Contos Rejeitados

Como a editora michou lá em Portugal, farei uma edição custeada pelo Fundação Mariel Reis para escritores desprovidos de proventos - cotizarei e venderei terrenos literários - lotes férteis e não áridos, para dar a luz aos contos que são muito bons. O Nei Lopes - amigo e professor de desacato - me presenteia com um prefácio. Um forte abraço Nei Lopes, meu irmão. E muito obrigado, muito obrigado mesmo.

MARIEL ME DEU UMA DURA

De repente, Mariel salta de sua literatura, me manda por a mão na cabeça e dispara:
-- Escreve aí uma parada sobre meus contos rejeitados! Uma parada qualquer, ô coroa!

Profissionalmente calmo, as mãos convenientemente postas sobre cabeça, tento o argumento:

-- Mas... assim? Ora...Cadê teus babilaques, tuas credenciais?

De forma inexplicável pra um sujeito chamado "Mariel" -- nome tão cubano quanto copacabano -- ele, agora tímido, me mostra seus "Contos rejeitados". Que folheio incontinenti.

Caramba! Quê que é isso, chefia!? Que prosa é essa? Que domínio da palavra, que modernidade na temática, na prosódia, na maneira de contar os contos!?

-- Pô, Mariel! -- agora quem atira sou eu. Você é igual a Irene: não tem nada que pedir licença, não! Já tá, mermão!
De indiciado, tu passou a pronunciado, e acaba de ser julgado e condenado. Tás condenado a ser aplaudido e aclamado pela grande crítica literária; a ganhar altas resenhas nos cadernos de literaura... Só não digo que vais ser best-seller, porque tu não é gringo nem faz autoajuda!
Vai em frente, Mariel! Mete bronca!

Aí, o cara tirou os óculos escuros, o blusão de couro, guardou a máquina no portaluvas e me deu um abraço, durão mas sem perder a ternura.
Tipo assim: "Valeu!".

Valeu mesmo, Mariel!

a) Nei Lopes
28.01.2009

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