O Sujo e o Mal lavado
‘O
preto no branco. Não há outra maneira para se fazer oposição ao governo, mas a
condução da campanha está equivocada. O equívoco está desde a escolha do
candidato, comprometido por um possível mandato fraudulento, à abordagem dos
problemas dos recursos que abre margem para suspeitas tanto de um lado quanto
de outro. Se o candidato abrir a boca demais pode se ferir com as próprias
palavras e o resultado de um temperamento exaltado pode respingar na futura
campanha presidencial - que promete ser quentíssima - pelo material que a
oposição tem para uso’
A temporada de campanha
política está aberta. O Partido dos Trabalhadores resolveu apoiar o candidato Lindberg Farias para o cargo de
governador do Rio de Janeiro. Em uma das
chamadas, o candidato refere-se ao empobrecimento dos municípios, a posição da
cidade em qualidade de vida (quadragésima - quinta) e a destinação dos recursos
federais. Se há uma parceria entre governo federal e o governo estadual e se a
situação da cidade está periclitante, como quer fazer parecer, há algo de
errado nas estatísticas: ou são falsas ou manipuladas. O governo de Sérgio Cabral gaba-se do
prestígio com a presidente Dilma e dos investimentos conquistados até aqui para
o Estado. E não apenas ele vangloria-se
da parceria com o governo federal. O
prefeito Eduardo Paes comprometeu-se em toda a sua campanha com o
alinhamento político para a cidade ganhar
mais e se ver livre das picuinhas que não permitiam a chegada de recursos para
o nosso desenvolvimento.
A decisão pela campanha
para governador de Lindberg Farias
compromete o apoio do PMDB para a corrida presidencial em uma dos maiores
colégios eleitorais na região sudeste. E não apenas isso, a escolha do nome do
ex- prefeito de Nova Iguaçu, onde tramitam no Ministério Público as acusações de
desvio de dinheiro é um agravante para o desgaste da imagem do PT no Rio de
Janeiro. E isto após os inúmeros escândalos em que o Partido dos Trabalhadores
está envolvido com o mensalão, enriquecimento ilícito e tráfico de
influência. Neste link pode ser
observado como a ação do senador, candidato a governador do Estado do Rio de
Janeiro e aspirante à presidência da República, se comporta. A matéria é da
revista Época: http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2013/03/acusacoes-de-desvio-de-dinheiro-contra-o-senador-lindbergh-farias.html.
Outro fator, além das
acusações de desvio de dinheiro público durante o mandato como prefeito de Nova
Iguaçu, é a pergunta crucial da chamada: os recursos do governo federal estão
indo? O questionamento autoriza a mesma pergunta com relação à administração do
ex-prefeito, cuja apuração está em trâmite no Ministério Público, todo aquele
dinheiro desviado dos cofres públicos aonde foi parar? Se o governo Cabral/Paes
vem sofrendo duras críticas nas manifestações espontâneas ocorridas nas ruas
devido a falta de transparência em sua ação, perdendo a credibilidade junto ao
eleitor crédulo da renovação, mas que diante de lautos jantares em Paris,
viagens trágicas em helicópteros de empresários
supostamente beneficiados e, afinal, a própria esposa do governador que
advoga para o metrô da cidade que é uma concessão pública. A palavra
prevaricação é pouca para exprimir os fatos em torno da administração estadual
e municipal.
A campanha de Lindberg Farias quer se firmar pela
oposição: uma cidade que dá certo para os ricos e outra que não dá certo, que é
a da grande maioria. O preto no branco. Não há outra maneira para se fazer
oposição ao governo, mas a condução da campanha está equivocada. O equívoco
está desde a escolha do candidato, comprometido por um possível mandato
fraudulento, à abordagem dos problemas dos recursos que abre margem para
suspeitas tanto de um lado quanto de outro. Se o candidato abrir a boca demais
pode se ferir com as próprias palavras e o resultado de um temperamento
exaltado pode respingar na futura campanha presidencial - que promete ser
quentíssima - pelo material que a oposição tem para uso. E todo um planejamento
poderá ir por água abaixo. A estratégia, em sua campanha eleitoral, é
arriscada. Não se pode tacar pedra no telhado dos outros, quando o nosso é de
vidro, ensina sabiamente o dito popular.
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