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Mostrando postagens de agosto, 2009

Profissão de Fé

Dedicado a Henrique Rodrigues Sou um Quixote destes lados. Vendo a sombra afogada, Nos próprios passos.

Biblioteca Tobias Barreto de Meneses precisa de ajuda

Quando querem ajudar crianças abandonadas, cria-se um zero oitocentos; quando se quer zelar pela proteção de animais abandonados no perímetro urbano, estão lá militando ecologistas; quando se está insatisfeito com políticos corruptos, espicaçados pelo partido de oposição, os estudantes colocam suas forças para derrubá-lo, depô-lo e ganhar as páginas de jornais; quando se quer livrar da violência bairrinhos chiques de qualquer localidade do país, a associação de moradores se une, envia aos jornais protestos, com assinaturas de famosos constando em cada linha; quando se quer preservar a casa de um artista, importante para a consolidação da cultura, pertencente à classe média, atrizes e atores entram em campanha radio-televisiva para sensibilizar as autoridades competentes; quando se acredita oportuno tombar patrimônios como ruas, viadutos, becos e bares, intelectuais se unem para dizer que um dia tomaram ali o seu chope ou toparam com beltrano ou fulano ou daquele lugar se atirou cicrano

Verdade e Maçonaria

Giuliano, Meu Telefone é 8181 – 35... Acompanho seu interesse em ingressar na Maçonaria, vejo seu nome em grupos e comunidades na internet pedindo para ser convidado e venho alertá-lo que a entrada nessa ordem não se dá através de e-mail, carta ou telefone. Somente através do contato pessoal é que o convite é feito. Meu alerta é para um amigo que dividiu comigo a infância e adolescência que desejo que não seja enganado. Porque a internet é repleta de armadilhas. As duas famílias, com reconhecimento, são : o Grande Oriente do Rio de Janeiro - Rua do Lavradio sendo sua sede e a Grande Loja Maçônica do Rio de Janeiro, tendo a sede na Tijuca. Se você receber um convite de uma LOja- local onde se reunem os maçons regulares - que esteja filiada a uma dessas duas entidades, será um convite sério. E o convite tem que ser pessoal, porque um maçom só convida aquele que ele já travou conhecimento, aquele que já foi sondado de alguma maneira e pode ser observado por um bom tempo, não só por el

Cartas a Horácio - Apontamentos Críticos Sobre o Romance Avalovara

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Horácio, 1.Salientar primeiro o conceito de tecnologia. Optei pelo mais elementar, porque a este atende a necessidade. Tecnologia é a ferramentar usada para estender nossas habilidades. A televisão, por exemplo, é a ampliação de um nosso órgão e sentido, permitindo-nos assistir fatos que acontecem em outro país e até mesmo uma corrida de automovéis. 2. Precisando-se isto, apontar o atraso tecnologico com que o país sofre, com a chegada de produtos aqui no terceiro mundo com um delay de no mínimo dez anos. Escolher um exemplo disso. 3. Confronto entre Jogo de Amarelinha, escrito em 1963 com a presença do hipertexto como inovação estrutural, de enredo e de espaço com Avalovara que aterrissa em terras tupiniquis em 1973, portanto com os mesmo 10 anos de atraso. Se em Cortazar os elementos são tratados diretamente, sem a intermediação de simbolos alquimicos ou palindromos, sendo o romance escrito dentro da escola realista sem ter a realidade se intrometido neste para abusá-lo, Osm

O Caso Pancetti.

