Sobre João Gilberto

Descobri uma curiosidade. Se o próprio João Gilberto se integrasse à modernidade, escrevendo com uma regularidade bastante particular – isto é, duas postagens – e muito à sua moda sobre o seu ponto de vista sobre o corriqueiro deste mundo? Você, leitor, duvidaria, é claro. Eu também. Mas não deixei de me divertir com o achado deste diário virtual do mentor da Bossa Nova.

O diário virtual do insuperável intérprete de Chega de Saudade é o seguinte:
http://joaogilberto.blogspot.com/

A informalidade dos textos transparece com a primeira postagem, intitulada Teste, porque lhe parecendo tão simples o modo de operar as postagens aventa que se esforçasse um pouco mais teria inventado o sistema na década de 50.

Esta postagem de 2003.

A seguinte, desta época também, chamada de Começo insere personagens da solitária vida de João: a iguana Doralice e o morcego Johnny Alf. A primeira tem que ser convocada à sua presença através da música de mesmo nome em um ritual de sedução para que ambos se entreguem a adoração mútua.

Johnny Alf vive em um guarda – roupa, com um mau humor terrível, reclamando muito quando alimentado pela invasão da claridade que o retira de seu repouso.

João Gilberto também se entretém com a visão dos transeuntes que caminham pelo calçadão na manutenção de sua saúde como se com isso pudessem evitar a inevitável supressão a que todos estamos sujeitos. Diverte-se com essa idéia, livrando-se do tédio, atirando bombinhas do alto da cobertura onde mora no prédio. Troça do porteiro que toda vez o vê plácido parado a observar a orla, enquanto investiga qual o moleque desta vez cometeu a gracinha: o ermitão da cobertura, como se auto-denomina.

Os acordes de Desafinado no banheiro. Talvez neste lugar a acústica seja realmente perfeita, a vontade em aperfeiçoar a harmonia desta música e a acusação de Gal Costa não é mais aquela divertem.

O curioso é a troca de telefones que Chico Buarque, comunicando a João Gilberto dos trotes que um sujeito desaforado vem lhe passando, perturbando sua paz para a criação. No texto gilbertiano, descobrimos o autor das peças que decide, depois de lhe transmitido o novo número telefônico do autor de Carolina, se esforçar por trotes mais animados.

Sendo ou não o autor do blogue é bem divertido ler as postagens. Seja quem for o autor deveria continuar, porque estão muito convincentes e bem escritas.

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