Contato Oswaldo Montenegro

Caro Oswaldo Montenegro,

O meu primeiro contato, através do endereço eletrônico presente no site Oswaldo Montenegro, não foi bem sucedido. A mensagem eletrônica retornando como se o e-mail fosse inexistente frustrou minha expectativa de retratação e pedido de desculpas por integrar o coro de linchadores públicos que se voltaram contra o compositor no infeliz incidente sobre a música Metade e o poema Traduzir-se, de Ferreira Gullar. O que talvez tenha representado uma chance a mais para repensar sobre o meu pedido contido na minha primeira mensagem, refreando o meu ímpeto, solicitando a presença do meu bom senso – que me dizia como ele vai dar ouvido a um sujeito que não conhece, não faz parte de suas relações e escreve para ele se desculpando como prova de um caráter que não o interessa, porque tem milhões de tantas outras coisas para pensar e resolver, portanto, pensei que o importunaria, se me mantivesse preso à idéia de que conseguiria algum sucesso com meu pedido. Por questão de auto-fidelidade, mantenho no corpo do e-mail o original da mensagem para que sirva pelo menos para diverti-lo.

Chamo-me Mariel Reis, sou escritor da nova geração, carioca, mantenho um blogue de literatura e cultura em geral, intitulado Cativeiro Amoroso e Doméstico, sou um suburbano, misto de Lima Barreto com Antônio Maria, mesmo que soe incongruente a junção desses dois tipos, mas acertadamente um -Lima Barreto - assinala parte do que é meu caráter combativo, ligado uma literatura que ensaia outra geografia da cidade e outro, Antônio Maria, a uma sensibilidade afeita por errâncias emocionais acerca das mulheres, de fidelidade com os amigos e a vivência do que restou de uma noite carioca, repleta com seus personagens. Ambos por de algum modo, estarem presentes em minha conformação física: amulatado e atarracado. E dessas suspeições que componho meu blogue - Cativeiro Amoroso. Do sumo de humanidade que escorre pelas sombras que se aventuram pela cidade, pelo caldo espesso que ressuma dos artistas e pelas visões que guiam os poetas. Para o bem ou para o mal. Humano, demasiado. Fiel a verdade e justiça que correm desse mundo.

Depois de abandonar a minha pretensão, decidi-me por pedir-lhe uma entrevista para o meu blogue a respeito da confusão acerca do incidente com a composição Metade, para inquiri-lo sobre as incursões no cinema – Léo & Bia, como ser um artista que procura a totalidade através das mídias onde seu talento se derrama. Como é sua relação com a literatura, se esta estabelece diálogo com músico e penetra nesses outros “eus” que se escapam por seus dedos e, finalmente, os projetos para 2011 – se teatro, se novo disco, se filme ou uma aventura no Alasca ou região inóspita do planeta ou mais modestamente incursão ao coração de uma jovem para se desdobrar sobre o amor e cantá-lo mais tarde. São essas as minhas perguntas, caro Oswaldo.

Não creio terei todas as respostas às minhas perguntas. Não custou muito tentar e ser transparentque e, apostar na verdade, ser fiel ao que se acredita e baixar a bola quanto ao que se pede. Desde já me despeço, agradeço a atenção dispensada, daqui até o futuro,

Mariel Reis

Caro Oswaldo Montenegro,

Integrei a turba de linchadores que equivocadamente se pronunciou a favor do poeta Ferreira Gullar a respeito do suposto plágio praticado por você em cima da peça literária Traduzir-se, tomando parte da irracionalidade que tomou conta das pessoas através da nota saída na coluna de Ancelmo Góis, no jornal O GLOBO.

Escrevo para apresentar as minhas desculpas pela minha tomada de posição sem uma pesquisa prévia em sua discografia - isto realizado, logo após o histerismo de ver um poeta como Ferreira Gullar "lesado" e constatando o erro, apresentei em meu blogue o meu pedido de desculpas oficial por ter engrossado o coro dos descontentes, porque somente a VERDADE liberta, seguida da atenção e antecedida pela cautela com a imprensa. Eis que mais uma vez, desta vez em particular, esse anônimo, apresenta desculpas ao músico e compositor Oswaldo Montenegro pelo incidente infeliz do qual tomou parte.

Oswaldo Montenegro outra coisa é a seguinte: parece que seu staff é pequeno, mas, profissionalmente me agradaria bastante tentar o trabalho de assistente de produção, mesmo a grana sendo mixa, porque representaria uma porta com um artista representativo da MPB para alçar depois vôos solos. Como você pode perceber, escrevo com correção, tenho ótima expressão oral, sou escritor publicado, trabalho no ramo das artes plásticas no Rio de Janeiro, tenho sólidas noções contábeis e administrativas, auxilio a gerência de uma Casa de Arte na Zonal Sul da cidade. Não sei se o pedido é estapafúrdio, isto em se levando em consideração a abertura dessa mensagem eletrônica, mas não custa nada tentar, porque acredito na livre iniciativa e não apenas em burocracias que emperram a vida de gerar seus milagres.

Sou um homem livre e de bons costumes. Íntegro e pronto a qualquer trabalho relativo à área aludida, disposto a aprender, reconhecer minhas falhas e corrigi-las. Depois de toda essa conversa, aguardo uma resposta, tenha esta o caráter que for. Desejo a todos: saúde, harmonia e sucesso. Espero continuar mantendo contato consigo, caso seja você que leia seus e-mails, porque muitos têm secretárias que cuidam da assessoria, deixando o músico livre para flanar e ser o alvo da inspiração e do trabalho. Sem mais no momento,


Mariel Reis

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