Outra História das Ruas
A mãe não sabia. Desconfiada enfileirou um monte de perguntas. A menina comia depressa o pacote de bolachas. O rosto sujo, a camisa respingada do refrigerante. A cantoria ruidosa dos parabéns para você enchendo os ouvidos dos passantes. Alguns jogavam alguns trocados sobre o papelão onde estavam deitados. O pai divertia-se com as estripulias, brincando de aviãozinho com a menina nos braços. A mãe entre alegre e ressabiada.
Longe, os seguranças do mercado conversavam. Não valia a pena, mas o proprietário exigia uma satisfação. Aquilo era um roubo, flagrado pelas câmeras da segurança. Como não intervieram? Esses vagabundos, não se pode vacilar um instante com eles – arrematou o proprietário do mercado - Alguém pagará por isso. Um dos seguranças foi chamado duramente atenção: que não se descuidasse novamente daquela forma, senão estaria no olho da rua.
A mãe não gostava nada da movimentação da segurança do mercado. Pediu para o pai lhe contar a verdade. Você não roubou isso? Roubou? Ele ria. Não dava resposta. A menina corria entre as colunas do prédio em que viviam sob a marquise. Não me chateie com essa história, mulher. É aniversário da menina. Ela merece uns mimos de vez em quando, não merece? Afastou-se. A mãe juntou as roupas secas estendidas na grade do parque municipal, enxotou as cismas.
O mercado fechava às dez horas. O segurança antes de se arrumar para deixar o local de trabalho, foi até o estoque, disse que precisava de uma garrafa de álcool para limpar e desinfetar a casa; o responsável pelo estoque anotou a garrafa, advertindo-o que sairia do próximo salário. O segurança não chiou, colocando a garrafa na mochila. Despediu-se dos colegas, dizendo que se demoraria até mais tarde, que não o aguardassem no ponto de ônibus. Tinha um encontro. Então tomou a direção contrária dos outros empregados, dando um tempo no bar da esquina, certificando-se estar sozinho naquela noite. Pagou a despesa e rumou direto para as marquises.
A mãe não conseguia dormir direito. O sono lhe vinha picado. O corpo rodopiava de um lado para o outro. A cabeça coberta por causa do frio; a filha dormindo entre eles, agasalhada. A cidade vazia àquela hora. Certo medo se apoderou dela como nunca antes havia acontecido. Tinha uma sensação ruim. Preferiu não acordar o pai. Levantou-se para ir até o tapume esvaziar a bexiga. Ela notou quando estava agachada, um homem espirrando um liquido que não distinguia o que era sobre os papelões que improvisavam paredes ali debaixo da marquise. O homem riscou um fósforo, e, saiu rápido. Ela não teve tempo de se arrumar,saiu gritando, correndo como podia com a calcinha embolada entre as pernas.
Um enorme bola de fogo iluminava como um sol aquela noite.
Longe, os seguranças do mercado conversavam. Não valia a pena, mas o proprietário exigia uma satisfação. Aquilo era um roubo, flagrado pelas câmeras da segurança. Como não intervieram? Esses vagabundos, não se pode vacilar um instante com eles – arrematou o proprietário do mercado - Alguém pagará por isso. Um dos seguranças foi chamado duramente atenção: que não se descuidasse novamente daquela forma, senão estaria no olho da rua.
A mãe não gostava nada da movimentação da segurança do mercado. Pediu para o pai lhe contar a verdade. Você não roubou isso? Roubou? Ele ria. Não dava resposta. A menina corria entre as colunas do prédio em que viviam sob a marquise. Não me chateie com essa história, mulher. É aniversário da menina. Ela merece uns mimos de vez em quando, não merece? Afastou-se. A mãe juntou as roupas secas estendidas na grade do parque municipal, enxotou as cismas.
O mercado fechava às dez horas. O segurança antes de se arrumar para deixar o local de trabalho, foi até o estoque, disse que precisava de uma garrafa de álcool para limpar e desinfetar a casa; o responsável pelo estoque anotou a garrafa, advertindo-o que sairia do próximo salário. O segurança não chiou, colocando a garrafa na mochila. Despediu-se dos colegas, dizendo que se demoraria até mais tarde, que não o aguardassem no ponto de ônibus. Tinha um encontro. Então tomou a direção contrária dos outros empregados, dando um tempo no bar da esquina, certificando-se estar sozinho naquela noite. Pagou a despesa e rumou direto para as marquises.
A mãe não conseguia dormir direito. O sono lhe vinha picado. O corpo rodopiava de um lado para o outro. A cabeça coberta por causa do frio; a filha dormindo entre eles, agasalhada. A cidade vazia àquela hora. Certo medo se apoderou dela como nunca antes havia acontecido. Tinha uma sensação ruim. Preferiu não acordar o pai. Levantou-se para ir até o tapume esvaziar a bexiga. Ela notou quando estava agachada, um homem espirrando um liquido que não distinguia o que era sobre os papelões que improvisavam paredes ali debaixo da marquise. O homem riscou um fósforo, e, saiu rápido. Ela não teve tempo de se arrumar,saiu gritando, correndo como podia com a calcinha embolada entre as pernas.
Um enorme bola de fogo iluminava como um sol aquela noite.
Comentários