Notícias Sobre o livro Cosmorama

Terminei meu livro de poemas – Cosmorama – com apenas 23 poemas. Isto surpreenderá um leitor de poesia, porque os livros costumam estar inflacionados, ter um número de páginas infinito e na verdade não a qualidade necessária reunida nos poemas que o compõem. Longe disto ser uma regra, mas, como é meu primeiro livro de poemas, mesmo estando próximo do gênero pelo menos há dez anos, não arrisco enxertá-lo com textos que ficaram de fora de uma seleção que contou com leitura de gente especializada e amante de poesia.


A editora parece ter gostado do resultado. Porque o livro chegou às suas mãos experimentado por uma bateria de leitores especiais, que equivalem a um conselho editorial de peso. A isto agradeço a paciência dos meus leitores pelos e-mails insistentes, pelas colocações e interrupções para acerto de cada poema. Não nomearei aqui os meus queridos do " staff", porque escandalizaria a muita gente descrente. Porque eu mesmo estou escandalizado.


Criei um blog para abrigar a primeira versão do livro. As respostas não demorarão muito: um público muito distinto entre si para quem eu divulguei a existência do endereço, pedindo a colaboração com criticas e sugestões para melhorar o desempenho poético daqueles escritos. Surtiu efeito. Não choveram e-mails em minha caixa de entrada, mas as pessoas certas se dignaram a separar um tempo para me dedicar algumas linhas a respeito do trabalho, surpresas por não conhecerem a minha porção poeta.


Convoquei imediatamente um grupo para prefaciar o volume. Isto para o livro se agüentar em pé e chegar as cinqüenta páginas. Maldade! Não foi exatamente por esse motivo. Precisava da opinião de poetas experimentados em criar essa máquina artificial de realidade que atravessa a realidade – o poema. Então apelei para os poderes de três amigos envolvidos até a raiz do cabelo com a criação poética.


A editora me pediu nomes com expressão. Daí comecei a perturbar pessoas como Leonardo Fróes – este não me respondeu o apelo; Nelly Novaes Coelho – não sei se me responderá o pedido; Régis Bonvicino – este espécime raríssima que conjuga poeta e ensaísta (perceberam que ele me respondeu, não?) se dignou a responder e prometeu pensar. A minha listagem passou também pelo poeta César Leal, esquecido, mas um bom criador; Nei Duclós e Carlos Nejar. Um verdadeiro bombardeio para a caixa de e-mails conhecidas para resultar em respostas evasivas ou negativas ou quem sabe poucas linhas concedidas como bilhete de geladeira. Mas vale a pena, mesmo os bilhetes de geladeira servem para calar parte de uma corja que acha que você está se metendo onde não está sendo chamado.

Preferiria os dos amigos. Pessoas que me conhecem a índole retraída, sem as grandiloqüências de inúmeros nomes em orelhas ou do figurão da vez no prefácio.

Um amigo – desses que convidei – me confessou certa vez da dificuldade para arranjar contato com determinados segmentos da cultura,assegurando-me que os poetas eram a missão mais árdua e perigosa, porque conciliar egos representava uma tarefa diplomática sem tamanho, sem tender ao exagero é quase como convencer duas nações inimigas a assinarem um acordo de paz. Duvidei, porque sempre fui um intelectual sem frescuras. Isso se realmente sou um intelectual. E vou aonde me chamam. Quando estou sem a grana da passagem, peço uma ajuda monetária para o transporte. Desde que o fim seja nobre e a platéia não seja hostil. Prefiro platéias hostis, porque impulsionam aos palestrantes a usar a criatividade, a conquistá-los. Soma um sabor a mais ao colóquio.

Encontrei as dificuldades mencionadas por esse amigo. Mas não desisti, fui em frente, invadi a área, roubei a bola no carrinho e passei para o ataque. Não me intimido. Ah, pedi também a dois compositores populares opinião para a orelha: um deles, Jards Macalé, indiscutível talento; o outro não revelarei a identidade para aguçar a curiosidade dos meus visitantes. Adianto, não é o monstro de olhos verdes – Chico Buarque.


Tenho que falar daqueles que colaboraram para minha cruzada; Adriano Espínola e Antônio Carlos Secchin. Meus agradecimentos pelas linhas escritas por ambos para meu volume de poemas.


O livro é indiscutivelmente bom. Os poemas forma lidos por um poeta que não quer seu nome divulgado, mas que colaborou intensamente, sugerindo até um outro nome – Cosmografias. Este não foi acatado. Meu agradecimento a ele, meu herói anônimo.

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