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Mostrando postagens de agosto, 2008

Para a Sra. Mara Coradello - Com Luz e Flores

A escritora Mara Coradello esteve aqui em meu blogue. Quem é ela? Uma das mulheres mais promissoras, um talento incomum em um exílio amoroso e terno com certo rapaz – leitor, contudo ciumento. Então, quando sou obrigado a lembrar dela, tenho que editar as memórias com o devido medo de levar uns cascudos. Porque soube o rapaz é perito em artes marciais e vive em ponte aérea, em seu destino pendular entre duas geografias: o país em que vive e o coração da bela escritora. Ela tem razão quando se ressente por não estar na postagem. Porque durante muito tempo – a agora – permaneceu muito próxima a nós. Solar, como o seu talento. Mas, advertido das razões acima, e, sem querer me engraçar com ninguém, preferi essa cirurgia que abrevia – de modo injusto – certas memórias tão encantadoras a respeito do seleto grupo candidato a eternidade – se não a ordinária, pelo menos aquela a que diz respeito a meu céu particular. A ordem do dia é a seguinte, Mara Coradello faz parte sim da minha vida. Tant

Para Antônio, com carinho

Neste espaço escrevi sobre meus três leitores. E, o assunto, desta nova postagem, se relaciona com esta outra de modo bastante estreito. É o lançamento de Dias de Faulkner, de Antônio Dutra, na Maison de France, às 18: 30 deste dia. A literatura brasileira contemporânea está sendo mapeada por inúmeros críticos e não posso deixar de apontar o engano com que estão se referindo sobre os futuros escritores – daqueles que constarão não somente nos manuais escolares, mas que persistirão no coração dos leitores. O livro de Antônio Dutra permanecerá. É discreto como seu autor, sóbrio e elegante naquilo que descreve. Possui a profundidade de análise necessária ao gênero a que pertence – a novela; respeita a elasticidade tão subestimada desse modo narrativo, parecendo mesmo constar nas páginas mais do que ali está escrito. Nesse sentido, Antônio Dutra, em seu romance, porque é assim que chamam seu livro, isto devido ao desconhecimento da imensa maioria do gênero ou o temor por confundi-lo com a

Sobre a Minha Literatura

Esta é a minha pergunta, sobre a minha literatura, quando acabo de escrever um conto. "No dilúvio que levará tudo que é de inútil e imprestável, me servirá de bóia ou testemunha contra o julgamento feroz do anjos?"

A Vida Louca de Ricky Martin

O cantor Ricky Martin para satisfazer o impulso da paternidade, e, por não encontrar entre as mulheres aquela dotada da perfeição necessária para a gravidez de seu filho, achou por bem, fazer uso dos serviços de uma barriga de aluguel. Recorrendo a este tipo de serviço, através da inseminação artificial, pode programar a família com o número exato de filhos que gostaria de ter – em seu caso, sua paixão recaiu sobre um casal de gêmeos. A cena deve ter sido engraçada – isso para não classificá-la como bizarra – o médico ouvindo sério, as exigências do cliente, mostrando seu catálogo com experiências similares de famosos que pediram para ter satisfeitos seus desejos de paternidade, incluindo o pacote com preços promocionais e descrevendo seriamente os predicativos da hospedeira dos bebês. Neste mostruário a hospedeira seria apresentada como um nome fictício, suas qualidades biológicas destacadas, os riscos para inteligência e integridade física dos filhos, calculado segundo probabilidade

Dorival tá no céu

A gente vai sentir a sua falta Dorival...meu minuto de silêncio e minha oração pelo compositor. Buda nagô letra e música: Gilberto Gil1991 in Parabolicamará Dorival é ímpar Dorival é par Dorival é terra Dorival é mar Dorival tá no pé Dorival tá na mão Dorival tá no céu Dorival tá no chão Dorival é belo Dorival é bom Dorival é tudo Que estiver no tom Dorival vai cantar Dorival em CD Dorival vai sambar Dorival na TV Dorival é um Buda nagôFilho da casa real da inspiração Como príncipe, principiou A nova idade de ouro da canção Mas um dia Xangô Deu-lhe a iluminação Lá na beira do mar (foi?) Na praia de Armação (foi não) Lá no Jardim de Alá (foi?) Lá no alto sertão (foi não) Lá na mesa de um bar (foi?) Dentro do coração Dorival é Eva Dorival Adão Dorival é lima Dorival limão Dorival é a mãe Dorival é o pai Dorival é o peão Balança, mas não cai Dorival é um monge chinês Nascido na Roma negra, Salvador Se é que ele fez fortuna, ele a fez Apostando tudo na carta do amor Ases, damas e reis Ele

