Impasse eleitoral
As alianças são necessárias a qualquer governo. Isto é inegável, talvez toda governabilidade dependa da habilidade de se realizá-las com mínima deformação do ideário político defendido, sem que convicções basilares sejam readequadas ao sabor das circunstâncias, sem o sacrifício da biografia política, sem um suicídio ético e moral. A exigência, sob esse prisma, parece incompatível com o exercício de poder. E não se pode apontar, nesses tempos de uma democracia recente, um único candidato que não se fizesse refém de tal problema ideológico. As parcerias transformam e transtornam interesses, subvertem programas de governo, que se não eram saudáveis, ao menos tinham uma nocividade controlada feito determinadas doenças crônicas reguladas por medicação de maior ou menor risco ao organismo. Não existe como tratá-lo sem desgastá-lo em nome da cura - o que se quer é um menor depauperamento das forças físicas e psíquicas. Marina Silva, a candidata do PSB, apoiada por mim, repete parcerias duvidosas, compromete-se com o obscurantismo político e se coloca ao lado de instituições que deveriam estar alijadas do convívio estatal pela permissividade já observada causada por intromissões arbitrárias, biltres e torpes. Na reta final é natural um quadro de aproximações viabilizadoras da chegada ao poder, embora isto não signifique um aval para que seja a qualquer custo, como o foi no primeiro mandato de Lula. O resultado disso está no presídio da Papuda. Portanto, observo com decepção, mesmo sabendo do jogo político, as recentes aproximações de Marina Silva. A continuidade da política econômica de FHC ou da política social de Lula não representam novidade em um cenário de uma política moderada e de centro, como a praticada por um Partido dos Trabalhadores, que a esquerda mais radical quer diferenciá-lo como apenas derivado do movimento sindical e não a corrente do socialismo e/ou comunismo do qual fizeram parte o Pc do B e o PCB. Imagine que à essa altura Luciana Genro - a candidata mais bonita da disputa presidencial - se tornasse uma via possível ou que o voto nulo indicasse uma saída mais honesta a conjuntura de um país sem nenhuma vocação aberta. Aliás, com uma única reconhecível, a dos extremos políticos, da direita ou da esquerda, a da presença do Estado mínimo ou intervencionista, a do liberalismo ou da estatização. Quando "marinado" escutei a opção do Estado mobilizador gostei, embora nem Keynes ou Smith tenham se pronunciado sobre isto, tampouco Marx ou Gramsci. Talvez tenha sido pela minha infundada espesperança a respeito do Brasil.
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