Descalabro Fiscal
Os
fiéis da Igreja Universal regozijam-se pela inauguração do Templo
de Salomão, em São Paulo, na região do Brás. O custo da obra foi
altíssimo. Procurou-se reproduzir com exatidão a arquitetura
descrita na bíblia. A isenção de impostos é um ponto a ser
repensado pelo Estado. Ou em troca da isenção, a cada construção
arquibilionária, existisse um compromisso para outra destinada ao
bem-estar social. Por exemplo, atrelado ao Templo de Salomão deveria
estar o compromisso da construção de um hospital de médio porte
para a região onde está instalado. É um raciocínio que não me
parece absurdo. O Bispo Macedo mora com a família na cobertura do
Templo que possui 1.000 metros quadrados, usufruindo de conforto e
lazer. O que não é proibido ao mandatário da Universal,pelo
contrário: o dinheiro é dele e ele o utiliza como quiser. Aos
pobres sabemos que ele não distribui, mas faz questão de recebê-los
muito bem na luxuosíssima instalação com luzes de led projetada
sobre cada poltrona para que o fiel possa ler, confortavelmente, a
bíblia durante o culto. Se não empresta dinheiro aos pobres,
toma-o emprestado. E devolve-o através da sensação de conforto e
deslumbre místico no louvor. Os pastores milionários não
são o problema, mas a legislação que permite que se tornem homens
ricos sem nenhuma sanção é que deveria ser alterada. Edir Macedo
não é culpado por essa distorção. Nem Malafaia, R.R.Soares ou
Valdomiro. O grande culpado é o governo que intimidado pela crescente parcela evangélica da população não a quer pressionar ou taxar
pelos inúmeros votos ali contidos. Enquanto o governo se isenta do
debate, restaria aos fiéis, de qualquer denominação religiosa, se
fossem espertos, exigir a construção não apenas de hospitais de
qualidade, mas de escolas e creches para os seus filhos. Afinal, o
dízimo não é uma mensalidade suave e agradável aos olhos de todos
(fiéis e pastores)? E para ser bastante popular, em última
instância, o homem e/ou a mulher mais pobre deveria alegar, como
Lady Kate, “Eu tô pagando...”.
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