Ainda a MasterClass
Aguinaldo Silva hospedado no bloglog com link a minha esquerda divulgou uma das centenas de cenas que fora obrigado a ler. A cena colocada no ar pertence a Ronald Antônio, um cubano amante das telenovelas brasileiras. Junto ao envio da cena, ele anexou um bilhete que advertia de sua impossibilidade de comparecer caso fosse escolhido e informando de sua paixão por Vale Tudo, conforme suas palavras uma obra – prima da teledramaturgia brasileira.
A cena criada por ele é bastante criativa, beirando ao realismo mágico, porque torna Cardo um manequim aos olhos da mãe, Perpétua, quando esta flagra Tieta na cama com o sobrinho. Os diálogos são divertidos, ácidos e pontuais, porque não deixam em dúvida de que a megera sabe o que está acontecendo, só está fazendo de conta para mais à frente se aproveitar de toda a situação. Ronald Antônio se mostrou hábil com sua escrita burlesca e se pôs na dianteira no processo de seleção.
Reproduzo abaixo a cena criada pelo cubano. Meus parabéns. E um abraço.
CENA 1. CASA DE PERPÉTUA/ QUARTO DE TIETA/ INT/ DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo precedente. Perpétua ainda chocada. Tieta e Cardo paralisados, debaixo dos lençóis. Muito clima. De repente Perpétua reage diferente, para surpresa dos dois.
PERPÉTUA
Nossa, mas que coisa mais liiiiinda!...
TIETA
(tonta) O... O que, mana?
PERPÉTUA
Isso aí!... Isso aí: o manequim!
TIETA
(sem entender) O manequim?
PERPÉTUA
É sim, o manequim, isso aí que você tem do seu lado, com esse rosto pálido, a cara de bicho assustado, não é um manequim não?
Tieta reage, compreendendo. Ri, seguindo o jogo dela.
TIETA
Ah, sim, sim! O manequim, sim! O “manequim”, mana, claro!
PERPÉTUA
Ah, mas olhando bem... Olhando assim de perto não ta tão bonito não... Com essa cor amarela, até parece que deu hepatite nessa carranca de susto! Lembra mais o meu filho Cardo. Ficava assim, quando não conseguia fazer cocô, com cara de garoto espremido de pressão de vento que nem esse manequim.
Tieta ri, fingindo naturalidade. Cardo nem se mexe: virou mesmo um manequim.
PERPÉTUA
E cê tá fazendo o que aí com ele, mana? Aprendendo a fazer “os primeiros auxílios”, “respiração boca-à-boca”?
TIETA
É mesmo, maninha, é isso aí! Eu tava... eu tava era aprendendo a fazer “os primeiros auxílios, respiração boca na boca”! Lá na cidade é que é comum ver acidentes na rua, pessoas que precisam ser auxiliadas... Eu aprendi lá com o senador!
PERPÉTUA
(finge interesse) A-ah!... E cê tá praticando aí com... “o seu manequim”?
TIETA
Com o manequim, sim!... Quer que mostre para você ver?
PRPÉTUA
(endurece) Não! Eu vou sair logo. (e finge de novo) Quero não atrapalhar seu estágio “com o manequim”.
Perpétua ri, falsa. Tieta ainda tensa, finge naturalidade com seu riso.
TIETA
Tá bom, mana, valeu...
PERPÉTUA
(falsa também) Tchau, minha querida! (ainda demora a sair, mas caminha até a porta) O manequim...
Sai finalmente, fechando a porta.
Corta descontínuo rápido para o corredor, Perpétua ainda perto da porta, seu rosto muda, já não mais finge.
Close dela, na sua expressão grave.
Clima sobe.
Fade out.
A cena criada por ele é bastante criativa, beirando ao realismo mágico, porque torna Cardo um manequim aos olhos da mãe, Perpétua, quando esta flagra Tieta na cama com o sobrinho. Os diálogos são divertidos, ácidos e pontuais, porque não deixam em dúvida de que a megera sabe o que está acontecendo, só está fazendo de conta para mais à frente se aproveitar de toda a situação. Ronald Antônio se mostrou hábil com sua escrita burlesca e se pôs na dianteira no processo de seleção.
Reproduzo abaixo a cena criada pelo cubano. Meus parabéns. E um abraço.
CENA 1. CASA DE PERPÉTUA/ QUARTO DE TIETA/ INT/ DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo precedente. Perpétua ainda chocada. Tieta e Cardo paralisados, debaixo dos lençóis. Muito clima. De repente Perpétua reage diferente, para surpresa dos dois.
PERPÉTUA
Nossa, mas que coisa mais liiiiinda!...
TIETA
(tonta) O... O que, mana?
PERPÉTUA
Isso aí!... Isso aí: o manequim!
TIETA
(sem entender) O manequim?
PERPÉTUA
É sim, o manequim, isso aí que você tem do seu lado, com esse rosto pálido, a cara de bicho assustado, não é um manequim não?
Tieta reage, compreendendo. Ri, seguindo o jogo dela.
TIETA
Ah, sim, sim! O manequim, sim! O “manequim”, mana, claro!
PERPÉTUA
Ah, mas olhando bem... Olhando assim de perto não ta tão bonito não... Com essa cor amarela, até parece que deu hepatite nessa carranca de susto! Lembra mais o meu filho Cardo. Ficava assim, quando não conseguia fazer cocô, com cara de garoto espremido de pressão de vento que nem esse manequim.
Tieta ri, fingindo naturalidade. Cardo nem se mexe: virou mesmo um manequim.
PERPÉTUA
E cê tá fazendo o que aí com ele, mana? Aprendendo a fazer “os primeiros auxílios”, “respiração boca-à-boca”?
TIETA
É mesmo, maninha, é isso aí! Eu tava... eu tava era aprendendo a fazer “os primeiros auxílios, respiração boca na boca”! Lá na cidade é que é comum ver acidentes na rua, pessoas que precisam ser auxiliadas... Eu aprendi lá com o senador!
PERPÉTUA
(finge interesse) A-ah!... E cê tá praticando aí com... “o seu manequim”?
TIETA
Com o manequim, sim!... Quer que mostre para você ver?
PRPÉTUA
(endurece) Não! Eu vou sair logo. (e finge de novo) Quero não atrapalhar seu estágio “com o manequim”.
Perpétua ri, falsa. Tieta ainda tensa, finge naturalidade com seu riso.
TIETA
Tá bom, mana, valeu...
PERPÉTUA
(falsa também) Tchau, minha querida! (ainda demora a sair, mas caminha até a porta) O manequim...
Sai finalmente, fechando a porta.
Corta descontínuo rápido para o corredor, Perpétua ainda perto da porta, seu rosto muda, já não mais finge.
Close dela, na sua expressão grave.
Clima sobe.
Fade out.
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Aurea