A Marca de Caim


As linhas gerais de um crime.

Anna é a segunda esposa de Alexandre, têm com ele dois filhos pequenos. Anna não demonstra publicamente ciúme, não procura competir diretamente com a filha do primeiro casamento de Alexandre. Esta medida tem por objetivo não desgastar a relação, porque ela o ama de uma maneira doentia e não admitiria perdê-lo em hipótese nenhuma. Contudo, Alexandre percebe se infiltrar o ciúme em sua relação com sua esposa; tenta dissuadi-la que não o perde para filha do primeiro casamento, que Anna associa sempre à sombra da ex-mulher. Isto parece irritá-la. As coisas se agravam porque Anna recentemente (três meses, para se dizer com exatidão) tivera depressão pós – parto, as emoções intensificadas fazem com que Anna se descontrole facilmente.

Anna não planejava a morte de Isabella. Naquele passeio do dia 29 de Março não estava escrito que o crime iria ocorrer. Não se pode, entretanto, chamá-lo de acidente. Neste dia a família saiu para um passeio, foram ao supermercado, e, se pode referir ao dia transcorrido como normal. Na volta para casa, dentro do carro, uma discussão começa a se insinuar entre o casal; avolumando-se. Alexandre sofre acusações da mulher, procura contorná-las, refere-se à fase difícil por conta do que lhe está acontecendo. Anna ignora, e, súbito o ódio cresce, cegando-a. Isabella está brincando com os irmãos no banco traseiro do carro, não percebe que será agredida. E, posteriormente, morta.

Alexandre entra no estacionamento do prédio onde mora. Sobe rapidamente com a filha no colo, ela sangra com um corte porque bateu a cabeça contra a porta do automóvel. Agrava-se o estado de desespero deste pai, porque toma a filha inconsciente por morta, não sabe como agir. Os rastros de sangue formam uma trilha da porta do apartamento até o quarto dos irmãos onde ele a coloca na cama. Raciocina como encobrir o fato, a mulher que está na sala, sentada no sofá, sente o pânico e o desespero se apossarem novamente de seu corpo. Discutem violentamente mais uma vez. Alexandre aponta a criança desacordada sobre a cama, tenta convencer a esposa de que a filha está morta. Ela vai até a cozinha, pega uma faca de cortar pão e a entrega à Alexandre que corta à tela de proteção da janela.

O corpo de Isabella é jogado. O resto é notícia de jornal.

(O autor adverte que com estas linhas não quer acusar ninguém; apenas trabalha com as hipóteses já levantadas pela polícia e os peritos criminais divulgadas pela imprensa. Está a cargo da justiça reparar o crime, e, toda a sociedade civil, receptiva, espera o desfecho positivo do caso. Todos nós esperamos que se encontrem os culpados).

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