Violência Contra a Mulher

No blog Mães em Rede hospedado pelo Globo on line ( link abaixo) li apostagem Testemunhas da Violência que me perturbou profundamente. A questão da violência contra a mulher é um fato que não pode ser contornado na sociedade moderna, com difícil solução pela imposição do silêncio, da vergonha e do medo que as próprias mulheres enfrentam ao tentar denunciar. Porque confiam na regeneração do companheiro não tomam a atitude correta. Mas as mulheres não estão apenas do lado das vítimas. Nessa postagem de autoria de Elis Monteiro, mostra que existe uma reação - má reação, ou única - que carrega as mulheres para a marginalidade quando imitam o comportamento do seu perseguidor. Inflingindo sofrimento e dor aos que estão a sua volta, violentando e corroborando a vil lei tácita de que se homem bate e mulher apanha, mulher também pode bater. Contra toda e qualquer violência, seja de que natureza for, este blogue e seu autor repugnam. Escrevi um soneto sobre isso que lendo o relato abaixo parece ingênuo quando observada a complexidade do problema.
Enviado por Elis Monteiro -
21.6.2009
22h34m

Uma cena me chocou hoje no shopping: homem e mulher começam a discutir alto no meio do corredor, até que ele, do nada, dá um safanão nela. A cena seria horrivel de qualquer forma. Mas o fato de a mulher ser mãe de uma menina de menos de dois anos, que estava em seu colo, faz com que o ato todo seja uma grande e absurda violência. O segurança do shopping tentou intervir, mas o homem reagiu, gritando que era policial e que aquilo era problema de família. Não era, não. É um problema de toda a sociedade.

Enquanto os pais se digladiavam shopping afora, a menina continuava no colo da mãe, assustada e choramingando. Uma cena triste, lastimável mas, infelizmente, comum. Tenho visto um número cada vez maior de pais e mães discutindo ou se agredindo na frente das crianças. É grave, gente, muito grave.

O caso recente mais absurdo é o daquela mãe da Barra da Tijuca que matou o marido a facadas na frente do filho. O que será dessa criança daqui para a frente? Além de ter perdido o pai e de ter uma mãe fugitiva da polícia, foi testemunha de um crime pavoroso, o que provavelmente lhe trará sequelas emocionais para o resto da vida. Nao importa se o crime foi em legítima defesa ou não - a criança testemunhou o pai ser morto e ponto.

Infelizmente, a violência está a cada dia mais perto de nós. Quem de vocês não conhece um casal que vez ou outra permite que os filhos presenciem cenas de violência que, por menos graves que sejam, continuam sendo cenas de violência? Eu conheço casais que gritam e chegam às vias de fato perto das crianças ou, pior, em alguns casos a mãe ou o pai usam a criança como escudo. Mas por que isso? O que as pobres crianças têm a ver com os problemas dos pais?

Recentemente,a apresentadora Oprah Winfrey abordou o assunto em um programa. Convidou um psicanalista e um casal que tinha como hábito discutir e se estapear na frente da filha de três anos. O programa acabou instalando câmeras escondidas no apartamento, com a anuência da avó da criança, e as cenas registradas são simplesmente chocantes: sempre que o marido começava uma briga, a mulher corria, pegava a filha e a deixava participar da briga, usando a filha como escudo quando o marido, enfurecido, a atacava.

Fiquei muito triste com essas cenas, assim como fiquei abalada com a cena do shopping. Não me sai da cabeça o rostinho infeliz daquela pobre menininha, perdida entre palavrões, xingamentos, agressões verbais e físicas entre pessoas que, no final das contas, deveriam é estar protegendo-a da violência, não fazendo com que ela seja testemunha ocular da sordidez humana.
O Soneto Ingênuo - Ou Não me faça dar esta Notícia

A MUSA ontem apareceu machucada.
Sorria, porém, a safada pelas pancadas
Que na noite anterior recebeu. Não doeu,
Asseverou. Foi meu amor quem me bateu.

Quando isto me confessou aos ouvidos
Jogando ao fogo mais lenha, crepitava
Na fogueira dos envolvidos o silêncio
De quem não denuncia a violência.

De que terá servido, meu Deus, a Lei
Maria da Penha? Se a Musa em serviço
Não se deu por achada? Gostou das pancadas?

Oh, MUSA não te omitas. Foi teu amor
Quem te bateu e não eu. Mas no próximo
Poema terei que dar a notícia: A MUSA MORREU?

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