Mirante,platô e ponto de observação.
Estes são personagens de uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência
Agradecimentos
Meu muito obrigado a todos que estiveram em meu lançamento ontem (02/03) na Livraria da Travessa de Ipanema. Retribuo com afeto e consideração a todos os que se esforçaram para prestigiar o evento.
As comunicações dominicais de Alexandre Soares Silva possuem uma leveza ou uma disponibilidade de espírito possível apenas a um sujeito rico retirado do mundanismo paulista ou com uma inequívoca iluminação obtida com iogue em um ashram na terra dos bandeirantes em que feitos assim são comuns a um grupo escolhido. Outro ponto prejudicial às comunicações é a recepção manifestada por uma parcela dos assinantes com a intenção de popularizá-las. Em uma delas, a contraposição do romance realista com o romance de fantasia, uma observação correta sobre a transcendência do último sobre o primeiro pela presença do sobrenatural, é estragada. Alguém disse, em algum lugar, que a literatura d esse tipo é otimista pela presunção de um mundo espiritual, ainda que terrível. A hipótese da riqueza de Alexandre Soares Silva não é absurda. A recorrência ao termo aristocracia em suas entrevistas reunida a gola rolê - prefiro a denominação chique turtleneck - peça presente no vestuário masculino europeu ...
No calçadão de Ipanema vejo Ivan Lessa – está na companhia de dois outros senhores de idade que só depois reconheço – Ziraldo e Jaguar. É a primeira vez que os avisto juntos, conversando, exercendo a bundologia – arte caríssima ao grupo que dedica a ela boa parte do tempo em que atravessa a faixa da calçada, inspecionando as virtudes das beldades, comentando entre si as riquezas naturais de nossa cidade tão cara ao olhar turístico desse quase inglês: Ivan Lessa. Ivan Lessa vive na terra da Rainha, como gosta de dizer. É quase brasileiro quando está entre nós, frisando com isso que ainda mantém certa distância da assoladora síndrome de vira – lata que acomete a todos os seres viventes do terceiro mundo. Não sente a mínima necessidade de escrever, ressalta que é quase um acidente e aqueles que não descobrem em seus livros verdades tão profundas quanto as escritas por Proust podem esquecê-lo, porque não o merecem. A minha aproximação não foi das melhores. Evocando minhas memórias sobre o ...
Em um recuo da rua principal, três travestis reunidos fazem convites sugestivos aos passantes. Quando passo pelo trecho, a insinuação de sexo oral de um deles não possui graça ou malícia, apenas desespero. Não contenho o riso pelo grotesco da circunstância: o aguaceiro e o dia avançado. A interpretação equivocada do meu gesto provoca a aproximação da magrelinha. O rosto parece recém saído da puberdade. A voz aflautada quer ser convidativa. - Meu único interesse é mamar sua rola. Não vai custar nada além do seu tempo. Lembrei-me dos bichas de minha infância que pagavam aos adolescentes pelas relações sexuais. - Não vai me custar nada além do meu tempo?, provoco. A magrelinha passa a língua nos lábios com avidez, mira minha cintura e repete a promessa. As duas outras colegas observam empolgadas a conversa, com a esperança da divisão da conquista cujo gozo resolveria o furor sexual. - As minhas amigas podem me ajudar? Voltou-me os olhos lampejantes. - Quantos anos você tem? - Dezenove. - ...
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