Simplificar não é a solução

Muitos articulistas, com toda a razão, baseiam suas opiniões acerca dos candidatos apenas pelas alianças, sem levar em consideração que mesmo entre setores conservadores, há progressistas. A divulgação de que o Clube Militar apoiava Marina Silva chocou determinada ala da sociedade por associá-la, diretamente, e aos militares, ao aspecto conservador, desagregador e reacionário. O apoio a Marina Silva se mostrou equivocado e os articulistas, em um jogo em que tudo vale para desmerecimento político, não corrigiram a perspectiva equivocada expressada sem apuração acertada. O Clube Militar expediu nota, esclarecendo que o candidato oficial da instituição é Aécio Neves, sem intenção de alinhamento com a candidata do PSB. Outro perspectiva errada é apontar o governo de Dilma como esquerda possível no embate das eleições presidenciais. Luciana Genro, candidata do PSOL, é a esquerda clássica, abandonada pelo PT para a chegada ao poder. Se examinado com isenção, perceberemos que, hoje, o Partido dos Trabalhadores está mais ao centro do que a esquerda, como em tempo passado; está em posição semelhante ao seu opositor histórico, o PSDB. Nenhuma política de esquerda, puramente, governou o Brasil. Sentiríamos suas implicações, imediatamente, refletidos em esvaziamento econômico e retirada dos conglomerados pertencentes ao capital financeiro. Mesmo durante o Golpe Militar, justiça seja feita, havia aqueles que eram favoráveis a uma intervenção de curta duração no país. Historicamente parecia essa a posição da ESG (Escola Superior de Guerra)e de Castelo Branco. Portanto, os fatos não podem ser reduzidos a maniqueísmos -, num tempo em que a eleição de heróis e vilões é vantajosa para grupos, por vezes, antagônicos. A verdade é que não há diferença entre Dilma, Marina Silva e Aécio Neves. Estruturalmente ambos defendem o capital financeiro, com estratégias diferentes que se tocam em algum momento, produzindo mesmo resultado. Toda generalização é perigosa. O que precisamos em sociedade é de mecanismos coibidores atuantes e funcionais para impedir desmandos e punir a corrupção – ativa e passiva. A compreensão da realidade é complexa, não se pode linearizá-la sem incorrer em abusos e preconceitos. Muitos parecem não ligar a isso, preferindo, em lugar da isenção, ou na impossibilidade dela, uma observação mais cuidadosa antes da emissão de conceitos que polarizam pobremente o debate, sem enriquecimento de ninguém. Aliás, com enriquecimento de radicalismos que permitem enxergar no Outro um elemento odioso e desvencilhado de um julgamento justo ao seu papel histórico - que nunca é estático.

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