Ricardo Domeneck BR.XXI - Literatura Brasileira Contemporânea Érica Zíngano Érico Nogueira Floriano Martins Lígia Dabul Marcelo Hilsdorf Marotta Mariel Reis Paulo Vieira Prisca Agustoni GEO - Literatura sem Fronteiras Anila Resuli (Albânia / Itália) Fabiano Alborghetti (Itália / Suíça) Stefano Raimondi (Itália) Sylvia Beirute (Portugal) Caderno Crítico Elogio da síntese - por Carlos Felipe Moisés O que é poesia? Edson Cruz (Organizador) Jairo Pereira Joana Ruas Nelson Guerra BIO - Vida & Obra Stéphane Mallarmé - por André Dick e Nicole Cristofalo LÚCIDA RETINA - Poesia
Este comentário generoso, refere-se ao poema postado logo abaixo. E o último verso que está mencionando era o seguinte: "Eu, aleatório navegante", suprimido porque realmente esvaziava sensorialmente o poema, tornando óbvio aquilo que tive o trabalho de ocultar, tornar oblíquo. Portanto agradeço a este amigo e poeta por estar de acordo com a operação executada. Abraço Mariel Reis **************************************************************************************** "Teu poema é maravilhoso: tem a exuberância de uma linguagem luxuriante e justa, do jeito que a gente gosta de ler num poema instigante. Continue nesta pegada. Agora, deixe o leitor sentir no corpo do poema a atmosfera que você pôs no último verso, o poema já está dizendo. Aliás, o poema diz muito mais. Não dê ao leitor esse último verso, faça-o pensar. Depois que você escreve: "Com tua arquitetura de ilha", não dá para dizer mais nada. Abração, S. M."
Continente Hesitante Para Aurea Translúcida, Passeias pelas coisas Cosidas pelas linhas do dia brilhante, Tu resgatas em mim o que antes Pelo teu corpo se perdia. Nenhuma canção me salvaria Da tua loucura de diamante, Eu me renunciaria. Ansioso pelo instante Em que tu me ocuparias Com tua arquitetura de ilha.

Botafogo

Para Didi I A Bola A lua comovida Descansa no gramado, Presa de olhos enamorados. II O Drible O vento chacoalha As folhas de passagem, Borboletas pelo chão. III O Chute Cai a folha, seca. Descansa o sol na tarde, Pousado na rede do horizonte. IV A festa O ar tremeluz -Sobrenatural - alguém, Caminha sobre o ar.

Escritor André Ferraz Presenteia o Cativeiro com sua Ficção

O texto abaixo, pertence ao escritor André Ferraz, que mostra competência nesta observação repleta de suingue e malícia sobre uma fatia da realidade. A leitura é um presente, porque com sacações poéticas e senso de observação incomum, revela-nos a sensualidade que as palavras, quando bem arranjadas, podem expressar. Ah, é ficção, gente. Lucinete é uma brasa Lucinete têm lábios grossos, desses como arame farpado. Sempre com seu cigarro que realçava a boca escandalosa. Uma normalista de saia justinha e batom carmim. Eu como bom malandro perseguia o beijo daquela boca, mas ela era danada. Fazia cara de quem não liga pra caras como eu cercado de livros e rosto vermelho, quando ela olhava debochada! LUCINETE centelha e cometa abastado com calda grande... morena que dá volta até no diabo, puxando o rabo e dando nó no tridente. Morena lunática, morena jambo como doce de leite. Eu havia visto essa morena fumando no intervalo das aulas. Eu professor e macho de uma macheza delicada queria lamber

Mais Copa

Outra Partilha da África? Vocês, meus leitores, nesta final em que restam apenas times europeus - Alemanha, Espanha e Holanda - não estamos em um repeteco irônico da História? Brigarão Espanha e Holanda pelo direito à Taça do Mundo? Ou será que a memória resgatará aquele congresso ocorrido em Berlim, na corrida imperialista, sobre quem ficará com o quê naquele continente? Não existe nisto uma ironia tão profunda, que talvez confirme alguns preconceitos boçais persistentes no país -sede da Copa? Um tapa com luva de pelica em toda luta de Mandela? Simbolismos à parte, isto me deixa profundamente triste...

Missivas Sobre A Copa de 2010

Brasil fora da Copa, Aurea fora de órbita Amigo... pronto para ler uma epopéia? Belle queria pintar a acasa de vovô de verde e amarelo, se encantava com todos os badulaques temáticos e falava com empolgação sobre a importância do Brasil ganhar a Copa. Isso tudo antes de começar o certame. Cheguei a comprar tinta de rosto e gel que colore o cabelo, e vovó não resistiu a uma camiseta amarela com o mapa do Brasil em strass. Tudo pela torcida de uma pessoa só. Ela. Quando começou a onda do album de figurinhas - "que todo mundo na escola tem, mamãe!" tentamos explicar que esporte era muito divertido, mas que não fazia diferença de verdade para a vida do país se o Brasil perdesse ou ganhasse. Que o objetivo dessa onda verde e amarela era vender mais e mais coisas, para a loja ficar rica, enquanto quem compra fica cada vez mais pobre. E que mamãe estava devendo quase mil reais no banco, não tem como gastar com coisas que não fossem absoluta prioridade de vida, fora do ciclo - com

Para Os Paladinos da Pavuna e Os Sonhos Daquela Época

"E bêbados de nós mesmos, a mesa coberta com os destroços do combate — difícil dizer o que é sangue e o que é molho de tomate —, brindaremos as cadeiras vazias dos que lá não estão. Os fantasmas de uma geração. Um que morreu no exílio e foi devorado por vermes estrangeiros. Um que enlouqueceu um pouco e tem delírios passageiros. O que comprou um sítio em Cafundós do Oeste e nos manda fotos tristes dos seus pés em tamancos. O que nós só vemos na rua, esbaforido, correndo entre dois bancos. O que era anarquista e acabou na IBM. O que era poeta maldito e acabou na MPM. O que casou com a Vivinha e dizem que come a sogra. O que era seminarista e dizem que transa droga. Um que ia mudar o mundo, e se mudou. O que ia ser o melhor de nós todos, e vacilou. Nossa Rosa Luxemburgo, que abriu uma butique. Nosso quase Che Guevara, que hoje vive de trambique. Restaremos você e eu, irmão. E os balões circundarão nossas cabeças como velhos remorsos. E o pianista ruirá sobre as teclas como o Império