A Minha Nova Roupa - Marca Calibán

Minha mulher me liga: "Não vai postar nada sobre a assinatura de contrato com a editora?", respondo: "Ainda não estou refeito dessa atitude". Desde a entrega do contrato, me sinto meio castrado. Um pensamento invade a minha cabeça: "Entrei no jogo. Serei eu mais um vendido???". Isso me preocupa e aborrece. A editora é ótima, cuidadosa e me dispensou uma atenção incomum. Claro, tem os detalhes. No primeiro contrato, o que não assinei, me pagaria com 100 exemplares do livro. O que eu vou fazer com cem exemplares? Meu apê é mínimo, tem um "cachorro-cupim" e uma promissora artista plástica de 5 anos de idade - que acha que qualquer aglomerado de celulose seco é uma excelente plataforma para sua criatividade. "Não tenho um lugar seguro para eles" - grunhi. Não tenho um pingo de talento para comercializá-los. Nem pensar. Decidi chiar. Poderia vendê-los de porta em porta como os antigos vendedores de enciclopédia, mas esbarro outra vez com a i

O Passageiro - Exercício

O táxi parou diante do edifício. Um senhor baixo e gordo desembarcou. Vestia-se com apuro, sem nenhum exagero e trazia somente uma pequena mala como bagagem. Pagou a corrida sem contrariedade, mesmo pressentindo que estava sendo roubado. Não importava. Era um jogo, pensava. A cabeça tomada por outra ordem de pensamento, sua preocupação não se relacionava a um taxista ladrão. Tinha coisas mais sérias para se ocupar. Andava lentamente em direção à recepção do hotel, com o bilhete da reserva nas mãos. A aparência do atendente não lhe inspirou simpatia, talvez por se tratar de um homem com uma cor de pele acentuadamente negra, isso o obrigava à recordações incômodas, talvez a causa de sua antipatia nascesse desse acaso. Procurou esquecer-se do fato. O carregador se aproximou. Não havia nenhuma necessidade, falou em um espanhol incompreensível. O hotel não tinha elevador. Subiu uma escada antiga, toda em madeira, com degraus gastos. Duvidosa se agüentaria em pé por mais tempo. Lentamente ex

Poema nº 2

Para Áurea Sobre Você A flor é uma órbita, Atravessada por seus olhos.

Poema nº 01

Para Áurea A mulher vestiu a noite Com a sua cor de mistério, A pele brilhava muito Com o brilho de minério. As luzes bailavam juntas Sobre o rosto muito sério. Derramei sobre sua língua, O mel dos meus boleros. A mulher com andar de rumba Não me deu nenhuma atenção, Desviou todo meu sangue Para um outro coração. Agora o meu corpo é vazio.

Meu Encontro com Tony Tornado

Na multidão de um shopping da Zona Norte do Rio de Janeiro se destacava a figura de um homem negro, caminhando com lentidão, observando as vitrines, acompanhado por seus familiares. Sua atitude contrastava com a pressa inadiável dos passantes, sempre presas de algum compromisso urgente ou de um encontro que poderá definir dali para frente sua vida amorosa ou financeira. Quase ninguém percebe a sua presença. Os palpites não cessam: pode ser um jogador de basquete ou vôlei, ou um segurança à paisana em seu turno de trabalho, ou apenas um visitante de terras estrangeiras que mal fale a nossa língua, e, ainda, na pior das hipóteses, envergando aquela carranca impenetrável, um figurão do jogo do bicho, porque é só olhar para o pescoço e os dedos da mão para vê-los cobertos por anéis e cordões reluzentes, ponteando o andar com um gingado, embalado por uma música que só ele poderia ouvir e sentir o ritmo sobre cada músculo que reagia suavemente ao comando dessa canção. As hipóteses todas erra