O Grito de Zezé Polessa



“Só vale o que está escrito
Lá não se leva no grito
Quem quis levar não prestou”
Roberto Ribeiro

A atriz Marisa Orth é uma mulher versátil. Em sua carreira encarnou diversos papéis, desde os mais dramáticos, recentemente deu vida à escritora Simone de Beauvoir, autora do clássico Segundo Sexo; aos mais cômicos, atualmente está em cartaz no musical Família Adams como Mortiça Adams. Em sua bagagem como atriz está Magda, do seriado Sai de Baixo, reprisado no canal Viva, que a popularizou. O bordão “Cala a boca, Magda!” tão famoso quanto a personagem ganhou as ruas, confirmando a preferência do público pelo personagem que atuava ao lado de outro, igualmente hilário, Caco Antibes, representado por Miguel Falabella.

Marisa Orth, devido ao sucesso da personagem do seriado, foi capa da revista Playboy em 1997. Além da versatilidade reconhecida, é uma mulher inteligente. No programa Saia Justa, exibido pela GNT, mostrou, ao lado de Rita Lee, Fernanda Young, Mônica Waldvogel, que sabia encarar assuntos polêmicos e discuti-los sempre sob um ponto de vista original. Embora cáustico, ferino e desafiador. Em entrevista ao portal Ig, hospedada no link (http://gente.ig.com.br/2013-02-01/marisa-orth-quase-aos-50-anos-nao-sofro-mas-tento-ficar-gostosa.html), a atriz surpreende ao relacionar a fama ao bullying em uma comparação inusitada, porque, o que antes era negativo e punha em evidência o individuo caçoado, agora é tratado como positivo. Em vez do linchamento moral ou físico, o indivíduo, dessa vez, recebe beijos. Contudo, não deixa de estar em evidência. A atriz justifica:

 “Em vez das pessoas correrem para te bater, elas correm para te beijar. O que é muito parecido (risos). Você está em destaque, está separado dos outros. É "especial". A pessoa que sofre bullying na escola é a mais famosa, todo mundo conhece também. E na vida é assim. Você acha que a Zezé Polessa agora não esta famosíssima? Isso não é bullying? Você acha realmente que ela matou um cara no grito? Realmente? Isso é uma loucura! Gente, eu conheço a Zezé. Não consigo entender isso. O que estou tentando dizer é que o famoso sofre uma espécie de perseguição automática. A luz e a sombra estão muito próximos.”

E neste trecho da entrevista, Marisa Orth suscita polêmica ao defender sua colega de classe. Não há nenhum problema em se posicionar em relação ao ocorrido com a também atriz Zezé Polessa, mas expressá-lo dessa forma Você acha realmente que ela matou um cara no grito? É algo inábil e infantil. A chamada da notícia ilustra o que se passou, sem necessidade de uma maior exposição dos fatos Motorista sofre infarto após briga com Zezé Polessa. Zezé Polessa prestou um longo depoimento para esclarecimento do ocorrido, mas os familiares do idoso afirmam que ele chegou a sua residência com profundo mal-estar devido à discussão com a atriz que a terminou com a sugestão de que o motorista de táxi, que atende ao PROJAC, deveria comprar um GPS. A justiça está investigando o caso.

            A pergunta que a atriz Marisa Orth faz é pertinente. É lógico que Zezé Polessa não matou ninguém no grito, mas agravou a doença preexistente, com o aborrecimento. O estresse provocado pela situação vivida pelo motorista de praça pode tê-lo levado a uma crise aguda que o levou ao óbito, porque, como cardíaco, havia uma predisposição do organismo, colaborando com o colapso a suposta atitude de impaciência da atriz Zezé Polessa. É importante na apuração policial checar junto aos demais motoristas do ponto onde houve o embarque o comportamento habitual da envolvida com os demais taxistas. Em seu portal, Dráuzio Varella, discorre acerca do estresse em entrevista esclarecedora com a médica Alexandrina Meleiro (http://drauziovarella.com.br/wiki-saude/estresse/ .)

            A justiça decidirá, através de investigação, sobe a culpabilidade da atriz Zezé Polessa no caso do motorista, mas a desinformação expressada por Marisa Orth, que apenas por uma questão de corporativismo se posiciona precipitadamente, não está de acordo com a mulher informada, versátil e inteligente que se supõe que ela é.

Dráuzio Varella, novamente em seu site, através de conversa com Marco Aurélio Dias, cardiologista recentemente falecido, comenta sobre As Emoções e o Coração. E em um dos pontos da entrevista que pode ser lida na íntegra aqui (http://drauziovarella.com.br/wiki-saude/as-emocoes-e-o-coracao/) aborda a seguinte questão:

“PAPEL DO ESTRESSE NOS ATAQUES CARDÍACOS
Dráuzio- Ninguém discute que fatores como diabetes, cigarro, vida sedentária, colesterol elevado, influem na ocorrência dos ataques cardíacos. De acordo com sua longa experiência clínica, que força têm as emoções nessa patologia?
Marco Aurélio Dias- Acredito que desempenham papel preponderante, embora nos tratados de medicina o estresse apareça como fator secundário, provavelmente porque estudos epidemiológicos não conseguem identificá-lo nem quantificá-lo. Pode-se medir o valor do colesterol, a pressão arterial e a dosagem de açúcar no sangue, ou detectar uma alteração no eletrocardiograma. Como medir a alegria ou a tristeza de alguém, como quantificar sua emoção?
Na minha opinião, se considerarmos o sentido amplo do conceito e nele englobarmos sentimentos como intranquilidade interior, sofrimento emocional, infelicidade, o estresse é o principal fator de risco para as doenças do coração. Quem está tenso volta a fumar, tem menos ânimo para as atividades físicas, come mais para compensar a ansiedade, fica obeso e eleva o colesterol. Além disso, a pressão alta tem clara vinculação com a intranquilidade e a agressividade contida que se volta contra a própria pessoa.”

            Zezé Polessa pode não ser a responsável direta pela morte do taxista, mas, agravou a situação com o suposto comportamento inadequado ao manifestar desagrado por seja lá qual for a atitude tomada pelo chofer de praça. É preciso que se diga que a atriz não é obrigada a saber do quadro de saúde de ninguém, além do de si mesma, mas, precisa estar alerta, devido à sensibilidade como artista, de que é necessário lidar com outros com cordialidade. Além de tudo, quando não se está satisfeito com o serviço prestado, não se precisa de alarde; com elegância, pede-se para se encostar em uma avenida que possibilite a troca de viatura, paga-se a corrida e se vai lépida e fagueira para a casa. Sem a necessidade de nenhum constrangimento ou transtorno. Nem mesmo a de declarações precipitadas, geradas por um corporativismo inútil, que embolam ainda mais todo o meio de campo.

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