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Manuel Bandeira em uma crônica do livro Colóquio Unilateralmente Sentimental, comenta a respeito sobre a vontade de ter um quadro do pintor José Pancetti, a oportunidade se apresentaria através de uma troca com o amigo João Condé – dos Arquivos Implacáveis – que já estava de olho em um retrato do poeta pernambucano realizado por Cândido Portinari. Enfim, Manuel Bandeira se decidiu ao escambo, optando por uma Marinha, da série de pinturas feitas no estado da Bahia, exatamente Itapoã. A decisão pesou-lhe muito, porque sabia que financeiramente estava em desvantagem, porque se recebia a marinha dava em troca seu retrato, mas observava que por se tratar do amigo que era e por não desejar mais topar consigo tantas vezes em sua residência, livrou-se de um dos retratos do pintor de Brodowski,ficando com o outro, porque possuía duas obras: uma com óculos e outra sem. Libertando-se desta última. O poeta da Estrela da Manhã comunica-nos o assombro estético causado pela pintura de Pancetti, apont

Sobre Deus

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Para Elaine Pauvolid Melhor tangenciá-lo, Do que feri-lo no centro, Porque é acertar a si mesmo No próprio coração.

A Pergunta

Uma dor de cabeça insistente atormentava Paul Valéry, que observava o Collège de France da janela de seu gabinete, sem preocupar-se, cofiando o bigode, buscava solucionar parte do mistério dos arcos da arquitetura do lugar. A sineta das aulas não tardaria a tocar, porém custaria atendê-la, entretido como estava. Não era um relapso, não negligenciava suas funções, contudo não sentia a disposição necessária para explanar sobre qualquer coisa, posto que atormentado pela dor de cabeça. O assunto sobre a vidência de Rimbaud também o esgotara, alinhou, não faz tanto tempo, um poema em que se perguntava: “Eu obedeço, talvez ao vidente?”. É certo que tratasse do vinho e seus efeitos, mas estaria esquivo da influência deste propósito? A algazarra dos estudantes no corredor o importunava, tinha mania de silêncios, espreitando-os como se armasse emboscada para o mistério ocultado em suas dobras – um pássaro de reflexos e sóis ativos, pousados em seu braço fluido. Recostava-se, a cadeira acomodava

A Caderneta

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Para Márcio-André Francis Ponge estava misturado àquela luz matinal, quase não podendo ser percebido entre as folhagens do jardim, por onde costumava passear. Levava consigo uma caderneta onde tinha por hábito anotar os pensamentos que lhe ocorriam durante a caminhada, refletindo calmamente sobre a natureza ao redor, levando para o seu interior o concerto do mundo, onde sobrava em cada coisa música, intenção e palavra. Não distinguia isso claramente, porque pensava através das palavras que pousavam suavemente sobre a folha, discorrendo sobre o regato que corria adiante, sobre a rede de sombras tecidas pelos galhos violentados pela luz solar e a súbita rebeldia com que o vento alardeava sua passagem pelas aléias de flores, tombando-as como pisoteadas por um exército. Ponge se comovia diariamente com a natureza que não se permitia enquadrar sob as leis da física, da química e biologia, arrependida por ter descido aos homens desta forma, abandonando as razões pitagóricas, rendidas em poem

Sobre os Poemas de Cosmorama

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Peço opiniões a quem já realizou bons textos literários, mesmo que o escritor/poeta não frequente os cadernos literários. Izacyl Guimarães Ferreira é um poeta tão bom quanto generoso leitor dos poemas que cometo. Em tempo, todos cismam em chamá-lo, ao livro, de Cosmografias. Caro poeta: Finalmente consegui tempo para ler com atenção (e a pequena dificuldade de ler no computador) suas Cosmografias. É sua estreia ou já tem livro publicado? Pergunto não só por curiosidade,mas porque fiquei com a impressão de que você pareceria -repito:pareceria- estar ainda buscando uma forma sua,entre brevidades frequentes e outros poemas, mais extensos. Nada mais difícil,creio,que dizer muito com pouco texto e você consegue com eficiência esta concisão expressiva,algo que eu aprecio especialmente,embora lamente que muitos poetas jovens e até alguns senhores(risos)tentem haicais ou algo assim,à espera de que a beleza ou o sentido se completem na cabeça do leitor... Acho mesmo que é nos brevísimos poemas

Escrever para me livrar desta noite inteira

Escrever esse telegrama frágil Que pode romper-se como uma bomba Dentro do meu corpo Através dos riscos e sinais Na velocidade das coisas mortas Cortadas rentes à memória forçada Do lugar em que se incendiava a palavra: Esse corte vertiginoso no sexo da noite. Escrever para me livrar desta noite inteira Respiram nela ratos e navalhas De um corpo dividido em documentário E linhas de dissolução Marcado à contraluz e irreparável Em sua dispersão de lembranças.

