Exercício - Etnografia Ficcional IV

IV

“A mãe estaria de pé, o café na mesa, cumprindo sua obrigação de professora, corrigindo as dezenas de provas dos alunos da escola em que dava aula, reclamando sozinha pela tarefa que lhe parecia absurda, levando-se em conta o sol lá fora, a relativa juventude, o corpo embora desgastado, ainda atraente. Tinha um cuidado especial com as pernas. Comprava cremes, meias especiais, fazia exercícios para fortificá-las. O magistério não fez despontar varizes excessivas.”

“Daquela época, de Nádia e Leonardo, fizera questão de permanecer com a corda”

Tia Débora, o dever está pronto. Ela recolhia com má vontade o caderno para inspecioná-lo. A saia não estava tão comportada como na semana passada, a diretora chamou-lhe a atenção devido ao traje provocante. A reprimenda só aumentou sua exasperação para que o dia terminasse de uma vez, para que corresse para casa e pudesse divertir-se a vontade com seu amante.

Professora, posso ir ao banheiro? Débora todas as noites assaltada pelo desejo, enrolava-se na corda de sua filha, subtraída quando ela dormia. Fazia um rolo com a corda trançada, punha dentro de uma fronha e a enfiava entre as pernas. Apertava firme entre as coxas. Enrolava parte do cordame nos pulsos, como se estivesse amarrada pelo amante imaginário, comprimia o rosto contra o travesseiro para abafar o ruído do gozo.

Tia ele implicou comigo, recordava-se que a dobrava, entrelaçando com o que sobrava daquele ‘v’, encorpado com as voltas que se lhe dava, tornando-se um suplício. Ela extasiada por tê-lo em suas mãos, a textura rústica que o enrijecia como era de seu interesse. Depois o cobria com o preservativo, besuntando com vaselina. Não sem antes açoitar-se. Deixando as nádegas em fogo, prontas para receber seu suplício. A dificuldade para manter sua forma não lhe era problema, intensificava mais o prazer em introduzi-lo em si mesma.

Briga na sala, tia Débora. Ela cavalgava com seus olhos fechados, imaginando os prazeres que sua filha sentia quando espancava aqueles meninos. Ela não aprovava seu comportamento, mas compreendia perfeitamente a competição desleal desses tipos. O desperdício, essa perda para um sexo tão bestial. As coxas estremeciam, toda ela era presa de sensações incomparáveis, nem mesmo sentidas quando acompanhada do pai de Nádia.

Ralhou para que fizessem silêncio e se concentrassem em seus deveres. O sexo intumescido, avolumado pelo desejo, acalmado pelas coxas que se apertavam com discrição por baixo da mesa. Disfarçava o regozijo, mergulhada em leitura de revista, que se interrogada não saberia responder nada do artigo que fingia ler. O sinal do recreio acudiu Débora do apuro de explicar porque sua cadeira estava molhada.

Quando pediu ao faxineiro para limpar seu lugar para a aula à tarde, recorreu a desculpa de flacidez no períneo.

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