O bom cabrito...

Em Observações sobre o cenário da política brasileira escrevi :Desfeita as ilusões, devido ao insulamento do mentor do esquema criminoso [José Dirceu] para perpetuação do PT no poder, não é disparatado que a revolta -, mais forte do que o bom senso -, contra Lula, instalada em sua consciência, embora calada, adquira contornos menos agradáveis do que da cumplicidade – nem sempre silenciosa – do colaborador petista”. Em uma nova acusação, da operação Lava Jato, com prisão preventiva decretada, José Dirceu, um dos condenados do mensalão, pode ter uma pena de quinze anos – caso seja evidenciada confirmação de seu envolvimento. O bom cabrito não berra, diz o ditado popular utilizado amiúde pelo técnico Cristovão Borges, da equipe de futebol do Flamengo. A resistência de José Dirceu a inúmeros ataques, mesmo com pontuais recriminações aos petistas e a Dilma, têm surpreendido aos setores conservadores e as alas mais radicais da esquerda. O silêncio reforçaria o caráter de mártir de José Dirceu? É uma estratégia enquanto não se movem seus comparsas, junto com o Supremo Tribunal Federal, para mais uma manobra que o beneficie? O ex-ministro de Casa Civil, braço esquerdo de Lula, aceitará calado a morte de sua reputação? Se antes seu esmagamento era promovido por um regime de exceção que dominava o cenário político como pode agora se realizar sequestro semelhante de sua biografia política? Não sou um Castelinho; escrevo por diletantismo, com alguma responsabilidade, sobre o pau de arara ideológico suportado com heroísmo por José Dirceu que torna perplexo qualquer espectador – mesmo os acostumados ao espetáculo bizarro dos faquires ou dos iogues dependurados em ganchos dos festivais religiosos. O companheiro José Dirceu aguentará calado toda via crúcis? Ou se renderá às trinta moedas da delação premiada? Um personagem sem desfecho.

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