Um Poema Para os Mortos
A Leonardo Martinelli
Em algum lugar
Minha voz se alcança
E estilhaça.
Divide méritos
Monturos,
E sobre o fio
Do mundo
- circuncidada -
Arma um pacto
Violento de amor
Entre o sol e a flor,
A pedra e a calçada,
Minha voz segue
Estrangulada.
Combina explosões
No alçapão de sombras.
Em algum lugar
Minha voz se dizima
Longe de si:esconjuro
Ramos de um tempo
Incerto de rimas.
Poetas cavalgam
O escuro,
Animal fluido
Escorrendo
Do olho imenso da noite.
Minha voz
Infinita gangorra,
De deuses lânguidos
E entristecidos
Saudosos das Gomorras
Dos sentidos,
Amando um Rimbaud bêbado.
Joga-se no mar
Da existência
- o berço –
Não sabe se viveu
A parte ou terço,
Do sexo infinito.
Minha voz
É um Prometeu.
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