Apontamentos Sobre a Revista Você S/A Edição 180. Maio 2013.


Prezados Editores,
Mancadas na Você S/A Edição 180. Maio 2013.

Os 7 Passos Para Decisões Melhores, constante da matéria Como Tomar Decisões Melhores, possui uma contradição entre o segundo passo e o terceiro, portanto, parece que implícita uma contradição nos posicionamentos dos CEO’s consultados. No passo de nº 2 somo exortados a ouvir nossa intuição que trabalha com informações armazenadas conosco, frutos de operações semelhantes àquela que será executa e o passo nº 3 explicita que devemos desconfiar das soluções já empreendidas, explicitada dessa forma: “Nossa tendência é fazer escolhas pelo caminho que conhecemos”.

Outro ponto de vista curioso da revista repousa na matéria Defenda-se da Grosseria. Um pequeno Manual da Boa Vizinhança em que se exorta àquele que sofre assédio moral, porque isto é assédio, mesmo não sendo tomado com tal pela revista e não constando na matéria os caminhos legais para a reação a isto, porque já entendido como crime, induz ao individuo que identifique em si mesmo as razões pelas quais é maltratado pelo chefe. Há o cúmulo do depoimento de uma psicóloga que diz: “Muitas vezes, o comportamento de um chefe grosseiro é resultado de nossas ações”. Imagine se tomarmos ao pé da letra o conceito aplicado nas relações trabalhistas do artigo e o transferirmos para violência contra as mulheres?

A matéria A Hora das Favelas é muito bem conduzida, mas não é instigante, não coloca os pontos negativos de ações como de Luiz Andreaza, porque a realidade do trabalhador das regiões carentes não apenas de São Paulo é a flutuação empregatícia, isto é, hoje está empregado, mas amanhã pode não estar. Como a empresa Vai Voando lida com a flutuação? Pratica, como muitas lojas de venda de eletrodomésticos, a venda de seguros com pequenas sobretaxações sobre o valor do produto para garantia de recuperação do mínimo investido?

Jornalismo corporativo não é vaca de presépio, não é Maria vai com as outras. A apuração não deve ser insossa, passiva ou apenas tolamente imparcial para as informações chegarem “in natura” ao leitor. Deve ser instigante, propor abordagens que auxiliem a elucidar os pontos de vista daquele que ali está dando seu depoimento, sem grosseria ou pretensão. Não é porque o entrevistado é o Eike Batista, por ele ter integrado a lista de milionários da Forbes ou ter sido escolhido para o consórcio administrativo do Maracanã, que todos os seus pontos de vistas estão corretos ou fazem sentido.

As reuniões de equipe são importantes para a avaliação do conteúdo produzido e a checagem do que está escrito deve ser realizada pelo editor-chefe, por mais que o trabalho seja desgastante ou que pareça inútil. O editor-chefe pode não se achar investido das qualidades necessárias para exercer a crítica sobre o conteúdo, isto é compreensível, mas pequenas contradições como as expostas podem ser corrigidas.

Escrevi da última vez para a revista e sequer minhas sugestões foram publicadas no espaço de Cartas dos Leitores. Pode ser incômodo aquilo que é apontado, mas é pertinente. E deveria ser considerado como algo que colabore no crescimento dos profissionais e da revista. Como não sou ombudsman da Você S/A paro por aqui. Obrigado pela atenção.

Atenciosamente,

  Mariel Reis

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