A Liberdade tem muitos nomes

 Sem acesso à rua, minha filha caçula sente falta de nossos passeios pela vizinhança. A minha solução foi a seguinte: comprei um rolo de papelão corrugado. Minha mulher comprou giz de cera. Minha filha mais velha reuniu as fotografias de nossos vizinhos pela internet.

Esticamos ao longo de nosso muro o papelão, chamamos a nossa pequena e desenhamos a nossa rua com os seus moradores. Demorou três dias a confecção desse mural. Depois de pronto, passávamos por ele com saudações engraçadas aos personagens.

Minha filha caçula distraía-se com a nossa artimanha. Um dia, ela falou:  - Papai, quero ver o Sr. X. Depois disso, não ligou mais ao painel. Percebi que a chave do portão se tornou também a do Paraíso: nossa calçada, nossos vizinhos, partes dele. A gente só queria andar na calçada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Iberê

EXERCÍCIO

O caso Alexandre Soares Silva