Michael Jackson 1958 - 2009
A morte do astro pop fez por ele aquilo que a turnê realizaria em longo prazo: aumentar suas vendagens e livrá-lo – agora aos seus herdeiros – de suas dívidas.
A carreira de Michael Jackson começou no conjunto The Jackson Five, ao lado de seus irmãos e sob a severa vigilância de seu pai que não queria perder o controle de sua ave dos ovos de ouro. Logo o grupo se tornou um sucesso, assinando contrato com a Motown – conhecida ter agenciado nomes como Ray Charles entre outros.
Michael Jackson teve uma vida pessoal atribulada, cercada por fantasmas familiares. Acredita-se que a tirania que o pai exercia com toda a família tenha sido a responsável pelos desajustes que viriam a ocorrer na vida do cantor, compositor e dançarino. Inclusive, levando-o ao paroxismo máximo: negar a própria cor.
Esta atitude – por mais ingênua que possa parecer – informa como o interior do astro se relacionava com sua posição étnica e social. A transformação radical por que passou, gerou polêmicas, ajudou a acirrar discussões sobre o problema do negro em seu país e levou ao extremo a teoria do embranquecimento.
Ainda pesa sobre o autor de Thriller acusações de pedofilia e comportamentos excêntricos, conforme aquele demonstrado pelo cantor ao pendurar seu filho – Prince Michael II – na janela de um hotel.
O desequilíbrio e os conflitos ganharam sobre Michael Jackson uma vantagem difícil de ser superada, porque antes de sua morte, se preparava para uma turnê pelo mundo, mas não tinha forças para manter acesa dentro de si a esperança de que conseguiria. Tomava antidepressivo, cogita-se que era viciado em sedativos – vício decorrente do acidente com queimadura no couro cabeludo durante a gravação de um comercial de refrigerante.
As especulações em torno da causa de sua morte – uma parada cardíaca – seguem adiante. O carro do médico que estava na mansão de Michael Jackson – Belair, Los Angeles – foi apreendido pela polícia para análise, aventando a possibilidade de erro em dosagem de medicação ministrada ao cantor.
Aos 50 cinquenta anos, Michael Jackson, mesmo depois de sua morte, ontem (25/06), suscita perguntas a respeito de uma cultura onde cada coisa está em escaninho, dentro de uma qualificação, de um mensuramento. Tarifadas umas valem mais que outras, talvez isso, somado ao passado de dificuldades e maus tratos, angustiasse o artista mais famoso depois dos Beatles.
E por falar nos Beatles,Paul MacCartney chegou a gravar um clipe com Michael Jackson. Comenta-se à boca pequena que este era detentor dos direitos da banda de Liverpool.
Quando criança dançava ao som das músicas de Michael Jackson, levado por meu tio Josué – irmão de minha mãe – aos bailes na região de Curicica para performances que imitavam o jeito do exímio dançarino que Jackson foi.
Os percalços e estranhezas dessa passagem por esta vida sinalizam que mesmo tortuosamente, monstruosamente, os homens buscam verdades dentro de si mesmos, de maneira extrema, desesperada, como um Narciso que para se conhecer não precisasse de espelho, mas do próprio avesso para saber se suas vísceras ainda o fazem humano.
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