Rápidas - Mas Não Tanto


1. Copa Brasileira de Literatura. Neste evento promovido por Lucas Murtinho para divulgação de literatura brasileira contemporânea e acender ânimos sobre sua qualidade, a discussão a respeito da vitória do livro de Cuenca – O Dia Mastroianni – ter vencido romances bem urdidos como de Ana Paula Maia e Raimundo Carrero moveu tanto apreciadores quanto detratores do escritor. E, claro, minha posição estava favorável a que qualquer um dos adversários desclassificasse o livro. O que não aconteceu. Os motivos, fornecidos pelos resenhistas, não convencem se examinados a fundo. Mas quem apita os jogos são eles. Então só resta enfiar a viola no saco. Tanto o livro de Carrero quanto de Ana Paula Maia tem méritos maiores em se tratando de ficção. Os cegos vêem nisso protesto besta, partidário, teoria de conspiração. Fazer o quê.

2. Estou lendo o livro de contos intitulado “A Chave do Amor e Outras Piauienses”, de autoria de Assis Brasil. O livro afastaria um leitor preconceituoso, devido ao título um tanto exagerado e sentimental. Porém, uma chance dada à primeira narrativa, estamos fisgados pela engenhosidade e simplicidade apresentadas em enredos curiosos que formam a maioria dos textos. Destaco os seguintes contos: A Sereia, Maria das Cinzas e A Receita. O primeiro pode ser comparado ao clássico conto do autor de Histórias Sicilianas: o Senador e a Sereia, porque relata o encontro e fascínio do homem por seres encantados; se em Lampedusa o narrador é um professor misantropo, neste de Assis Brasil um pescador toma o lugar do professor e narra de maneira peculiar a visão no rio Parnaíba. Maria das Cinzas é um conto que se aproxima muito de outro clássico Tortura da Carne de Tolstoi, porque se quer uma narrativa moral e tem entrelinhas que se esclarecem à medida que avançamos no volume a respeito da biografada que empresta título ao texto; e, por último A Receita, mesmo a história manjada da tísica rende nas mãos hábeis do escritor Assis Brasil, afirmando que em outros tempos a Dama Branca era tão letal quanto a AIDS e dava reviravoltas na vida daqueles caídos em desgraça atingidos pela doença.

3. Domingo é dia de votação e nada melhor que afirmar que o Rio merece Gabeira. Hoje temos debate. Tudo indica que será morno, porque nenhum dos candidatos quer passar do garoto terrível da política. Será, isto em meu ponto de vista, uma mediação de propostas que uma discussão propriamente dita, porque ambos sabem bem do que o Rio precisa. Antes – o eleitor terá que se decidir qual dos candidatos realizará as transformações. Minha aposta é em Gabeira. Li o Diário da Salvação que narra sua tentativa em se tornar governador, disputando à época com Moreira Franco. Percebi o avanço de mentalidade dos cariocas daqueles tempos para cá; os rótulos ainda tentam se pegar ao corpo de Fernando Gabeira,mas não conseguem. Um pequena parcela da população ainda se limita as acusações espúrias. E esta parcela pasmem é politizada e está na universidade. Um exemplo disto foi o que aconteceu na UERJ – onde estudei. Lá, o candidato Fernando Gabeira foi recebido com vaias e gritos que o taxavam de viado. Procurou responder à altura, dando aos espertinhos a resposta merecida:”Se dou a bunda, o problema é meu. Aliás, sou casado e pai de dois filhos. E, para começo de conversa, não vou governar com o cu e sim com a CABEÇA” disse o candidato do PV apontando para a cuca. Alguns fantasmas se recusam a morrer.

4. Como alguém pode passar dos trinta anos sem se incomodar em nada? Ultimamente tenho sentido falta das idéias de Sêneca a respeito do suicídio. Talvez isso somente ocorra comigo, porque os fatos passam a se repetir com alguma variação imperceptível que os místicos chamam de milagre, exortando que devemos prestar atenção as variações que nelas residem um espetáculo insuspeitado para nossos olhos. Será?

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