Mirante,platô e ponto de observação.
Estes são personagens de uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência
Lembrança da casa
Ilha parada no centro
Ancorada na carne da cidade,
Desfeita pelos olhos:
Dentro do poema
Da própria voragem.
Comentários
Anônimo disse…
É possível que a moderna poesia brasileira tenha valores nos quais se possa depositar a confiança, mas não os tenho lido com a devida preocupação para mapear os caminhos em que possam desembocar. Lendo esse poema não resta dúvida que se estiver em mãos qualificadas como esta teremos uma tradição com qualidade mínima garantida.
As comunicações dominicais de Alexandre Soares Silva possuem uma leveza ou uma disponibilidade de espírito possível apenas a um sujeito rico retirado do mundanismo paulista ou com uma inequívoca iluminação obtida com iogue em um ashram na terra dos bandeirantes em que feitos assim são comuns a um grupo escolhido. Outro ponto prejudicial às comunicações é a recepção manifestada por uma parcela dos assinantes com a intenção de popularizá-las. Em uma delas, a contraposição do romance realista com o romance de fantasia, uma observação correta sobre a transcendência do último sobre o primeiro pela presença do sobrenatural, é estragada. Alguém disse, em algum lugar, que a literatura d esse tipo é otimista pela presunção de um mundo espiritual, ainda que terrível. A hipótese da riqueza de Alexandre Soares Silva não é absurda. A recorrência ao termo aristocracia em suas entrevistas reunida a gola rolê - prefiro a denominação chique turtleneck - peça presente no vestuário masculino europeu ...
No calçadão de Ipanema vejo Ivan Lessa – está na companhia de dois outros senhores de idade que só depois reconheço – Ziraldo e Jaguar. É a primeira vez que os avisto juntos, conversando, exercendo a bundologia – arte caríssima ao grupo que dedica a ela boa parte do tempo em que atravessa a faixa da calçada, inspecionando as virtudes das beldades, comentando entre si as riquezas naturais de nossa cidade tão cara ao olhar turístico desse quase inglês: Ivan Lessa. Ivan Lessa vive na terra da Rainha, como gosta de dizer. É quase brasileiro quando está entre nós, frisando com isso que ainda mantém certa distância da assoladora síndrome de vira – lata que acomete a todos os seres viventes do terceiro mundo. Não sente a mínima necessidade de escrever, ressalta que é quase um acidente e aqueles que não descobrem em seus livros verdades tão profundas quanto as escritas por Proust podem esquecê-lo, porque não o merecem. A minha aproximação não foi das melhores. Evocando minhas memórias sobre o ...
Em um recuo da rua principal, três travestis reunidos fazem convites sugestivos aos passantes. Quando passo pelo trecho, a insinuação de sexo oral de um deles não possui graça ou malícia, apenas desespero. Não contenho o riso pelo grotesco da circunstância: o aguaceiro e o dia avançado. A interpretação equivocada do meu gesto provoca a aproximação da magrelinha. O rosto parece recém saído da puberdade. A voz aflautada quer ser convidativa. - Meu único interesse é mamar sua rola. Não vai custar nada além do seu tempo. Lembrei-me dos bichas de minha infância que pagavam aos adolescentes pelas relações sexuais. - Não vai me custar nada além do meu tempo?, provoco. A magrelinha passa a língua nos lábios com avidez, mira minha cintura e repete a promessa. As duas outras colegas observam empolgadas a conversa, com a esperança da divisão da conquista cujo gozo resolveria o furor sexual. - As minhas amigas podem me ajudar? Voltou-me os olhos lampejantes. - Quantos anos você tem? - Dezenove. - ...
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