Pílulas
Minhas
pílulas, isto é, as postagens reduzidas, são confortáveis à
ingestão do leitor. Antes, mesmo com boas intenções, meus novelos,
devido as circunstâncias, pareciam não ter um fim. Emendavam ideias
umas nas outras como em uma pregação para a conversão do outro. E
nem sempre as causas valiam o esforço. Mudei muitas vezes de ideia.
À compreensão de outras, reabilitei outras inúmeras às vezes
contrárias as teses iniciais. A imobilidade física, durante minha
doença, não permitiu ao meu cérebro qualquer possibilidade
estacionária. O brizolismo, em minha infância e parte da juventude,
antes odiado por assemelhar-se a um caudilhismo político, com teor
populista, de parentela getulista, é, hoje, relativizado com o
aumento de minha cultura política. A leitura de livros como Jânio
Quadros, um depoimento, de Castelinho; Meus treze dias com Che
Guevara, de Flávio Tavares e um recente artigo do professor Fausto
Arruda sobre o período janguista rearrumaram, em meu imaginário,
Leonel Brizola. Não o tornaram um herói, mas o retiraram de um
lugar subestimado. A minha burrice é uma constatação – não tão
recente – , porém, anteriormente, mascarada por pretensões
intelectuais descabidas. Não me tornei um homem melhor; aperfeiçoei
minhas virtudes. Adverti as minhas falhas. Nenhum instrumento externo
pode melhorar um homem, mas não duvido que castrá-lo seja melhor do
que entregá-lo à desordem dos próprios sentidos. Nenhuma paixão –
mesmo as moralmente reprováveis –, cujo magnetismo escraviza sem
apelo, encontrou, em mim, morada definitiva. Toda vez que me atirava
a qualquer delas, mesmo as mais prazerosas, uma náusea, após as
centenas de repetições, embrulhava-me o espírito, gerando
incômodos físicos – diarreias e vômitos. E um nojo do que antes
era prazeroso, estabelecia-se, expulsando-me da cidadela do vício.
Comentários