Cortina de Fumaça




As estratégias de recuperação de popularidade de um governo moralmente falido passam através de ações positivas em relação a temas polêmicos, como a maioridade penal e a lei de terceirização em votação. Os dois itens da agenda em voga distraem a atenção pública da corrupção, dos corruptos e corruptores. Sem a vigilância da imprensa e dos setores da sociedade diretamente interessados novas manobras e conchavos podem ser alinhavados para salvação dos indivíduos envolvidos, ligados ao governo de um modo ou de outro, que não podem ser abandonados por representarem alta periculosidade como detentores de informações privilegiadas que se manterão sigilosas enquanto gozarem de vantagem e de proteção jurídica, os participantes das falcatruas governamentais ou não. As medidas provisórias 664 e 665 atentavam contra os trabalhadores; as centrais sindicais, das quais se aguardava uma reação maior, limitaram-se a exigência da retratação e da suspensão de ambas, sem aprofundamento crítico em relação ao governo federal. A lei de terceirização, arquivada há dez anos, portanto discutida, anteriormente, dentro de um governo trabalhista, ressurge juntamente a maioridade penal; a lei de terceirização será vetada mais uma vez pelo governo, mesmo que goze de simpatia por integrantes da esquerda como Wladimir Pomar que insinuou em artigo sobre a antiquada rigidez das leis trabalhistas brasileiras, apontando como exemplo a China, não por acaso. No entanto, o espectro de uma terceirização não desaparecerá, sendo adiado por um momento oportuno em que o marketing governamental o tornará atraente e vantajoso diante de uma dilatação assistencialista acolá que parecerá uma compensação à massa pavloviana nacional; a maioridade penal, suscitada para os dezesseis anos, dentro das políticas atuais não surtirá efeito conquanto a mentalidade dos setores situados dentro da discussão e a discrepância social crescente. Se a percepção da população não estivesse distorcida notaria que a discussão da maioridade penal está atrelada ao aumento da pobreza e do abismo social entre classes com a negação do slogan do governo: O Brasil, país de todos. Além da exposição de falência dos sistemas educacionais e projetos inclusivos. Da lei da maioridade penal, sairá a reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); e da lei de terceirização, algum escândalo pudico da esquerda, sem o alerta da transferência dos parques industriais para destinos como...China, entre outros. O restante é sabido: cortina de fumaça para o governo.

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