05 Novos poemas de Mariel Reis

I

Aos poucos cada palavra
De minha confissão
É esvaziada
Não estão mais nela
Nem o amor, nem a amada
Ou mesmo a casa
Percorrê-la não é ressuscitá-la
É evitar um sono intranquilo
Em que por vezes cai minha consciência.

II

Não é escravidão
Ter as mãos e os pés
A serviço de um senhor
Tampouco em nação
Estrangeira servir
De lacaio se o coração
Está livre e o pensamento
Pousa sobre o que for
Sem distinção alguma.
Pior é esta que espeta minha carne
Que sem senhor, sem castigo,
Quer viver em servidão
Pior é esta cuja visão
Parece em tudo com a liberdade
Cujo contato arde
Ao toque das mãos
Ao grilhão forjado
Dentro do próprio coração.

III

Não há beleza
Nenhuma em meu corpo
Senão a semeada por sua mão
Quando vasculha minha entranha
Como a terra que recebe a semente
Que logo florirá em gentil grinalda
Para que meu espírito acabe como seu noivo.

IV

Estalam gravetos
E as folhas sobem
O vento as apressa
Pronunciam o nome
Da canção incerta:
O inverno morre.
Zunem as cigarras.
V

Dentro do coração
Nem tranquilidade
Nem aniquilação
Apenas saudade.

07/09/2015

Escrito no “What's Up”

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