Futurologia setorizada
1.
A lentidão de diagnóstico, por um especialista, a um doente pode
matá-lo. Nesse caso, o especialista é o cronista esportivo e o
doente, o futebol brasileiro. A independência crítica, comprometida
pela necessidade pecuniária, é retardada ou administrada em doses
menores do que a necessária e a discussão, tímida, parece não
querer ofender os circunstantes, que a essa altura, trocam olhares
suspeitos sobre a natureza do objetivo do crítico, com suposições
pouco lisonjeiras acerca de seu temperamento ou sanidade. Matar a
galinha de ovos de ouro? Limitar-se apenas a cobertura de campeonatos
xinfrins? Reduzir os jogadores a atletas ocasionais? E nossos
gramados em várzeas? Isso parece agressivo demais. E os delicados
preferem a morte, como apregoava o poeta. Em junho, na Pequena Área,
advoguei a saída de cena da Seleção Brasileira, por uma década,
da paisagem futebolística mundial, além da criação de outra liga
além da CBF, para, nesse tempo, reestruturar internamente nossa
mentalidade esportiva.
2. A minha ligação com o futebol, de espectador atento, permitiu-me, adicionada as leituras, a clarividência que, por exemplo, um Tostão, em sua coluna no jornal O Tempo, mostrara apenas agora, no primeiro dia de julho. Mesmo com todo know-how de jogador e certo poder de observação, o médico Tostão, convencido apenas agora da doença, delimitando-a em sua ação psíquica, arrisca-se a um comentário tardio sobre o estágio terminal do futebol brasileiro. E seu ato não é isolado, toda a imprensa esportiva cala-se ou alguns mais corajosos - e lúcidos - como Paulo Cesar Caju, levantam a lebre, mas sofrem, como eu tenho sofrido, uma interdição dentro dos veículos especializados, porque retiro deles, como ouvi o ganha-pão. E não me espantaria que se cobrisse a Seleção Brasileira, com o mesmo posicionamento, revelando um crescente empobrecimento de nossa gramática futebolística, receberia o mesmo desprezo, afinal, como em outra censura, não sou técnico, jogador ou formado em Educação Física. No máximo, sou um observador com o poder de antecipação razoável para o advento de desastres.
2. A minha ligação com o futebol, de espectador atento, permitiu-me, adicionada as leituras, a clarividência que, por exemplo, um Tostão, em sua coluna no jornal O Tempo, mostrara apenas agora, no primeiro dia de julho. Mesmo com todo know-how de jogador e certo poder de observação, o médico Tostão, convencido apenas agora da doença, delimitando-a em sua ação psíquica, arrisca-se a um comentário tardio sobre o estágio terminal do futebol brasileiro. E seu ato não é isolado, toda a imprensa esportiva cala-se ou alguns mais corajosos - e lúcidos - como Paulo Cesar Caju, levantam a lebre, mas sofrem, como eu tenho sofrido, uma interdição dentro dos veículos especializados, porque retiro deles, como ouvi o ganha-pão. E não me espantaria que se cobrisse a Seleção Brasileira, com o mesmo posicionamento, revelando um crescente empobrecimento de nossa gramática futebolística, receberia o mesmo desprezo, afinal, como em outra censura, não sou técnico, jogador ou formado em Educação Física. No máximo, sou um observador com o poder de antecipação razoável para o advento de desastres.
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