Kipling e a Serpente
A estação de trem repleta de indianos. Rudyard Kipling não mostra nenhum desconforto trajando o terno de casimira inglesa. Calça um par lustroso de sapatos de laca, a mala de papelão na mão direita, o bilhete da passagem examinado pelos olhos inquietos atrás do óculos. Deixaria Bombaim para se aventurar na casa da floresta para escrever um novo livro. Não tinha certeza sobre o que escreveria, mas isso não o incomodava, pelo contrário, sentia-se confortável. Era a primeira vez que não estabelecia regra nenhuma em uma viagem, não tivera tempo para esboçar um plano – isto contrariava seu temperamento metódico, mas prometeu a si mesmo que seria a última vez que uma coisa assim ocorreria. Bandhavgah, chamava o bilheteiro. A multidão subia ao trem que apitava dando o sinal da partida. A casa era modesta, pertencia a um funcionário do marajá, que vez por outra tomava o seu caminho com a família para descansar do serviço burocrático dos palácios. Tinha três quartos na parte superior, uma grand...