05 poemas de Mariel Reis
I
Nada
mais natural, explico:
Nós
dois na mesma cama.
O
que não é permitido
É
dividi-la com um amigo.
II
Dizem
que as coisas no mundo
São
muito bem repartidas,
Apregoava
Sêneca:
“Entre
elas, o bom-senso”.
Não
era o que me parecia
Quando
em cima da pica,
Trocava
o meu nome
Pelo
do cavalo do Imperador:
Ó
Incitatus, me cubra!
Não
reprovei tal ardor,
Cumpri
as suas ordens.
E
acrescentei um novo título
Entre
as minhas insígnias.
III
Na
noite passada
Você
não reclamava
De
nenhuma
Das
minhas grosserias.
Se
eu ria ou falava alto
Prontamente
você aplaudia,
E
atendia, num salto,
As
minhas ordens.
Agora,
longe a fortuna,
Não
sou mais o cavalo
Que
lhe cobria fogoso.
Não
tenho majestade.
Resta
a coroa de louros;
E
ouvir da boca dos outros:
-
Lá vai o corno!
IV
Não
posso fugir a verdade:
É
simples o meu instrumento.
Algumas
mulheres ao tocá-lo
Preferem
compará-lo ao pífaro;
As
mentirosas, com superlativos,
Contrapõem-no
ao jumento;
Dependendo
da ocasião
Assim
variará o meu partido:
Se
a escolhida for musical
Não
lhe negarei o pífaro;
Ou
se a vadia for bestial
Não
lhe negarei o jerico.
V
Reprova
em minha carta
Tais
palavras desonestas,
Não
custa, agora, indagar
O
que realmente a ofende.
Tudo
o que lá está gravado
Já
foi escrito em sua pele,
Nela
nem o fogo, nem a água
Podem
destruir o rastro
Da
última noite ao seu lado.
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