Carta de Sugestões a Uma Cooperativa de Táxi


A taxa de desconto 20% para corridas acima de R$ 20,00 oferecida pela cooperativa Norte Rio, situada na área da Leopoldina, tem atendido com sucesso os usuários, acertando com o período de crise em que a economia está encolhida e as pessoas temerosas em gastar aquilo que não podem.

Dito isto, resolvo opinar sobre um panfleto que chegou às minhas mãos na semana passada, quando solicitei um cartão para dar aos amigos com o telefone da cooperativa e o motorista, desprevenido por não ter cartões, me deu o panfleto onde além do telefone, estava a novidade que me pareceu um erro.

Aponto o que me pareceu um erro. Nesta propaganda, decerto elaborada pelo setor financeiro, noticiava-se a redução do desconto para 10% nas corridas acima de R$ 20,00. Não entendi a estratégia, por isto resolvi analisar a situação. Muitas das vezes que em solicitei o desconto, porque sou usuário contínuo dos serviços da Norte Rio, descobri que são os próprios motoristas é que propiciavam o beneficio, sendo recompensados com alguma contrapartida.

Este era o meu engano. Arcando completamente com o custo do desconto, somava-se à diária do carro quando o motorista não é seu proprietário, a diária da cooperativa e, finalmente, os custos com manutenção do veículo.

A decisão do financeiro deve ter levado em conta isto e as reclamações de usuários que se vêem obrigados a reclamar, mesmo cadastrado, para obter o valor de desconto. Tudo isso deve ter se somado e acentuado para a precipitação da decisão.

Por que chamo a decisão de precipitada? A resposta está em que isto não diminuirá os encargos dos motoristas dessa cooperativa. E, por sinal, agravará a situação a longo prazo. Vejamos como isso se dará.

Com a queda do desconto para 10% o usuário não sentirá a diferença de o benefício sair do seu bolso, portanto para este será indiferente tomar um carro de rua do que acessar um carro cooperativado. Ou, mesmo, o usuário cadastrado se verá na necessidade de procurar uma cooperativa que o atenda em suas necessidades de economia, então migrará para outras prestadoras de serviço, esvaziando a clientela desta.

A medida que vigorará a partir de Novembro terá uma curva ascendente na satisfação do motorista, mas uma curva descendente na opinião do usuário que somente se revelará em Fevereiro com os possíveis resultados aludidos.

Como resolver isto? A otimização dos recursos da empresa é um bom passo. Se concordarmos que a renda que sustenta os empregados da cooperativa parte daquilo que é pago pelos motoristas. Por não encontrar uma solução mais viável?

Quais?

1ª) Manter o desconto de 20%, aumentando o valor da corrida para obtê-lo; passando a ter direito ao desconto corridas superiores a R$ 25,00.


2ª) Uma maneira de cortar custos é procurar otimizar os recursos da empresa, se uma empresa oferece transporte, porque não os motoristas que moram próximos aos empregados não os trazem e levam para seus lares, evitando o gasto com vale-transporte. Isto para não chamar de contra-senso não se ter pensado nisto. O que fazer para não ter o ânimo do empregado atingido? Repassar para o salário líquido dele parte do beneficiamento que ele obtinha com o vale-transporte. Supondo que o empregado receba, por exemplo, mensalmente R$ 184, 80, equivalente ao uso de quatro ônibus até chegar à sua residência, parte deste valor se cotizado e integrado ao salário, como por exemplo, se o empregado ganha mensalmente R$ 415, 00, se daria de bônus a ele metade do valor do transporte em carteira, passando a perceber R$ 507,40 líquidos.

3ª) As maiores partes das cooperativas não possuem investimentos como CDB – cito este por ser o mais seguro. Não tenho idéia como movimentam o dinheiro que recebem dos associados; isto se realmente movimentam o dinheiro. E acreditando que apliquem financeiramente – isto de modo primário, não esta se falando aqui de especulação em Bolsa de Valores – como essa atitude volta em benefícios para o associado.

Tudo isso dependerá do número de comprometimentos financeiros a que está atrelada à cooperativa, caso esteja pagando um novo equipamento, ou uma nova torre de transmissões, eventuais queixas de usuários que se tornam processos e migram para o terreno indenizatório.

A isto chamo de capital excedente, não se aponta aqui uma outra taxação para que isso aconteça, mas com o próprio dinheiro já empregado pelos motoristas.

Exemplifico mais uma vez.




Tomemos a semana como sete dias para esses trabalhadores. Pensemos que paguem R$ 18,00 de diária por dia para a cooperativa, completemos nossa informação que ela, a cooperativa, tenha 70 carros como associados, tudo isso resultará o montante de R$ 1.260,00 por semana. A salvo os meses que não possuem quatro semanas, teríamos R$ 5.040,00 por mês. Então se deve pensar, isto eu não quero considerar a folha de pagamento de cinco funcionários ganhando R$ 600,00 com o esquema de transporte aludido acima, ainda sobrariam R$ 2.040,00.

Com este capital, sanar as dívidas decorrentes de processos, emergenciais e o que sobrar ou exceder realizar um planejamento para um investimento que depois possa se tornar um Disque – Reboque ou Disque – Mecânico, incluídos como prestação de serviço mensal, pagando-os regiamente pelo serviço, correndo gratuitamente para o associado, porque em tese ele já teria pagado isto quando honra seus compromissos com a cooperativa.

4ª) Costuma-se isentar àqueles que ocupam cargos de diretorias dos encargos comuns corrente aos associados, isto deveria ser mudado. Mesmo levando-se em conta que acumulam funções quando convocados para ocupar aquilo que lhes é exigido, pelo decoro e a imaculação moral, estipular-se-ia que este pagaria também, mas a metade dos valores do associado que não está encarregado de funções administrativas.

Isto não evitaria que a cooperativa não tivesse suas finanças no vermelho, mas anularia uma tensão negativa que existe de que o individuo é um “espertinho”, tornando moral e eticamente transparente o trabalho.

5ª) As reuniões também constituem um transtorno. Porque como já foi dito carro parado não faz dinheiro, e, muitos dos associados não são proprietários dos carros em que estão rodando. A sugestão é que reuniões ocorram em três momentos distintos,

1.1 – Carros permissionários – Neste haverá prejuízo em função do tempo parado, mas como não pagam diária são seus próprios patrões, podem dispor de tempo em primeiro lugar;
1.2 – Carros Auxiliares – 1ª Leva de motoristas que podem disponibilizar tempo para a reunião naquele momento;
1.3 – Os carros que estiverem em corrida ou faltantes.

As reuniões não devem exceder 30 a 45 minutos, por isso devem ser preparadas com objetividade e nos assuntos que precisarem de votação apurar nos três turnos o decidido, divulgando depois em mural comum ou em circular a decisão final do grupo.

Os faltantes ou aqueles que não puderem comparecer deverão receber um informativo com as questões chaves discutidas e o desfecho.

É desnecessário afirmar a confecção de livro Ata das reuniões com a assinatura daqueles que compareceram.


Todas as considerações acima são sobre valores hipotéticos, não querem representar nenhuma verdade absoluta sobre como agir ou qual postura adotar. Não tendo caráter definitivo sobre nada, isentando-se de responsabilidade sobre o emprego errôneo ou a distorção que venham a sofrer.


Enfim, são estas sugestões percebidas acerca da percepção do panfleto que me chegou às mãos em uma corrida.




P.s: Ainda não me decidi a enviá-la, pode parecer ousadia demasiada.

Comentários

Anônimo disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Postagens mais visitadas deste blog

Iberê

O caso Alexandre Soares Silva

Na Pequena Área