Crônica Tardia Sobre o Dia dos Pais

É por este caminho difícil que devemos andar. Não adianta retroceder, porque se constatou que a vida não é o que se esperava; as pessoas não são como se sonhava e a juventude é como o galho de uma árvore atingido pelo vento forte que o derrubará, trazendo consigo a decadência e a decadência costuma-se acompanhar de desespero. Ele não ganhava nada em me dizer essas coisas, sempre nas filas dos bancos, marcado por uma preocupação que não consentia em dividir comigo ou com meus irmãos. Ele prosseguia não que alardeasse honestidade, porque isso não poderia testemunhar para si próprio, porque nunca se apresentou ao tribunal de sua consciência com a inteireza que julgava necessária, mas transmitiu que por força era preciso que o erro se apresentasse, fosse qual fosse à conseqüência. Costumava esquecer datas importantes, absorvido pelas inúmeras tarefas de trabalho, misturado que estava a tudo aquilo em seu escritório, lembrando de como poderia fazer para arranjar dinheiro para um irmão, como

Inéditos & Dispersos

BALEIA aqui do estômago desta baleia a cidade é um cardume cintilante e a estátua de drummond tem as costas ao oceano – [as estátuas são para os homens não para o mar] cultivar um peixe por dentro para um dia comê-lo esperando uma mulher surgir da precisão da ossada um dia somos felizes em nosso jardim cetáceo e ela caminha suavemente ao meu lado sonhando o domingo mais triste do mundo no subúrbio do lado de lá um dia estamos na meia idade e bebemos porque não há opção e o guindaste no cais estará esmagado como um inseto morto diante das mil falhas na goela das águas o mar está na foto dos homens não no sonho das estátuas Autor: Márcio-André, poeta, ensaísta, performer e editor da revista eletrônica Confraria do Vento.

Carta-Crônica a Um Ex - Querido Autor

Algumas vezes a admiração por alguém pode desmoronar de um momento para o outro. Trata-se de coisa comum,porque quando se tem um apreço muito grande por um individuo costumamos isolá-lo em suas qualidades – fechando os olhos para as possíveis gaiatices do seu comportamento que constituem uma constelação de excentricidades interessantes e podem beirar uma galeria bizarra de acúmulo de status. Nesta semana li em uma postagem de um individuo que estava no meu hall de ídolos e fiquei chocado. Ele era um escritor, depois aderiu a carreira de novelista, foi bem sucedido em ambas. O talento precoce desse autor o levou a publicar seu primeiro romance aos dezesseis anos, com a chancela de uma editora carioca que reunia intelectuais respeitáveis e conhecedores de boa literatura. Mas parece que sua ascensão estragou completamente o humano que eu percebia em seus livros, talvez mesmo isso nem existisse, fosse uma projeção indevida sobre os narradores dos romances que eu lia no afã de encontrar pis

