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Mostrando postagens de dezembro, 2014

A lista

A exigência de uma listagem com os dez melhores romances variaria conforme a lembrança das inúmeras leituras realizadas e o prazer obtido em cada uma delas. Embora já tenha realizado para um amigo a tarefa de elencar os autores, irei me esforçar, aqui, para ter uma lista definitiva: Autores nacionais e estrangeiros: 1 – Ratos e Homens, de John Steinbeck; 2 – Mandarim, de Eça de Queirós; 3 – A lenda do santo Beberrão, de Joseph Roth; 4 – Olho sem Vontade, de Marcílio Teixeira Marinho; 5 – Contramão, de Antônio Olavo Pereira; 6 – Casa Velha, de Machado de Assis; 7 – Uma Morte Bem Doce, de Simone de Beauvoir; 8 - A morte de Ivan Ilicht, de Leon Tolstói; 9 – A Chuva Imóvel, de Campos de Carvalho; 10 – Clara dos Anjos, de Lima Barreto. Em minha listagem definitiva constam apenas autores mortos. E todos os livros possuem, no máximo, cem páginas cada um.  

Dois Poemas de Mariel Reis (inéditos)

Mil Orações. Mil orações sob a língua Sobem à montanha, Em rebanho de nuvens. Lá não encontram ídolos, Ou ouvidos,para abrigá-las; E descem, novamente, aos homens Como chuva para irrigação Do solo de suas crenças. Ela, o rio. Macerei pétalas às pedras. No rio,consegui o perfume; E desprendida das águas A voz subiu-me aos ouvidos; A tua presença era completa. E,no instante seguinte,apagava-se Na renda de espumas. Uma outra vez o rio a levava.

NULIFICADOR

Não ser citado em entrevistas. Não ser lembrado para antologias. Não ser entrevistado. Não estar em uma grande editora. Não estar em editora alguma – até o momento. Não ser o centro de nenhuma discussão. Não ter sido premiado: ou por uma obra isolada ou por seu conjunto. Não ser colunista de jornal. Não ser um fabricante de opiniões televisivo. Não ser um sex expert. Não ser agenciado. Não ter livros traduzidos. Não ter participado de festivais literários. Não ser consultor de inúmeras ideias alheias à literatura. É o que me resta. Embora tenha escrito dois excelentes livros inéditos: Bordel de Bolso e Boa Noite, Burroughs. Embora seja editor de uma revista promissora, juntamente com amigos. Embora seja parecerista literário de uma agência expressiva. Embora seja solicitado por determinado grupo que vê valor em minhas opiniões. Embora, em meu anonimato, seja ele voluntário ou não, tenha voltado a me pertencer e não participar de um jogo com o qual não concordo. Embora ninguém tenha p

Cartas Fracassadas II

Caro Aguinaldo Silva, Insisto com você, não é mesmo? Que diabos, você deve pensar, porque me perturba tanto, o que fiz a Deus para merecer isso? Eu não o culpo, absolutamente, não o culpo, também não o culpo por ter sido um ficcionista de primeira linha, tradutor e editor de igual competência. Entretanto, eu também não me culpo. Não me culpo por ter lido Redenção para Job, nem a introdução que o posiciona como uma virtuose da literatura, não me culpo por ter encontrado o livro sendo vendido em Ipanema, na banca do Barba, como é conhecido o livreiro daquelas bandas, um sujeito tão inusitado que poderia ser criação sua se não pertencesse a si mesmo, ou , antes, a Otto Lara Resende e Fernando Sabino que tinham especial carinho por esse livreiro que se entorna em uma das esquinas da Rua Canning. Você não tem culpa nenhuma, Aguinaldo, de ter se tornado um teledramaturgo de sucesso, crescendo aos olhos desse menino que acompanhava suas novelas, entusiasmando-se com Senhora do Destino,

Cartas Fracassadas

Caro Luciano Huck, A carta vai algo comovida. O serviço realizado pelo quadro “Lar Doce Lar” é, sem dúvida, um dos momentos mais impressionantes da televisão brasileira, pela atenção, o tratamento e a realização da recuperação das casas dos telespectadores envolvidos, porque muitas das vezes suas histórias estão ligadas indissoluvelmente ao espaço físico onde habitam e recuperá-lo é, de certa forma, resgatar parte de uma história de felicidade – isto que pouco está presente na realidade brasileira, cercada por escândalos, falcatruas e maracutaias. Feito o preâmbulo, Luciano, estou enviando as fotos da casa de minha mãe, moradora do bairro da Pavuna, que desejo inscrever para concorrer a reforma e à disposição de nova mobília. Ela, minha mãe, mora com dez pessoas na casa, ainda com telhas de amianto, com goteiras, em um estado dá causar pena. Meus irmãos não conseguem trabalho formal, vivem de biscates, mas não caíram na marginalidade. O que é uma sorte. Sou o mais velho