Centro de Convivência Textual - trecho da transcrição da aula

3º Relatório de aula do Centro de Convivência Textual – Oficina Online ministrada por Mariel Reis com administração de Anderson Fonseca



O espírito de reflexão e de busca por caminhos que conduzam a individuação lentamente são buscados pelos integrantes do Centro de Convivência Textual. A maioria escolheu o guia para a jornada narrativa a dentro, construindo diálogos, estudando as estratégias. Pontuam-se as características marcantes de cada participante, estimulando-as para aproveitamento no crescimento ficcional, explorando-lhes as potencialidades na construção narrativa.

É ressaltada a importância de uma boa dieta de leituras em que não são aconselhados alimentos excessivamente calóricos ou gordurosas; devido ao risco de prejuízo da saúde narrativa. Salienta-se que alguns alimentos tidos como saudáveis podem não conter as vitaminas necessárias ao crescimento e amadurecimento do corpo de obra. Neste item, investigou-se rapidamente a obra Grande Sertão: Veredas em que se pontuou que Riobaldo – o narrador – é uma espécie de Bentinho - narrador de Dom Casmurro – caipira, pontuando-se sua hesitação em aceitar sua homossexualidade em sua paixão por Diadorim – no final do romance revelada mulher, aliviando-lhe a consciência culpada do narrador.

Apontou-se a rendição de Guimarães Rosa a moral dos anos 50, não levando ao extremo a condição homossexual das personagens envolvidas, preferindo render-se no desenlace; o atentado contra verossimilhança porque em nenhum momento a personagem Diadorim menstrua ou sente o universo em que está misturada como uma personagem feminina. O artifício do narrador masculino – Riobaldo – seria para evitar as percepções acima descritas porque passariam despercebidas dentro do universo masculino em que a história está inserida, mas uma pergunta simples desmontaria outra vez o engodo: Como Diadorim fazia suas necessidades sem ser percebida como mulher? E à vista dos falos dos inúmeros homens do bando que integra como esconde o desejo?

A linguagem em Rosa foi apontada como priorizada na narrativa e não o que é narrado. Creditando-se a isto os defeitos ignorados pelos inúmeros leitores do inventivo autor de Sagarana. Priorizaram-se, durante a conversa, os autores em que a linguagem e o que narrado estão em equilíbrio, como Madame Bovary, de Flaubert. E nos livros religiosos - o Livro de Jó cuja prosa límpida não destoa ou engana o leitor no que propõe.


O guia será retomado como o espelho a ser seguido e estudado, depois da exortação de consumo de bons alimentos, realmente nutritivos para a saúde da narrativa. A quarta aula é a busca de um diálogo em profundidade com um autor, os pontos de contato com sua obra e a desconstrução por parte do leitor/escritor do universo abordado em uma atitude de um canibalismo amoroso oswaldiano



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