Reforma Ministerial

O deslocamento de Aloísio Mercadante da Casa Civil, na recente forma ministerial, para a pasta da Educação, reassumindo-a, depois da destituição de Renato Janine Ribeiro do cargo, é uma estratégia coerente, embora a perda de Janine, talhado para a função, seja um equívoco. O embaralhamento das cartas, orquestrado por Lula, parece realizado para a garantia da governabilidade: a suposta construção da viabilidade do governo Dilma. Ninguém quer sair perdedor em 2018. A rearrumação em que antigos aliados, como o PSB, que com a candidatura de Eduardo Campos (2014) romperam com a base governista, agora tentam ser reconquistados por ela. A coerência de Beto Albuquerque e de seus correlegionários será testada como também a fidelidade aos princípios defendidos, acompanhado de Marina Silva, naquela campanha presidencial.

As cortinas de fumaça são muitas.

Se a Casa Civil, o epicentro estratégico das negociatas como o mensalão, ocupada sempre por alguém de confiança ligado ao Partido dos Trabalhadores (Dirceu, Dilma, Mercadante e Jacques Wagner), apontando futuros candidatos para as disputas presidenciais, agora, novamente, nas mãos de alguém de confiança, pode sugerir uma pista? Jacques Wagner ou Mercadante no lugar de Lula em 2018? Aldo Rebelo é a fachada para a engambelação, porque sua versatilidade, o suposto conhecimento da máquina estatal por dentro, os ministérios já ocupados por ele, sugeririam a tal potencialidade para mandatário da República. O Ministério da Saúde perderá Arthur Chioro para a entrada de um peemedebista: a cotação recai sobre o obscuro – e suspeito de ligação com grupos de extermínio no nordeste – Manoel Júnior, implicado em um relatório de CPI.

Toda a movimentação soa ao espectador comum como um esforço do governo de reatualização de si mesmo e afastamento do desgaste que afeta a popularidade e o plano de poder do partido. O Ministério de maior orçamento – e com maior problema de evasão financeira por desperdício – entregue a um indivíduo possivelmente implicado com problemas de probidade, sem uma ligação direta com a legenda do partido hegemônico, mas a ele subordinado, parece um sacrifício, quando, na verdade, é um alívio ou uma estratégia. O que é velório pode virar festa. Entretanto, o PMDB pode surpreender, insurgir-se contra o dirigismo lulo petista. E quem será o Davi? Quem será Golias? Ou Caim duelará com seu duplo? 




Texto escrito antes da nomeação de Marcelo  Castro (PMDB-PI) para o Ministério da Saúde.

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