Sobre John Fante Trabalha no Esquimó

Carlos, meu amigo, obrigado pelas palavras. Amigo Mariel, Estou lendo seu livro (na verdade, relendo, já que havia lido os originais), sempre com o mesmo prazer, o mesmo assombro. Suas imagens são, para mim, tão inesperadas que custo a perfazer o caminho em busca do sentido, às vezes embalado na métrica do texto. Estranho, não, falarmos em métrica de um texto em prosa... e, no entanto, é como sinto. Agora que o livro é uma verdade, Mariel, o que você fará? Outro e outro e outro? Ele é bom, literariamente falando, o que não significa vendagem boa, como sabemos bem (nem sei como foi a vendagem, mas sei, hoje, o que vende e o que não vende, e creio que sei porquê). Mas acho que você, como eu, não estava atrás disto. Me enganei? Duvido. Então é isso, amigo. Outro e outro e outro, cada vez melhores, no seu conceito, até que isto já não seja um projeto, perca o impulso do pro-jectum. Mas isto é a vida. Só gostaria que você não parasse enquanto sentisse o impulso de escrever. É pedir muit

A Vida Não é Real

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Notícias alegres e literárias. Assis Brasil, escritor piauiense, acaba de lançar o livro de contos, intitulado A Vida Não é Real pela editora Imago. Se em A Chave do Amor e Outras Histórias Piauienses ele se detinha sobre o cotidiano da gente do Parnaíba, nessa sua nova incursão o espaço geográfico muda para o urbano das grandes cidades, principalmente aquela onde o escritor estivera em auto-exílio: o Rio de Janeiro. Vale à pena a leitura desse autor tão pouco usual dos nossos cadernos literários. A obra critica de Assis Brasil também é instigante. Já comentei aqui sobre Mário Lago para se referir sobre o ótimo escritor subestimado pelos agentes de cultura desse país, mesmo sendo apresentado em roupagem luxuosa pela editora Cosac & Naify com o livro Reminiscências do Sol Quadrado, livro de cunho memorialístico que cobre a passagem da prisão do ator, compositor e radialista durante a fase da gloriosa revolução de 64. Agora estou debruçado sobre a ficção propriamente dita do autor de

Carta de Sugestões a Uma Cooperativa de Táxi

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A taxa de desconto 20% para corridas acima de R$ 20,00 oferecida pela cooperativa Norte Rio, situada na área da Leopoldina, tem atendido com sucesso os usuários, acertando com o período de crise em que a economia está encolhida e as pessoas temerosas em gastar aquilo que não podem. Dito isto, resolvo opinar sobre um panfleto que chegou às minhas mãos na semana passada, quando solicitei um cartão para dar aos amigos com o telefone da cooperativa e o motorista, desprevenido por não ter cartões, me deu o panfleto onde além do telefone, estava a novidade que me pareceu um erro. Aponto o que me pareceu um erro. Nesta propaganda, decerto elaborada pelo setor financeiro, noticiava-se a redução do desconto para 10% nas corridas acima de R$ 20,00. Não entendi a estratégia, por isto resolvi analisar a situação. Muitas das vezes que em solicitei o desconto, porque sou usuário contínuo dos serviços da Norte Rio, descobri que são os próprios motoristas é que propiciavam o beneficio, sendo recompens

Mário Lago, Graciliano Ramos e Relatos Prisionais

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O meu contato com a obra de Mário Lago - o escritor - se deu através das discussões no Amarelinho da Glória com meus amigos Antônio Dutra e Vinicius Jatobá. Naquele dia falávamos de livros que poderiam ser adotados sem nenhum problema para leitura entre os brasileiros; livros ágeis, com fundo histórico, repletos de mordacidade e escritos de modo elegante. Foi nesse contexto que surgiu o nome de Mário Lago. * A reedição de sua obra mais famosa Reminiscências do Sol Quadrado pela editora Cosac & Naify intensificou nossa conversa por constatarmos que a literatura brasileira poderia mesclar instantes dolorosíssimos a momentos de riso, bom humor e observações finas sobre o cotidiano em uma prisão governamental. * Nisto o livro estava precedido de Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Fizemos considerações a respeito, isto se levando em conta os projetos de ambos, tanto de Lago quanto de Ramos; frisamos os pontos comuns e a diferença da presença do humor nas narrativas, sendo Gracil