História do Oriente - Nota 08 - Autor: Mariel Reis
Palavras-chave: Sunitas – Islamofobia – Multiculturalismo - Orientalismo
As
reportagens selecionadas, ambas saídas do portal de notícias Ig, tratam do
mundo muçulmano. Após o episódio do atentado de 11 de Setembro, em 2001, nos
Estados Unidos - com a derrubada das Torres Gêmeas - , a islamofobia tornou-se
um indicativo da rejeição das populações semitas agrupadas em volta do profeta
Maomé e do Corão.
A
reivindicação do atentado pelo grupo terrorista Al – Qaeda, personificado em
Osama Bin Laden, desencadeou, não apenas dentro do território americano, mas em
todo o mundo, um enrijecimento de postura acerca das minorias abrigadas em cada
país e uma nova política de intervencionismo militar – com raízes ideológicas
condensadas no slogan “Luta contra o Terrorismo”, mas de pronunciada
base econômica – em regiões do Oriente Médio.
As
intervenções militares resultaram na derrubada de regimes ditatoriais na Líbia
e no Iraque para a implantação da democracia americana –, a pretensão
civilizatória ianque não considerou as características da constituição política
dos Estados ocupados, desconsiderando a impossível fusão de democracia e teocracia.
Se
o atentado reivindicado por parte dos muçulmanos, com forte sentimento
antiamericano, encontrou aprovação de uma parcela população; os islâmicos
moderados espalhados pelo mundo condenaram o ato de bárbarie.
O
escritor marroquino Tahar Ben Jelloun, radicado na França, envida esforços , em
suas palestras, para a desconstrução da islamofobia e, principalmente, para o
desmascaramento de grupos como o Estado Islâmico. Ressalta a dissociação das
ações das diversas redes terroristas com a essência do islamismo, reagindo a
crescente marginalização produzida pelos governos e pela mídia das populações
muçulmanas na Europa devido a interpretação equívoca de unicidade entre os
terroristas e islâmicos em geral.
O
extremismo islâmico, em sua exogenia, parece voltado apenas ao
antiamericanismo, causando impressão ao espectador de grande coesão interna –
nada mais falso. Na reportagem seguinte, percebemos a cisão interpretativa do
Corão e dos atos do profeta Maomé em duas linhagens distintas: os sunitas e os
xiitas.
Os
sunitas, maioria nos países muçulmanos, são adeptos do Sunna, livro que narra
as experiências de Maomé em vida. Adotaram a ortodoxia e a pragmática islâmica
após a morte de seu líder espiritual.
Os
xiitas, minoria, derivam do ramo ligado ao primo de Maomé, o califa Ali, que
foi assassinado. Os partidários de Ali defendem que a única liderança legítima
para o Islã deveria vir da linhagem de Maomé.
Além
dos xiitas, existem minorias como os yazidis cuja crença pré-islâmica tensiona
a convivência do grupo dentro do quadro apresentado. Ultimamente, com o avanço
do Estado Islâmico, sofreram retaliações como a morte da maioria dos homens e a
escravização das mulheres da tribo nômade.
O
fracasso do multiculturalismo, apontado por Angela Merkel, chanceler alemã, em
declaração à imprensa, está no centro de toda a turbulência. Edward Said,
crítico cultural, em seu livro Orientalismo, ressalta que “relação entre
Ocidente e o Oriente é uma relação de poder, de dominação, de graus variáveis
de uma hegemonia complexa” e acrescenta “(…) Sociedades contemporâneas
de árabes e muçulmanos sofreram um ataque tão maciço, tão calculadamente
agressivo em razão de seu atraso, de sua falta de democracia e de sua supressão
dos direitos das mulheres que simplesmente esquecemos que noções como
modernidade, iluminismo e democracia não são, de modo algum, conceitos simples
e consensuais que se encontram ou não, como ovos de Páscoa, na sala de
casa."
Edward
Said, em sua análise, ressalta que o orientalismo se encarregou de representar
o Oriente, definindo seus contornos, suas características e vocações. Tudo isso
à margem dos interesses dos habitantes do Oriente. Em sua observação pontua que
os ocidentais, e não os orientais, é que criaram o orientalismo e ainda o
alimentam. A contribuição desse discurso na construção de um imaginário
negativo aos países árabes e favorável a incursões militares intervencionistas
não pode ser ignorada quando se é indagado sobre o assunto.
O
estudo das categorias indicadas – sunitas e islamofobia – dentro do presente
trabalho, espraia-se para outros conceitos examinados, com brevidade, o
multiculturalismo e o orientalismo. A negada autonomia antropológica àquela
população – islâmica – imaginada entre o
exotismo e a selvageria, entre sultões e tuaregues, entre o ascetismo dos
sacerdotes e a luxúria, quase não permite o exame de suas idiossincrasias
atravessadas pela ideação predatória do Ocidente.
Referências:
Islamofobia
no Brasil: muçulmanas são agredidas com cuspidas e pedradas
<http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-01-25/islamofobia-no-brasil-muculmanas-sao-agredidas-com-cuspidas-e-pedradas.html> Acesso em 13 ago. 2015
Entenda as
diferenças entre xiitas e sunitas
<http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-07-29/entenda-as-diferencas-entre-xiitas-e-sunitas.html> Acesso em 13 ago. 2015
Estado
Islâmico justifica escravização de mulheres e crianças Yazidi
<http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-10-14/estado-islamico-justifica-escravizacao-de-mulheres-e-criancas-yazidi.html> Acessado em 13 ago.2015
O que é multiculralismo
< http://pessoas.hsw.uol.com.br/multiculturalismo.htm>
Acesso em 13 ago.2015
Angela Merkel diz que
multiculturalismo alemão fracassou
<http://oglobo.globo.com/mundo/angela-merkel-diz-que-multiculturalismo-alemao-fracassou-2939085> Acessado em ago. 2015
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