Surrealismo


‘Surrealismo (...) virou grife, franquia, um Mcdonalds do inconsciente, morou?’
Para Anderson Fonseca
O buraco é mais embaixo. O sujeito, emputecido, amassa os papéis. Surrealismo de cu é rola. Corolário da conversa. Isso é Darcílio Lima assinado por Dali. É o que é. Não vale tostão. E enxota o vendedor de raridades. Os putos em 1920 inventaram a porra e rende dinheiro até hoje. Não é? Absurdo do mundo é o caralho! Virou grife, franquia, um Mcdonalds do inconsciente, morou? Cheio de fórmulas e o cassete a quatro. Eu não compro. Não vem que não tem. No meu cu é que não botam. Surrealismo. À puta que pariu. Dali acanalhou o inconsciente e o colocou nas gôndolas dos supermercados. Você chega e pede ao açougueiro: me vê aí meio quilo de pá, acém e surrealismo. Reforça o embrulho que é pra viagem. Estado de fantasia supernaturalista, disse um escritor meio viado. Traduz, né? É bonito pra intelectual. E nós? A graça dos franceses, qual era a graça deles? Me deixa lembrar... Peraí... Dali era francês? Ou espanhol? Ou catalão? Só um pouquinho mais... Breton. Foi ele que despirocou o Fróid. Não o Fróid em pessoa, não me entenda errado, não foi o que eu quis dizer. Escangangalhou com os escritos do Fróid. Isso não se faz. O livro? O tal livro dos sonhos. Aí a coisa ficou feia. Muito marmanjo escreve um monte de merda e diz fiz um livro surrealista. Não serve nem pra limpar a bunda. Junta um monte de merda sem pé nem cabeça, narra que nem um zé bocó e faz pose de intelectual para vender o próprio peixe. Eu não compro. Sou estudado. Comigo o buraco é mais embaixo. Não levo gato por lebre pra casa. E quer saber de uma verdade? Quer mesmo? O Brasil foi que inventou essa merda. O quê? País surrealista? Não, não foi isso que eu quis dizer. Foi outra coisa. Saca? Comer aquele estrupício é um exercício surreal. Nem com toda a pica, mermão. Sem sacanagem, cara. Surgiu aqui nos trópicos, no duro. Antes de vinte. Bem antes. O cara não batia legal da cuca, tá certo. A cachola dele era prejudicada, tinha uns pinos a menos. Mas, dai a César o que é de césar, ele era o cara. Quando? No dezenove. Século, entende? Século dezenove. Corpo Çanto. José Joaquim Leão. Você assitiu? Como? Na extinta tevê Manchete? Aquilo era uma novela, energúmeno. Novela, quer saber mais do eu? Corpo Çanto é um tal José, abilolado por santidade, por querer enrabar os anjinhos, coitado. Era homem sério. As más línguas dizem que ficou assim porque viu o pai morrer. Era estudado. Poeta, dramaturgo, jornalista e gramático de uma língua só dele. Tamô falando do Corpo Çanto. Para de falar merda, não é da novela ou de um personagem dela. Se bem que... Mais uma cerveja. Um queijinho pra petiscar. Como sei dessa porra toda? Estudei no estranja, cumpádi. Fróid, Sartri, Bevoar, Troteski...Porra, troca a cerveja aqui, tá aguada, tá uma merda. Quase tive distensão na língua. Comer aquele estrupício é que é foda. Vai dizer que não? Como tu agüenta? Isso que eu fiz, não faz não, tá. É errado. Misturar tu, você e o escambau. A patrulha dos pilantras das gramáticas coloca em cana. É trabalho de escola, é?Deu pra entender? Sem maldade, pô...Sem maldade. Diz pra sua mãe que não vou cobrar nada, tá certo? Corpo Çanto não era francês, não falava ingrês, nem o latim. O dos cachorros? Latim é uma língua morta, meu filho. Como se mata uma língua? Se é de tiro? Vai ser burro assim lá na casa do cacete. E pede pra sua mãe me esperar mais tarde.

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