O Corpo


Como tratar a obsessão por um corpo? Escavá-lo através das fotografias? Ou através do apelo da pele retê-lo? O tato, semelhante a um rato, abri-lo, ao corpo, como toca? Ou esticá-lo no leito, ouvi-lo com doçura, auscultar-lhe a música advinda dos órgãos? Tilintá-lo como um sino em anúncio de banquete? Ou prendê-lo entre os dedos, em seus recônditos, sobreviver-lhe como um povo subterrâneo, desenvolvendo um rito primitivo para adorá-lo? Escrevê-lo sobre o relevo das palavras é o mesmo que captá-lo? Ou o corpo esboroado sempre se refaz a volta do que é amado? Ou será toda obsessão um cinza fria? Nenhum escultor a utilizaria? Ou a obsessão de possui-lo, essa tirania, me permitiria a fusão alquímica entre o que sou e o que ele seria numa outra matéria – vida? Escavá-lo, ao corpo, em riste, animal de único chifre, solto pela planície dos pêlos pubianos – razão em desquite ou engano? Tudo (o que) em mim apenas existe...

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