Sobre John Fante Trabalha no Esquimó
A família Lustosa da Costa é famosa por sua estirpe de intelectuais que se misturam a cultura brasileira. Um dos exemplos mais comuns é Isabel Lustosa, talentosa historiadora. Na literatura temos o exemplo de Máximo Lustosa da Costa que me enviou essa resenha sobre meu livro john Fante Trabalha no Esquimó - confirmando o ditado filho de peixe....
A Agudeza Incômoda de Um Escritor
“Vou de branco pela rua dos homens” e encontro o texto do amigo Mariel, antes de mais nada, um conquistador.
Escritor de agudeza incômoda, Mariel, em “JOHN FANTE TRABALHA NO ESQUIMÓ”, traz, como é sua característica, a urbanidade e o esplendor da crueza dos fatos. Aliás, é uma literatura crua o que se apresenta.
Mariel é um narrador e ponto. Já, o leitor pode torcer o nariz, é livre. Entretanto, Mariel é mais do que um naturalista, pois seu olhar não põe relevância nem nas mazelas, nem nas amenidades do cotidiano. Os detalhes escondidos no texto são colocados de tal forma que um olhar distraído pode não encontrá-lo. É importante deixar claro, sua profissão, antes de mais nada, é a de contador.
Esta linha de contador isento também formula a impossibilidade de reconhecer características do autor – meu amigo – nas suas personagens. Eu, que sofro da propensão de me incluir nas narrativas, de filosofar minhas relíquias, não o vejo nem quando o encontro ao lado de John Fante, entre um almoço e outro, no Esquimó. Mais o adivinho do que o vejo.
Este conto, inclusive, pode, numa análise freudiana, servir como testemunho da incomparável paixão do Escritor por sua arte e seus artistas. Ver, melhor!, buscar os traços dos seus heróis nos transeuntes esquecidos das ruas prova a intimidade e a paixão movente de Mariel Reis com o seu fazer.
Se o leitor desavisado desejar outra prova, sugiro-lhe que conquiste dois minutos de prosa com o autor. O que terá é uma aula, provavelmente, mais frutífera do que anos de faculdade. Lamento, mas alguém precisava dizer isto.
Os contos apresentam as personagens com as quais convivemos todos os dias, o inseguro, o, vamos dizer, paradoxal Estevão com sua profissão, suas cruéis armações e seu final perdoado e exemplar. Aliás, ainda que eu não seja um grande leitor, este conto traz os respingos da antiga crueldade de Rubem Fonseca. A gorda e seus desejos – que a sociedade não reconhece, os mendigos e os furtos pela vida, por pouco que seja, entre outros.
Jonas, A Baleia tem algo de assustador na imagem de Cristo. pendurada na parede, enquanto o homem se transforma em baleia pra servir de almoço por uma estação. Gostou? É um pequeno e potente conto kafkiano com sobras e louvores. Obra de quem conhece a estrutura que aperfeiçoa.
Já em “Uma história das ruas”, não posso deixar de pensar que “a menina comia depressa suas bolachas” pois sabia que eram o doce que a vida lhe permitiria e, mais, que este doce ainda era roubado.
Somos homens mais duros, hoje. Podemos pensar e cometer pecados piores. Mas, que bom que ainda somos capazes de ornar a tristeza e aproximá-la de um pequeno brilhante.
***
Porém, seria uma aberração, eu, que mal leio, ficar a lapidar o texto que Mariel Reis nos oferece e tentar explicar a mulher que se embrulha pra presente, ou do diabo que conhecemos no outro, imperceptível durante a noite de balada, e quando o outro se convence de que o diabo é o melhor de si. E quando tudo vai embora, mas o diabo fica. Ou, ou...
Não. Não. É mais interesse que você o caminhe e não se deixe enganar pelo que parece algo trivial. O interesse do autor, claro, vai ser sempre tentar enganar os seus olhos.
Escritor de agudeza incômoda, Mariel, em “JOHN FANTE TRABALHA NO ESQUIMÓ”, traz, como é sua característica, a urbanidade e o esplendor da crueza dos fatos. Aliás, é uma literatura crua o que se apresenta.
Mariel é um narrador e ponto. Já, o leitor pode torcer o nariz, é livre. Entretanto, Mariel é mais do que um naturalista, pois seu olhar não põe relevância nem nas mazelas, nem nas amenidades do cotidiano. Os detalhes escondidos no texto são colocados de tal forma que um olhar distraído pode não encontrá-lo. É importante deixar claro, sua profissão, antes de mais nada, é a de contador.
Esta linha de contador isento também formula a impossibilidade de reconhecer características do autor – meu amigo – nas suas personagens. Eu, que sofro da propensão de me incluir nas narrativas, de filosofar minhas relíquias, não o vejo nem quando o encontro ao lado de John Fante, entre um almoço e outro, no Esquimó. Mais o adivinho do que o vejo.
Este conto, inclusive, pode, numa análise freudiana, servir como testemunho da incomparável paixão do Escritor por sua arte e seus artistas. Ver, melhor!, buscar os traços dos seus heróis nos transeuntes esquecidos das ruas prova a intimidade e a paixão movente de Mariel Reis com o seu fazer.
Se o leitor desavisado desejar outra prova, sugiro-lhe que conquiste dois minutos de prosa com o autor. O que terá é uma aula, provavelmente, mais frutífera do que anos de faculdade. Lamento, mas alguém precisava dizer isto.
Os contos apresentam as personagens com as quais convivemos todos os dias, o inseguro, o, vamos dizer, paradoxal Estevão com sua profissão, suas cruéis armações e seu final perdoado e exemplar. Aliás, ainda que eu não seja um grande leitor, este conto traz os respingos da antiga crueldade de Rubem Fonseca. A gorda e seus desejos – que a sociedade não reconhece, os mendigos e os furtos pela vida, por pouco que seja, entre outros.
Jonas, A Baleia tem algo de assustador na imagem de Cristo. pendurada na parede, enquanto o homem se transforma em baleia pra servir de almoço por uma estação. Gostou? É um pequeno e potente conto kafkiano com sobras e louvores. Obra de quem conhece a estrutura que aperfeiçoa.
Já em “Uma história das ruas”, não posso deixar de pensar que “a menina comia depressa suas bolachas” pois sabia que eram o doce que a vida lhe permitiria e, mais, que este doce ainda era roubado.
Somos homens mais duros, hoje. Podemos pensar e cometer pecados piores. Mas, que bom que ainda somos capazes de ornar a tristeza e aproximá-la de um pequeno brilhante.
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Porém, seria uma aberração, eu, que mal leio, ficar a lapidar o texto que Mariel Reis nos oferece e tentar explicar a mulher que se embrulha pra presente, ou do diabo que conhecemos no outro, imperceptível durante a noite de balada, e quando o outro se convence de que o diabo é o melhor de si. E quando tudo vai embora, mas o diabo fica. Ou, ou...
Não. Não. É mais interesse que você o caminhe e não se deixe enganar pelo que parece algo trivial. O interesse do autor, claro, vai ser sempre tentar enganar os seus olhos.
Comentários
Por favor, escaparam alguns erros básicos de português e de coerência que não podemos nos permitir, nem em espaço de tão grande liberdade.
Parabéns pelo livro e desculpe a demora. Com certeza, seria uma honra ser seu prefaciador.
Grande abraço do teu irmão.
Máximo
Daniel Osiecki
semelokertes marchimundui