Seis por Meia Dúzia?



A saída de Mano Menezes e a entrada de Luiz Felipe Scolari. Pode piorar?



A saída de Mano Menezes e a entrada de Luiz Felipe Scolari como técnico da seleção brasileira é o famoso trocar seis por meia dúzia. Talvez até algo pior. Porque, se há uma vantagem, se isso pode ser apontado dessa maneira, é que Mano Menezes procurava reencontrar o jeito brasileiro de jogar, um futebol de expressão alegre e menos sisuda. Luiz Felipe Scolari é a velha escola do futebol brucutu: zagueiros, volantes e cabeças de área. Muda-se o enfoque e a filosofia daquilo que se buscava da seleção brasileira que era a renovação.

O ex-jogador Romário, articulador e ativista da saída de Mano Menezes, mesmo tendo sido um brilhante atacante, está equivocado quando louva a entrada do ex-técnico do Palmeiras para o comando do escrete canarinho. É certo que Luiz Felipe Scolari é um treinador de tiro curto, talvez adequado ao perfil de uma Copa do Mundo, mas não é um treinador com visão tática. É um incentivador, um motivador e não um estrategista. E, mais tarde, a seleção se ressentirá disso. A imprensa esportiva deveria levantar-se para tomar parte dessa discussão, porque Scolari é admitido no cargo para atenuar os escândalos em torno da CBF, para a distração de agravantes que a tornam uma instituição antidemocrática e mafiosa.

Luiz Felipe Scolari não levará o Brasil para a final da Copa de 2014. Ele não é o técnico indicado, não têm as qualidades necessárias para repetir o feito e não será surpresa que diante de seleções pífias o Brasil repita as péssimas atuações obtidas sob o comando de Mano Menezes. Porque o futebol evoluiu tanto no âmbito das Américas quanto na Europa e a mentalidade de parte do futebol brasileiro está presa ao esquema brucutu. Os dois técnicos que poderiam ter sido aproveitados - descartando a volta de Muricy Ramalho - Tite e Cuca, não foram sequer sondados pela CBF. Talvez eles representem o que há de dissonante nessa ladainha do futebol de forte marcação.

Contudo, José Maria Marin é um homem esperto, atento às pesquisas das várias enquetes virtuais. E devido a isso, empossou Luiz Felipe Scolari na cadeira de comandante da seleção brasileira. Porque se Felipão fracassar, e não há dúvidas disso, escutou a voz do povo e a voz do povo é a voz de Deus. E se sair vitorioso, o que será improvável, atribuir-se-á que José Maria Marin é um homem eleito, ouvinte da voz dos anjos e que Scolari era mesmo um enviado dos céus. Em ambos os casos, presidente da CBF terá um álibi - o povo -, com quem repartirá a alegria ou a culpa.




ESCRITO EM 05/01/2013 POSTADO NO BLOG DE MILTON NEVES E NO CATIVEIRO AMOROSO REPLICADO EM 18/06/2014




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